sexta-feira, 28 de agosto de 2009

CRIANÇAS E TV: QUAL O LIMITE?


"Canais especiais para bebês? O que virá depois?..."
"Benvindo à TV ÚTERO!"



Sábado passado, pela primeira vez, Caio pediu pra assistir TV: ficou apontando para o aparelho, falando qualquer coisa que eu não entendia direito (acho que ele falava "cacó", querendo dizer "cocoricó") e eu perguntei: você quer assistir filho? E ele: "té assiti". Hã!?!?!?!?!?!?

Recobrada do espanto (afinal, ele não juntava palavras nem pedia para assistir TV até outro dia...), liguei na Cultura, estava passando um desenho bonitinho, de uma família de insetos (não sei o nome, ainda não adentrei completamente o mundo televisivo infantil...) e, pela primeira vez ele assistiu mesmo, bem mais do que o de costume: ficou deitadinho do meu lado, assistindo e 'comentando' em 'bebenês' tudo que se passava no desenho, não parou de tagarelar um minuto! Isso durou uns dez minutos, no máximo. Logo ele se desinteressou da TV e partiu para suas brincadeiras habituais, com bola, carrinhos, fantoches, livrinhos, e em seguida foi para o quintal, brincar com a cachorra e detonar mexer nos meus vasinhos de suculentas...

Resolvi escrever sobre isso aqui, porque foi uma novidade que me marcou bastante, afinal, ele não tinha se interessado muito pela TV até agora (exceto pelo seu fascínio com os controles da dita cuja!), e eu ficava me perguntando em que momento isso aconteceria. De fato, nós nunca o estimulamos a assistir TV (e, inclusive, evitamos conscientemente durante seu primeiro ano): ele ganhou o primeiro dvd do Cocoricó de um casal de amigos no aniversário de 1 ano, e depois ganhou, de outra amiga nossa, um volume do dvd Bebê Mais. Algumas vezes até colocamos para ele assistir, mas ele simplesmente não demonstrava grande interesse, e a gente desligava e ia brincar de outra coisa.

Não que sejamos radicais em relação ao uso da TV; eu mesma já tive minhas fases noveleiras (a última se foi - thanks god - com o término de 'A Favorita'), o Dani curte bem aqueles programas insuportáveis e barulhentos de futebol, e ambos gostamos de ver um seriadozinho aqui outro ali, além de sermos viciados em filmes (e, já que ir ao cinema virou programa raro, o dvd tem resolvido muito bem nosso problema).

Mas, em relação ao Caio, concordávamos que quanto mais tarde ele fosse "introduzido" a essa maquininha simultanamente podre e fascinante, tanto melhor, já que havia tantas outras coisas no mundo, tão ou mais bacanas - mas certamente mais saudáveis - para um bebê menor de 1 ano fazer na sua vidinha que estava apenas começando. Então, simplesmente evitamos, não estimulamos. E ele também não demonstrava interesse, até agora. Claro que algumas vezes colocamos desenhinhos para ele assistir, para ver sua reação; na casa de amiguinhos, também tentamos deixá-lo com as crianças que assistiam; houve até uma fatídica vez, em que, no auge do meu desespero maternal (alguém conhece essa sensação, hein, hein???), coloquei o cadeirão na frente da TV para ver se ele comia alguma coisa (pronto-falei... mas foi só uma, eu juro! pelo menos até agora... rá!): mas ele sempre dispersava, até ficava uns minutinhos encantado, mas logo virava abóbora e mudava de assunto.

Confesso que achava bom. Ele tem tanto tempo pela frente, ainda, para descobrir a TV e tudo de bom e de ruim que ela pode trazer... não há por que apressar. Não acho legal usar a TV de "babá", deixando as crianças horas a fio sob o comando do aparelho - eventualmente, e por pouco tempo, vá lá, pode ser realmente necessário (como registrou a Flá, aqui), para dar um tempinho para as mamis respirarem ou exercerem 'funções domésticas' inadiáveis, desde que seja um programinha escolhido a dedo, e não qualquer porcaria, simplesmente para matar o tempo.

Temos vários amigos (e também li algumas mães blogueiras falando sobre isso, como a Paloma, mãe da Ciça) que optaram por não deixar as crianças, até certa idade, assistirem TV, mas apenas dvds com alguns desenhos e programas mais bacanas, fugindo, dessa forma, da invasiva e abusiva publicidade destinada ao público infantil. Uma outra amiga (aê Ju, meu exemplo!!), que tem um filhote hoje com 7 anos, sempre limitou a quantidade de TV diária que ele assistia, e isso passou a incluir, mais recentemente, o uso do computador - ela e o pai definiam horários mais adequados e uma quantidade limite de TV que o pequeno podia assistir ao longo do dia e, dessa forma, foram construindo nele, também, um entendimento e uma responsabilidade com suas atitudes: às vezes ele pedia para trocar um horário pelo outro, pois sabia que ia passar algo que ele gostaria de assistir mais tarde, ou trocava o horário que ele poderia ver TV por mais um tempinho no computador. Não sei como isso está agora, com o filho na pré-pré adolescência (rá!), mas até bem pouco tempo atrás parecia funcionar, e bem.

Acho que não há uma fórmula, e cabe a cada família encontrar a melhor forma de lidar com a - praticamente inevitável - presença da TV em nossas vidas e de nossos filhos (até um mestre de capoeira que admiro muito, que pratica o rastafarismo e radicalizava na proibição do contato de suas crianças com a TV, se viu obrigado a render-se a ela quando seus filhos passaram a frequentar a escola...). O desafio é encontrar o limite, a medida para evitar a super-exposição dos filhotes a apelos consumistas e mensagens duvidosas (e muitas vezes ideológicas, sim!) que podem estar presentes em certos canais e programas destinados ao público infantil.

Essa minha reflexão talvez seja um pouco precoce - meu filho não tem nem 1 ano e meio - mas foi inevitável: fiquei pensando em tudo isso desde o momento em que o pequeno pronunciou a terceira ou quarta expressão de sentido de sua vida, aquele "té assisti" tão bonitinho e inocente. É isso que dá botar filho nesse mundão-de-meu-deus... agora aguenta!!!

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(e, mais uma vez, a Taís, do Ombudsmãe, que é mãe escolada de três meninões, contribuiu lindamente para minhas reflexões de aprendiz de mãe, com um post sobre as "Crianças eternamente plugadas" , publicado há dois dias atrás, seguido desse outro, fresquinho, com uma dica de filme sobre o assunto e afins. Recomendo.)

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imagem retirada desse post da Marcia, do blog Ser Mãe na América, em que ela comenta os resultados de uma pesquisa americana sobre a influência da TV no desenvolvimento de bebês.

15 comentários - clique aqui para comentar:

Bi disse...

Oi Thaís, não posso deixar de comentar o fato invasivo e terrível que é a televisão na primeira infância 0 a 6 anos), aliás é a fase em que a criança tem aguçadíssima toda a forma de percepção e a TV vai minando com força total nossas percepções, quem dirá a da criança ... pois é, mas o Raul gosta de vários desenhinhos e eu sempre assisto com ele. Foi uma forma de compartilhar esse momento junto com ele e tirá-lo da passividade de encarar a TV de forma tão hipnotizante hehe. Sabe que tem um Programa no canal Discovery Chanel, chamado Mr. Maker (O Raul adooora) e foi a partir de um episódio deste que ele se interessou pelas formas geométricas. Elas dormem e ele as acorda com um espanador e depois elas dançam e voltam a dormir. Hoje ele já sabe as formas e ainda pergunta: Cadê o losango?? A gente conversa bastante, comentamos os desenhos e sinto que é legal para nós dois.

Dany disse...

Thaís, há uma pesquisa que diz que as crianças (brasileiras)passam de 4 a 5 horas por dia assistindo TV. Muito né? Bem, tb não concordo em abolir a TV da vida delas, pois isso seria abafar as crianças na ignorância, pois os coleguinhas assistem e comentam sobre desenhos e tal. Acho que os pais deveriam estar junto delas para acompanhá-las e comentar esse bombardeio de informações (algumas vezes equivocadas). O problema é que muitas vezes os pais trabalham e não podem cumprir essa função de estar perto e orientar. O que mais me preocupa, na verdade, é que em outras ocasiões os pais estão, mas tão calados e extasiados diante da TV quanto os próprios filhos.
Beijocas!

Paloma disse...

A Isa gosta muito de ver seus DVDs, e a TV faz um pouco parte da rotina da casa. Mas vemos com moderação. Em dias gostosos, brincamos bastante. Mas, em dias chuvosos, me permito ficar abraçada com ela no sofá, assistindo um bom desenho. Acho que cada família acha um caminho. Sem exageros, não vejo grandes problemas. bjos
Paloma e Isa

Paloma Varón disse...

Thaís, voltar a este tema é sempre oportuno. Porque ver TV em excesso (e sem a mediação de um adulto) não é só o ato em si, mas uma forma de indução ao consumismo desenfreado, à precocidade no vestir, no gestual.
Depois os pais reclamam: "ah, mas a minha filha só quer tênis de tal marca". Por que será, né?
Eu acho que é importante saber disso para decidir como e o quanto de TV se assistirá em casa. E o bom senso tem que ser dos pais, uma criança não pode decidir isso sozinha.
E, olha, qual mãe já não tentou dar comida em frente às TV? Mea culpa total!! [Mas pelo menos aqui não tem publicidade no meio da comida, hehehe]

Christianne disse...

Pois é, Thaís, não há fórmula, mesmo, mas confesso que aqui em casa, aos 3 anos e 8 meses, João Marcelo assiste DVDs que passam primeiro pela nossa triagem. E ele tem dias para assisti-los. Por aqui, só às segundas, quartas e sextas. Sábados e domingos, nem pensar. São dias para passearmos, ficarmos juntos, inventarmos brincadeiras. Não sei se é a forma ideal, mas acho que a passividade a que a TV ou o vídeo, de maneira geral, nos submete não é saudável mesmo. O que nos resta é tentar estabelecer um limite de acordo com a rotina de cada família.

Mãe aprendiz disse...

Por isso estou amando esses blogs... A cada dia a gente aprende mais, ainda mais para uma mãe como eu que aprendo sempre nesses blosg maravilhosos. Achei otimo seu texto sobre a Tv... ,ainda vou passar por essa fase, pois meu pequeno tem 6 meses e ainda nao ta entendendo direito o que é uma televisão,mas penso que tudo tem que ter bom senso, ainda muito cedo para TV..,vamos ver até quando...eu consigorssss Beijosss

Flavia disse...

Aqui em casa a TV (leia-se DVD.s) faz parte da nossa rotina. Nunca por horas a fio, mas por exemplo, naquela boba no fim da tarde, que ele já brincou, almoçou, dormiu, jogou bola, cantou, dançou, ouviu histórinhas, tomou banho de piscininha, entre mil outras cositas mas e esta esperando ansioso (hahaha) enquanto eu faço seu jantar. Nessa hora eu costumo colocar um desenho, que ele vê atentamente durante 10 minutos, ou até o papai chegar ou a cachorra se levantar ou uma mosca passar por alí.
Tem desenhos educativos e lindinhos, e acho que alguns minutos de tv, algumas vezes por semana pode ser até saudável. (pelo menos pra mim, algumas vezes, esses minutinhos são super necessários).

bjs

Patrícia Moreira disse...

Eu sou mega viciada em TV, fica acordado do momento em q acordo até a hora de dormi, isso pq as vezes durmo vendo tv. Acho q vai ser complicado minha filha ficar longe da Tv ou computador, mas acredito q qualquer criança prefere brincar com outras do q ficar vendo TV sozinha, então não me preocupo muito com isso.

beijos =****

Mãe do Pitoco disse...

Thaís, na minha opinião, a gente não deve confundir o meio e a mensagem. hehehe
O meio, no caso a televisão, não é um mal em si. O problema está na mensagem, consequentemente, o problema está na NÃO existência de orientação dos pais quanto ao que o filho pode ver e por quanto tempo.
Não vejo mal algum na televisão, na internet, no video game. Ao contrário, acredito que há muita coisa boa sendo veiculada em todos estes meios, desde que saibamos mostrar à criança o que ela pode assistir, e cultivemos nela um senso crítico desde pequena, ela mesma vai desenvolvendo sua capacidade de escolher com consciência o que quer ver, ler ou ouvir.
O livro, por exemplo, a princípio, é um ótimo "educador", amigo das mamães zelosas pelo bem-estar e desenvolvimento dos pequenos. Porém, todas sabemos que não são todos os livros que transmitem mensagens educativas. Ao contrário alguns apenas distorcem ou não acrescentam nada de valioso para nossos lindões.
Portanto, nada substitui, ao meu ver, uma boa orientação dos pais desde que são pequeninos. É por meio desta orientação que ele saberá, mesmo quando não está na proteção do seu lar, o que é bom e ruim para si, fundamental para o desenvolvimento de sua autonomia.
Eu não sei se soube me expressar como queria, mas o negócio é: tv pode, no meu ponto-de-vista, desde que sempre sob orientação dos pais, para que os pequenos desenvolvam a noção de senso crítico fundamental para seu bem viver e independência.

Ui, escrevi à beça! Mas é que gosto deste tema. hehehe

Beijos nos dois.

Renata disse...

Adorei o post e adorei os comentários. Como sempre, cada família encontra o seu equilíbrio e a melhor maneira de lidar com cada assunto. Eu não sou radical contra a TV não...não deixo o André assistir todos os dias e nem por muito tempo, já que procuro inventar várias atividades, mas de vez em quando coloco o DVD do cocoricó e ele AMA! Fica apontando com a mãozinha, rindo, dançando...uma fofura. E aí a gente levanta, dança junto, eu mostro a galinha, o sapo, o papagaio, o cavalo e ele vai aprendendo os bichinhos. Encaro como uma outra brincadeira qualquer!
Um beijinho, Re

Ana Paula - Journal de Béatrice disse...

Ola!! Aodrei o seu blog e vou acompanhar!! Adorei o seu recadinho la no Journal e apareça sempre para trocarmos figurinhas!
Esse seu post rendeu uma boa conversa aqui em casa no hora do almoço! Comentei com o meu marido qto o assunto tv e Béatrice qdo ela entender que ha alguma coise de interessante no aparelho que fica na sala. Tb queremos que outras atividades sejam mais importantes que a tv e que o acesso seja limitado. Logico que ela tera os seus dvds e sei que vou acabar assistindo alguns junto com ela (sou suspeita para falar alguma coisa, pois sou uma criançona, curto um desenho animado!), mas gostaria que prevalecesse o bom senso. Nao acho legal, em absoluto, a criança ficar o tempo todo (eu disse o tempo todo) na frente da telinha, fazendo desta a sua atividade predileta. Beijo grande e otima semana!

Thaís Rosa disse...

mulheres, simplesmente tô amando essas respostas. muito bom saber como cada família lida com esse dilema da quantidade e da forma de ver TV dos filhotes. acho legal a idéia de assistir junto (que é o que faço aqui também), de interagir com o programa, de transformar em uma brincadeira junto com eles. a questão da mediação pelos pais também é fundamental: o que será visto, em que momento, por quanto tempo, além de conversar com eles sobre o que está sendo visto, achei bem bacana isso. a proposta de investir mais nos dvds também alivia o bombardeio de publicidade, é uma boa alternativa.
Aprendi muito com vocês, queridas!!
beijos, e com certeza esse papo ainda vai render bastante, conforme o pequeno for crescendo...

Tais Vinha disse...

Oi Thaís, que sintonia a nossa, não? Pois é, pelos comentários dá pra ver que o assunto é polêmico. Eu mesma já me rendi muitas vezes à babá eletrônica. Mas hj tenho tentado controlá-la melhor, porque senão, toma conta. O duro é quando entram em cena videogames e computadores. Aí vc vai ver que luta de Davi contra Golias! Muito obrigada pela indicação. Vc se diz minha fã, mas a verdade é que o sentimento é recíproco. Beijos!

BLOG DA GRÁVIDA disse...

Adorei o que você escreveu, pois tenho muitas dúvidas em relação a isso. Esses dias tenho recebido muito a mesma dica: coloque a cadeira de amamentação perto da TV, por que você ficará horas sentada nela e é bom ter uma distração. Será que é uma boa??? Será que isso já não vai habituar o bebê a gostar daquele barulho, daquele brilho..? Não gosto muito de assistir TV, então não tenho motivos pra incentivar o meu filho a gostar desde cedo... Decidi colocar um aparelho de som perto da gente, pra ouvirmos música juntos... tomara que dê certo... são planos, por enquanto. Depois vou ver na prática se isso funciona.

Letícia Volponi disse...

assunto difícil, a gente tb ecitou por um tempo e, na verdade até pouco tempo atrás a Laura não dava muita bola. Hoje ela pede para ver alguns desenhos específicos: willa e os animais e charlie e lola, principalmente, mas não fica muito tempo não... O negócio dela é mesmo brincar...