Esse fim de semana que passou foi minha prova de fogo no maravilhoso mundo de mãe-de-dois (minha admiração eterna às mães de 3 - a minha!, de 4 - minha sogra!, e daí em diante...). Pretendo registrar esse aprendizado em post em breve, já está no rascunho (rá!).
Mas o fato é que foi um fim de semana agitado, foi meu aniversário, teve festa junina da escolinha do Caio, marido estava organizando evento de cultura popular, eu sozinha com as crias, várias atrações bacanas pra ver... Passamos o fim de semana, de sexta a domingo, fazendo várias coisas fora de casa. A maioria delas na organização em que trabalhamos, a Teia, onde o evento estava acontecendo.
Daí que domingo a programação foi longa, principalmente pro Dani e pro Caio, que foram já de manhã pras atividades. Eu e Nuno chegamos na hora do almoço. Apresentação vai, apresentação vem, criançadas brincando, Caio por vezes grudava em mim e no Nuno, mas a maior parte do tempo seguia brincando loucamente por lá.
Lá pelas tantas, ele encontrou uma bolsinha bonitinha de uma amiga nossa, abriu e achou lá dentro um mini relâmpago macqueen (eu não vi nada disso, a partir de agora conto com os relatos do marido). Pegou e foi brincar escondidinho perto de umas bananeiras. Marido viu, descobriu de quem era a bolsinha (de uma amigona nossa), ela liberou que ele brincasse com o carrinho da filha. Dani foi lá, conversou com Caio, explicou que não podia mexer nas coisas dos outros e tal, e disse que ele podia brincar com o carrinho até que a Manu (ou sua filhinha Lara) pedissem de volta. E ele continuou brincando escondidinho.
Em seguida, Dani me contou o que tinha rolado, eu fui lá, conversei com ele, reforcei o que Dani tinha dito e o chamei pra sair de lá, que ele não precisava ficar escondidinho, que a Lara tinha emprestado o brinquedo pra ele. Ele veio, comeu, brincou, mas continuava se esgueirando pelos cantos, meio que fugindo da hora de devolver o brinquedo. No fim do dia, começou a escurecer, o pessoal dos grupos que se apresentaram começou a ir embora, e eu comecei a ficar mais de olho no Caio, porque vira e mexe ele sumia. Mas Dani tava sempre de olho nele, e relaxei, fui pra um canto mais sossegado dar mamá pro Nuno, descansar e prosear um pouco.
Estava bem relaxada quando Dani entra com o olhar mais desesperado que já vi e me fala: Thaís, eu já tô há uns 10 minutos procurando o Caio e não encontro. Só de escrever sobre isso meu coração já paralisa, da mesma forma como aconteceu no dia: MEU CORAÇÃO PAROU POR UM INSTANTE, tenho certeza. E, em seguida, começou a bater de forma tão, mas tão acelerada, que eu mal conseguia respirar. Levantei e saí feito louca, comecei a chorar imediatamente, e saí desembestada a gritar por ele: Caio, cadê você filho?
CAIOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOFiquei LOUCA DE VERDADE, foi uma sensação indescritível de DESCONTROLE TOTAL. Uma DOR INSANA NO PEITO. Várias pessoas ajudando a procurar, lembro de flashes delas me dizendo: ele entrou ali, eu vi, ele só pode estar escondido ali, não tinha como ele sair sem eu ver... Eu fui até o local, chamei, gritei, e nada... Fui ficando ainda mais desesperada: impossível que ele tenha se escondido, que ele esteja escondido todo esse tempo, e ninguém o encontre, e ele não responda aos chamados... Eu só pensava que alguém tinha levado ele, ou que ele teria entrado atrás de alguma criança nos ônibus dos grupos... Saí correndo pra rua (DETALHE: TUDO ISSO COM NUNO DORMINDO NO SLING), chorando, gritando, não sabia se ia pra uma esquina ou pra outra... Aí me dei conta que Nuno estava comigo, que era insanidade demais sair pela rua, já tinha outras pessoas ali procurando... Voltei e continuei a chorar, passava pelas poucas pessoas que ainda estavam ali (todas amigas e da produção do evento) e dizia: o Caio sumiu, o Caio sumiu....
E, nesse momento, vejo as pessoas acenando pra mim lá de baixo, do lugar onde ele supostamente estaria escondido... Vejo Dani vindo com ele no colo.... Despenco no degrau e começo a chorar compulsivamente... Meu filho estava ali... Ele vem com uma carinha de susto e de arteiro, Dani diz: "Olha o jeito que sua mãe ficou, filho, não faz mais isso!" Ele estava escondido atrás de um armário, ficou ali quietinho só pra não ter que devolver o carrinho......
Chorei, chorei, abracei o Caio, dei mamá pro Nuno, tentei me acalmar e conversar com ele, entender o que tinha acontecido... E ele, com uma carinha de envergonhado, meio sorrindo meio chorando, me abraçou como querendo se esconder de novo e devolveu o carrinho pra amiga meio contrariado... Ficamos ali, abraçadinhos, mas o Nuno estava no sling, tentei ajeitar ele no colo e ele começou a chorar muito também, acho que por ver como eu estava, por ter devolvido o carrinho, por não ter meu colo só pra ele, por não entender direito toda a situação...
Eu já havia aprendido o quanto dói ser mãe. Mas essa FOI A SITUAÇÃO MAIS DIFÍCIL E DOÍDA DE TODA A MINHA VIDA, ter meu filho desaparecido por apenas alguns minutos. Pensei que isso vai me acompanhar por toda a vida, imaginei as mães que têm seus filhos realmente desaparecidos, ou mortos... É, sem dúvida, A MAIOR DOR DE TODAS.
Eu fiquei literalmente insana. Depois, voltando ao normal, mal conseguia encarar as pessoas que viram aquele meu desvario. Poucas delas tinham filhos, pra entender aquele estado de insanidade em que estive.
Passado o susto, Caio permaneceu manhoso, querendo minha atenção. Brinquei um pouco com ele, dei suco e convoquei o pai a irmos embora. Caio estava visivelmente esgotado, de cansaço físico e emocional. Viemos conversando com ele sobre o ocorrido, tentando entender melhor, e explicando as coisas pra ele. Ele ouviu tudo com atenção, disse que não iria mais fazer aquilo, pediu um carrinho igual ao da amiga e capotou na cadeirinha do carro.
Eu e o pai ainda fomos dar banho e pôr Nuno pra dormir e, depois, conversar um pouco pra colocar as ideias e emoções nos eixos, entender onde poderíamos ter intervido antes de chegar àquela situação, agradecer por não ter sido coisa pior....
O fato é que esse dia me marcou pra sempre, e dor que eu senti e o estado de insanidade em que estive ainda pulsam em mim, como uma espécie de alerta. Ser mãe agora dói ainda mais.
22 comentários - clique aqui para comentar:
NOSSA, fiquei com o coração apertadinho só de ler seu post. que susto hein?!? ainda bem que está tudo bem, apesar de ter sido uma arte de criança o susto fica mesmo... bjs pro Caio e para o Nuno tbm e pra vc!!!
Menina, que sufoco! Que bom que td terminou bem...
Nossa, me deu vontade de chorar com seu desespero. Que dor deve ser! Mas essas coisas ocorrem pra gente aprender com a experiência, não é? De qualquer forma, parabéns pelo aniversário e pela família linda.
Thais,
Fiquei sem ar aqui. Graças que tudo acabou bem e eu agiria da mesma forma insana que vc descreveu. QUe susto! Acho que foi uma grande lição para o Caio tb. : (
Beijo grande
Medo do dia que não vou ter certeza absoluta de onde o Benjamin está. Agora ele tá sempre aqui na barriga, né? =[... Fiquei sem ar também, e quase chorei. E mesmo assim, sei que não dá para ter ideia do que você sentiu.
menina, que susto hein. Cheguei a chorar imaginando a situacao, q bom q td acabou bem.
Nossa, chorei só de pensar na sua situação. Loucura isso de mãe, a gente se desespera MESMO. Não tem jeito, pra mãe é tudo intenso demais, amor demais, dor demais, tudo demais. Que bom que terminou tudo bem!
Thaís, querida, que coisa, hein?
Menina, passei por uma parecida (mas muito menor) neste domingo e, é claro, somatizei. Tive uma crise de asma que não passou nem com a alopatia mais braba e uma insônia terrível. Isso porque fui a uma feira grande com as meninas e o meu sogro. Ciça pediu para chupar um picolé e eu a deixei com meu sogro na sombra de uma árvores para passar nos stands para pegar cartões de marceneiros. Pedi que não saíssem de lá, que eu logo voltaria.
Meu sogro saiu e nos perdemos, claro. A feira era enorme, o sol estava a pino, Cali chorando (ela odeia sol na cara), era hora de ela comer... foi o caos. Rodei a feira inteira, deixei recado com todo mundo e sempre voltava para o ponto de encontro, na esperança de ele se tocar da merda que tinha feito e voltar lá (patra mim, é óbvio que, se vc não achou quem procura, vc volta ao ponto de encontro). Mais de 40 minutos depois, eu os encontro em outro lugar. Ciça aos prantos também, porque queria me ver. Eu fiquei puta, mas o sogro não entendeu. Não coloco isso no blog por motivos óbvios, mas só de lembrar meu coração fica apertado. E isso porque ela estava com o avô.
Ela ficou traumatizada, chorou muito e toda hora fala nisso. E ainda perdeu de ir ao parque, que era o segundo programa, caso não tivéssemos nos perdido.
Por isso posso imaginar como vc se sentiu. E espero que nunca mais tenhamos de passar por isso.
Beijos
Nossa, Thaís... seu post mais parece relato de pesadelo. Já sonhei muito que perdia minha filha! Acho que é mesmo o maior medo de toda mãe. Imagino seu sufoco, sua dor e seu alívio quanto tudo acabou. Ufa!
bjs
Fabiana
http://2-ao-quadrado.blogspot.com
Nossa Thaís, que susto! Dá pra imaginar seu desespero... Essas crianças fazem cada travessura que nos deixa de cabelo em pé!
Mas que bom que não passou de um susto, que ele entendeu a traquinagem. Que nunca mais passem por isso!
bjos
Sarah
http://maedobento.blogspot.com/
Thaís, você acredita que meus olhos encheram de lágrimas ao ler seu post?
Me imaginei no seu lugar, o desespero que deve dar.. MEU DEUS!
Mais gráças á Deus, não passou de uma travessura.... gráças á Deus!
Fica bem!
Bjs.
Thaís do céu, chorei só de ler o seu relato!
Deve ser realmente desesperador, tomara que isso nunca mais aconteça!!!
Chorei!
Sinto muito pelo que aconteceu. O importante é que tudo acabou bem.
Um beijo,
Dani
Thaís amiga, pelo amor de Deus ! Que isso nunca mais aconteça com você!! Me dói também só de imaginar....beijo
Deu pra sentir um pouquinho da sua aflição ao ler o texto...ser mãe realmente dói...ainda bem que não passou de um grande susto e o caio está aí pertinho para apaziguar seu coração.
Bjos pra vcs! Adorei e me identifiquei com seu blog.
Menina, já fiquei angustiada só de ler esse texto e realmente não posso imaginar como deve ser passar por essa situação. Uma dor no peito só de pensar nisso.
E é claro que o Nuno ficaria agitado também, eles sentem tudo, sentiu a sua angústia e ficou angustiado também.
Que bom que acabou tudo bem!!!
beijos pra vcs!
(Peraí, me deixa enxugar as lágrimas...)
Essa semana, enquanto eu estendia roupa no varal, a vizinha de cima arrastou um móvel, MAS eu achei que era meu bebê engasgando no berço... foi o suficiente para, depois de correr até o berço e vê-lo dormindo, começar a tremer de susto!
Puxa, quanto amor somos capazes de sentir, não?
Obrigada por compartilhar!
Menina, outro dia eu passei um susto desses e parecia uma louca chamando o Nícolas dentro duma Clínica de vacinação. Foram apenas alguns segundos, mas para mim pareceu uma eternidade. Realmente,passar um susto desses deixa-nos completamente desesperadas, só quem é mãe sabe o que é.
Oi Thais! Estou voltando aos pouquinhos, ainda de leve, sem muito ânimo.
Passei para te agradecer pelo carinho lá no blog e me deparei com esse seu texto. Guria, que sufoco vocs passaram! Ainda bem que tudo se resolveu, mas fiquei aqui imaginando a dor que vcs sentiram naqueles poucos minutos sem saber do Caio.
Eu me lembrei de uma professora minha da faculdade que havia saído desesperada do departamento porque o marido havia ligado avisando que o filho e a baba haviam sumido. Ela enlouqueceu, eu me lembro, saiu chorando gritando desesperada! Na época, nos meus 20 anos, achei aquilo tudo muito louco, hahaha, hj entendo perfeitamente o que ela sentiu.
Beijos querida!
Estou adorando aprender a ser mãe de dois com vc.
Nine
Meu Coração parou com o seu relato. Não imagino mesmo um medo assim tão grande!
Mas não fique se culpando muito tbm não. Temos que tomar cuidado, e muito cuidado, mas não somos super mulheres.
Realmente ser mãe tem suas dores enormes!
Bjos
www.devaneioslunares.blogspot.com
Nossa Thaís, perdi o ar junto com você.
Já passei por uma situação assim e faço coro com você pra dizer que foi horrível, traumatizante. Foi tão traumatizante que até hoje não gosto de tocar no assunto. Difícil mesmo.
Minha mãe conta que aconteceu isso uma vez com ela: meu irmão desapareceu (só que estavam dentro de casa e derepente o menino sumiu). Se desesperou, procurou, procurou. Foi acha-lo debaixo da cama. Dormido. Agora a gente ri, mas consigo imaginar o desespero dela na hora.
Grande beijo pra vocês
Thaís, passei por uma dessas quando a Nina era pequena. Só que o susto foi uma janela de um terceiro andar escancarada e uma menininha que não respondia. Não tive nem coragem de chegar perto da janela e já caí no chão e ela, escondidinha, arteira, no banheiro da casa, mexendo nas coisas. Aff! Passei uma semana pra me recuperar. Dói, dói mesmo.
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