Aproveitando que o sono dos pequenos é "tema do momento" no blog (em função do sorteio que está rolando aqui até terça), e que eu fiquei "devendo" contar um pouco sobre a rotina de sono do Caio no post anterior, aqui vamos nós (preparem-se, porque eu me empolguei e o post ficou compriiiiido...). Esse assunto é um tanto "polêmico" para mim, por dois motivos meio ambíguos: primeiro, porque o estabelecimento de rotinas para o Caio é uma das minhas "nóias de mãe" - como eu já falei aqui e o maridão comentou aqui; segundo, porque eu tenho uma super dificuldade em manter qualquer rotina (não apenas com o Caio) por mais de uma semana (rá!)... sempre acontece alguma coisa para mudar a toada: um passeio, uma viagem, uma visita, uma reunião fora de hora...
O fato é que rotina nunca foi o meu forte (nem o do Dani), e talvez por esse motivo eu tenha tido tantas nóias em relação a isso quando o Caio nasceu: eu queria nos forçar a estabelecer UMA rotina. Mas nada como a experiência - e uns puxões de orelha do super papai! - para situar a aprendiz-de-mãe aqui: descobri que rotina só funciona se for adequada para o ritmo de vida da família; que não adianta impôr uma rotina ao bebê pois é ele quem determina seu próprio ritmo; que é importante, sim, criar algumas referências de horário e atividades, mas que a rotina não deve ser uma camisa de força que transforma a vida em uma grade de tarefas chata e monótona. Pena que eu demorei um pouco para entender isso, mas antes tarde que mais tarde, né?
De todo modo, no meio dessa ambiguidade toda, eu fui achando meu jeito de ir auxiliando o Caio na construção do seu dia-a-dia. Me deixando levar mais pela intuição, percebi que prestar atenção no pequeno e no seu ritmo próprio seria uma boa forma de ir encontrando os momentos certos para o banho, as sonecas, as mamadas, os passeios, depois as brincadeiras, as papinhas e por aí afora. Fomos na base da tentativa-e-erro mesmo: "será que é melhor dar banho de manhã, no fim da tarde ou à noite?" Experimentamos e descobrimos o que era melhor para o NOSSO filhote - banho à noitinha, antes de dormir. "E o mamá, tem hora certa?" Apostei na livre demanda: Caio dizia quando queria mamar. Introdução dos alimentos, meu maior desafio como mãe: "devo insistir para meu bebê comer mesmo quando ele não demonstra vontade?" Depois de crises de ansiedade por conta dessa mania de querer impôr a tal da rotina, relaxei e a coisa fluiu, no tempo do meu pequeno, já com quase oito meses (embora algumas vezes o momento do papá ainda me deixe bastante tensa...).
E, com relação ao sono, não tem sido diferente. De certa forma, o Caio mesmo foi definindo seus horarinhos de dormir, tanto de dia como de noite (e quando eu tentava "impor" algum ajuste de horário, simplesmente não funcionava!): quando era bebezico dormia super cedo, por volta de 19hs, depois passou um tempo dormindo bem mais tarde, lá pelas 21, 21:30hs até chegar no horário atual, por volta de 20:30hs. Acho que um grande desafio, como mãe, é aprender a ler os "sinais" do pequeno, e conduzir as atividades e rotinas seguindo esses sinais...
Na verdade, nos primeiros oito meses do Caio (mais ou menos, que não sou muito boa de datas), ele quase não deu trabalho com o sono. Desde bebezico ele dormia muito bem tanto de noite como de dia, acordava pouco e só para mamar, foram raríssimas as madrugadas em claro - cabem nos dedos de uma mão. Então, até aí não tinha muito segredo: era mamar e dormir. O banho pré-sono introduzimos lá pelo quarto mês, se não me engano, antes disso achávamos que o banho despertava o pequeno.
Mais ou menos nessa época, quando ele começou a ficar mais ligadão no mundo, a querer brincar mais e coisa e tal, tivemos um pouco de dificuldade com as sonecas do dia. Ele brigava muuuuuito com o sono, e dava uma certa canseira. Mas eu sempre dizia: prefiro ele acordado de dia que de noite. E assim era. Se a coisa ficava muito punk durante o dia, um bom passeio de carrinho quase sempre resolvia – minha preocupação era garantir que essas sonecas do dia acontecessem, ajudá-lo a relaxar e dormir também de dia, porque eu sabia que, além de ser importante para o seu desenvolvimento, essas sonecas eram determinantes para ele dormir bem também à noite (contrariando todos que diziam "ih, hoje a noite promete" quando ele dava uma boa dormida de dia...).
Me lembro que a pergunta mais recorrente nos primeiros meses do Caio era: “ele dorme bem à noite? dorme a noite inteira?” (tenho certeza que também aconteceu com vocês: é muito engraçado esse universo pós-bebês!). E, no início, respondíamos, orgulhosos: "nossa, ele dorme super bem, nenhuma madrugada em claro!" Quando ele começou a dormir a noite inteira, por volta do quarto mês, decidimos não ficar comentando, para não "gorar"... rá! Mesmo com essa precaução (!), a alegria durou pouco, foram quinze dias de brinde e só. Mas levamos numa boa, já que ele voltou para o seu ritmo normal, acordando de uma a duas vezes por noite, e nós achávamos uma benção. Nessa época, sempre que íamos à pediatra ela perguntava sobre o sono dele, eu dizia que era ótimo e ela me alertava (na época eu achava meio "urubuzento"da parte dela, mas hoje vejo que ela queria me preparar, vendo minha ingenuidade de aprendiz... hoho): "toda criança, em algum momento, vai dar trabalho à noite - têm os dentes, as doencinhas... mas isso é normal, não crie muita expectativa em relação ao sono do seu bebê, esteja preparada para isso".
Então aconteceu. Por volta do oitavo ou nono mês - coincidência ou não, justamente quando começou a comer pra valer - Caio passou a acordar mais e mais de madrugada: dentes, adaptação à nova alimentação, vontade de compensar à noite o que ele mamava menos de dia, "ansiedade da separação", viagens e festas de fim de ano... Eram inúmeras as minhas tentativas de interpretar e entender o que se passava. E o bichinho acordando a cada duas horas na madrugada, só querendo mamar mamar mamar... e eu me tornando um trapo humano. Aí, de repente, tudo voltou ao normal. Assim, sem mais nem menos. Passaram uns meses e, logo após completar um aninho ele embarcou em uma "virose" infinita. E dá-lhe acordar de madrugada, querer mamar a noite toda. Para piorar, quebrei o braço, e aí é que a rotina foi para as cucuias: como eu não conseguia tirar e pôr ele no berço, durante esse período da virose ele dormiu praticamente todas as noites comigo na cama de casal, mamando a noite inteira. Eu não aguentava mais. Então ele foi melhorando, e fomos retomando um pouco nosso ritmo antigo, com maior participação do papai. Caio voltou para seu quartinho, mas continuava acordando muito. Montamos um revezamento na madrugada, ele começou a acordar menos para mamar, foi voltando a dormir sozinho, como antes, e retomou seu ritmo antigo de uma ou duas acordadas na madrugada, até que decidi desmamar de madrugada (assunto que retomarei logo mais).
Na marra, aprendi que não existe uma rotina única e linear de sono para meu filho: a cada fase do seu desenvolvimento, a cada momento da vida – que é cheia de imprevistos! - as rotinas vão se adaptando, se ajustando aos acontecimentos. Tenho tentado equilibrar nosso cotidiano e a rotina do Caio da melhor maneira possível, mas sem nos privar das delícias da vida, que muitas vezes são incompatíveis com uma rotina muito rígida.
Então, aqui em casa posso dizer que temos uma “quase-rotina” de sono para o Caio, que é mais ou menos assim: no fim do dia ele janta e depois é o nosso momento de brincar em família, com todo mundo em casa – a hora preferida do Caio! (eu tento fazer um momento de brincadeiras mais tranquilas, para ele ir desacelerando, mas nem sempre o pai colabora... às vezes rola uma tamborzêra nessa hora... rá! e eu quero morrer...); quase sempre, no meio da diversão, o pequeno faz um cocozão; então, é a hora de darmos um banho bem gostoso nele (e aí não tem muita rotina não, cada dia é um de nós que dá, da forma que estiver a fim ou que achar que o pequeno vai curtir mais: na banheirinha, numa bacia dentro do box, sentadinho em placas de eva debaixo do chuveiro, no nosso colo...), que pode ser mais ou menos demorado, dependendo do grau de sono que o bichinho já estiver, mas sempre tem brincadeira também! Depois do banho, até há pouco tempo atrás era trocar, mamar e capotar. Mais recentemente, introduzi a massagem (que eu sempre fiz nele, mas não rotineiramente e nunca depois do banho, que era o único momento que ele não gostava, ficava irritado porque já estava com sono): ele tem adorado, relaxa muito! Saímos do banheiro com ele já trocadinho, de dente escovado, no ponto para dormir: é hora de dar boa noite para o papai, para quem mais estiver no local, para os brinquedinhos, para qualquer coisa que ele resolva querer nessa hora... Vamos para o quartinho dele, às vezes ponho uma musiquinha suave, às vezes canto, às vezes ficamos em silêncio profundo (vai do nosso espírito – meu e do Caio - no dia!), aí é mamá e cama!
Aos poucos, estamos introduzindo novos elementos nessa rotininha de dormir: primeiro foi a massaginha, algumas vezes temos ofertado um copinho de leite antes do mamá, começamos a contar uma historinha depois do banho, enfim, estamos experimentando novas coisas para ir desvinculando – gradativamente – apenas o mamá – e a mamãe - como marco da hora de dormir. Mas como tudo em se tratando de bebês e crianças, este será um processo lento, tranqüilo e no tempo do Caio.
Acho que esse é o grande barato da história para mim, o que eu mais tenho aprendido nos meus 15 meses (já!) de maternidade: nada é definitivo nesse mundo dos bebês, há que se ter muuuuuita paciência para aceitar e enfrentar bem aqueles momentos em que parece que eles "regridem" e que não há rotina que resolva... (embora nem sempre o autocontrole funcione, não é, mães? É difícil admitir, mas há menos de uma semana tive um “surto” na casa dos meus pais em plena madrugada... afe!). E, principalmente, cada criança tem um tempo e um modo de ser, não existem rotinas prontas e fórmulas mágicas que funcionem para todas (não, eu não li Nana Neném, Encantadora de Bebês e cia), mas é muito bacana trocar experiências com outras mães e pais (eu preferi esse caminho, embora tenha lido outros livros também) para entender melhor a fase do meu bebê e encontrar as soluções mais adequadas para nós.
Daí que, para por um fim neste post interminável - e talvez um pouco confuso? - concluo dizendo que rotina é bom, mas não precisa virar uma nóia (pena que eu sempre me esqueça disso...). E quanto melhor eu souber lidar com as quebras na rotina, melhor também o filhote aprenderá a lidar com isso, sem que viremos “escravos” nem do mamá e nem de tal música, tal bichinho ou tal rotina para que ele durma... Mas isso ainda é um aprendizado por vir, e já é assunto para outro post...
linda imagem, encontrada aqui. ("Bebê" - acrílico sobre tela de Juliana Duclós)
8 comentários - clique aqui para comentar:
Parabéns pelo post! Lindo, emocionante e totalmente descomprometido com o que rola por aí em termos de "obrigações de mãe". Odeio esta história de "tem que isso... tem que aquilo". Bebês não são máquinas, são pessoinhas, como nós, cheias de fases, de adaptações e readaptações. Quantas vezes já nos matriculamos em uma academia e 1 mês depois já estávamos dando várias desculpas para não voltar. Inúmeras... como então exigir de um bebê, que é puro instinto e busca por prazer, que ele siga uma rotina espartana? Acho loucura as pessoas que ficam neuróticas com esta ou aquela recomendação do livro, da mãe, da sogra, da cunhada. danem-se os outros. Quando uma mãe olha para seu bebê e procura entendê-lo, cria-se um elo único e insubstituível. É o que Winnicott chama de mãe "suficientemente boa", um conceito lindo que muito me ensinou sobre maternidade. Ou melhor, não quis me ensinar nada, por isso mesmo, me ensinou. hehehe Acho que não soube explicar direito, mas o que quero dizer que mãe boa é aquela que se deixa envolver pelo seu bebê, que se doa, que observa, que busca. Um grande abraço e beijo em vcs dois. Feliz dia do amigo!
Thaís, adorei o post, só prá variar, né! Engraçado como as situações acabam coincidindo com as aqui de casa. Nina também vai aos poucos tendo sua rotininha de sono, que, as vezes é abalada pelos dentes, gripe, passeio, etc. Aliás, essa história de quebra de rotina ainda me mata. Não por mim. Mas pela cobrança das pessoas. Frases como: "a Nina ainda não jantou. Mas já são 19:00 horas!" me deixam bem irritada, afinal, que mal tem ela comer mais tarde durante um sábado? Mas vamos levando, né! Acho que deve ser assim para todo mundo! Espero que sim! Ah...adorei a idéia do "encontro do interiorrrr". Festa na Roça! Pode contar comigo! Beijo! Dani
assino em baixo tudo que vc escreveu.
aqui em casa também é assim, tem a rotina pré-estabelecida, janta, descanso, banho, massagem, dormir. Mas cada vez mais flexivel. Agora por exemplo o João tá indo dormir meio tarde, é que no verão tem sol até as 21:30-22:00 e a gente aproveita pra esticar o dia um pouco mais tambem. Sem neuras. já desencanei de deixar de fazer coisas pra seguir rotina em regime militar.
e esse misterioso desmame noturno, hein?
quero saber... conta, vai!
um beijo grande
A gente aprende na marra que a rotina quem determina são os filhos. A gente aprende que "aprender a entender os sinais" já é uma rotina e que o momento diário - e único - nunca é igual ao outro.
No meu caso, viciei o meu filho a dormir vendo tv (musicais, mas sempre na tv). Um erro que estou tentando corrigir, depois de um escandalo que ele deu quando dormimos fora e não tinhamos cara-de-pau o suficiente para pedir aos donos da casa, com uma unica tv, que deixassem de ver a novela para que o meu filho visse seus dvds... Sofremos, mas estamos corrigindo. Como vc diz, antes tarde que mais tarde. [desculpe o tamanho do comment).
Abçs.
Thaís,
obrigada pela visita e pelo comentário. Que possamos aprender um pouco mais com essa troca de experiências com outras mães sobre o sono do bebê.
Concordo com você que a rotina deve ser flexível, até porque imprevistos aparecem!
Beijos
Thaís, compartilho da mesma opinião, mesmo não sendo noiada com rotina, no início me preocupei se deveria me preocupar... O sono de Olga não é nada fácil, estamos em fase bem complicada, talvez no caso dela seja um pouco relacionado a rotina, já que viajamos muito, passamos por muitas transformações do cotidiano... Mas acho que há outras cositas mas. No mais a foto do Caio está uma gostosura, vou mostrar para Olga pra ela se empolgar. Cheiro.
Ah, gostaria de saber se você sugere algum livro interessante sobre maternidade, desenvolvimento dessas criaturinhas e assuntos relacionados... me ajudam a ter idéias!!! Mande também pro meu email se puder.
Até, Camila
Oi linda! Saudades! Lindo seu post! Parabéns!
Coloquei o relato do seu parto no meu blog. Se quiser que mude alguma coisa é só falar tá?
Que tal começarmos a agitar um encontro de primavera?
Bjs,
Vânia.
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