Minha sensação neste período de quase oito meses como pai, marido e homem é que tenho vivido diferentes momentos, na maioria das vezes muito bons, mas que de alguma forma oscilam radicalmente entre a razão e o instinto. Isso já era perceptível antes mesmo do Caio nascer. Se bem que nesta fase pré-natal este convívio era, pelo menos para mim, muito mais um acompanhamento, um aumento do companheirismo e um grande exercício de tolerância.
Depois do nascimento, minha compreensão sobre o instinto humano e os cuidados com a cria se transformou completamente, mudando inclusive minha maneira de ver o mundo que me cerca e conseqüentemente a maneira de me inserir neste mundo. Toda esta mudança trouxe consigo os gostos e desgostos de uma nova fase, com novos compromissos, necessidades e demandas. Como diria um amigo: “Bem vindo ao mundo selvagem!”.
Os processos que ocasionaram estas mudanças em mim estão intimamente ligados à maneira como a vinda do Caio se deu e como lidamos com ele desde então. Desde o fato de na hora do parto segurar a Thaís pendurada em meu pescoço, mesmo tendo uma grave lesão na coluna, adquirida quinze dias antes, até ver meu filho nascer no boxe do nosso banheiro, em seguida conversar com ele para então decidir seu nome, dar o primeiro banho de sua vida, e daí por diante, passando por fraldas, trocas de roupas, banhos, acalentos e todos os outros tratos que biologicamente um homem pode prover seu filho.
Tenho convicção que várias das transformações que me ocorreram têm relação direta com uma interação maior com o instinto humano, ao mesmo tempo que reconheço em meu cotidiano uma forte racionalidade que constrói meus atos. Minha relação com o Caio é permeada pelo instinto e pela razão, já a relação da Thaís com ele é dominada pelo instinto, com lampejos de razão. Com todas as mudanças em nossas vidas o mais difícil está em reencontrar o equilíbrio que existia na relação entre eu e ela. Ao mesmo tempo em que ela é puro instinto, em determinados momentos seu comportamento chega a ser quase irracional, de tanto procurar emplacar uma “dita” racionalidade, como por exemplo na sua intenção de construir forçosamente uma rotina para o Caio e conseqüentemente para mim. Do instinto do choro, do acalento e da proteção, surge uma irredutível personalidade que institui a realidade ao seu entorno. Ufa!!! Como diz o ditado: “rapadura é doce mais não é mole não”.
Imagem: http://www.gettyimages.com.br/
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
ENTRE A RAZÃO E O INSTINTO
...este texto o Dani me pediu para publicar como comentário do texto anterior, mas achei que seria legal postar também aqui, pois mostra outro lado da moeda...
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