segunda-feira, 9 de novembro de 2009

SOBREVIVENDO À SEPARAÇÃO E AO EGO MATERNO


Demorou, mas voltei. É que, além dos sentimentos terem sido intensos nesta primeira separação do Caio, nosso reencontro foi ainda mais intenso, o feriadão foi muito bem aproveitado, o grude foi (está sendo) grande, e o tempo para escrever no blog (e ler os blogs que adoro) bem escasso...

Mas no fim deu tudo super certo. Algumas de vocês acompanharam os mini-relatos do papai sobre os dois primeiros dias nos comments do post anterior, e por ali deu pra sacar que a separação fluiu tranquila do lado de lá... E do lado de cá??? Não sei bem dizer, acho que estou processando ainda... Rá! Mas vamos a algumas elaborações despretensiosas:


1. o mito do choro incontrolável ou trocada por um danoninho

Eu jurava que o Caio ia abrir um berreiro incontrolável quando percebesse, na primeira noite, que a mamãe (o mamá) não estava em casa. Tá. Se teve alguém que caiu em choro incontrolável já na saída para a viagem, esse alguém foi a mamãe que vos fala (tudo bem que HOUVE motivos complementares além da "angústia da separação"... mas são de fóro mais íntimo do que me permito revelar neste blog, hoho, vocês vão ficar curiosos...). O Caio até deu uma choradinha quando nos despedimos, mas logo a criatividade da vovó transformou lágrimas em risadas e diversão. E, na primeira noite, quando acordou chorando e esfomeado (já que não teve mamá - peito - e ele não quis o tetê - copinho com leite - antes de dormir), e, novamente, não quis o tetê, a vovó tentou primeiro um mingau, e, sendo este veementemente recusado, ela apelou para um golpe baixo (e infalível): "quer um danoninho, então, Caio?". Para o meu desgosto (ou deveria ser alegria??), ele comeu o danoninho, deitou na cama e dormiu feito um anjinho até às 7 da manhã do dia seguinte. Enquanto isso, eu, a cada telefonema de manhã e de noite para saber das notícias, não resistia a dar uma choradinha...

2. o medo de traumatizar ou ego de mãe é um inferno

Outro ponto que eu tinha medo era de "traumatizar" o pequeno com minha ausência, tamanha era a minha certeza que ele não ia aguentar 3 dias e 3 noites longe da mamãe (e do mamá). Quá. Todos os dias, duas vezes por dia, minha mãe era obrigada a me responder (ainda bem que ela é mãe também, né, senão ia me mandar praquela parte...): "ele tá super bem filha. Tá brincando bastante, tá comendo super bem, tá dormindo fácil. Tá tudo ótimo aqui." E eu meio que duvidava - "ela deve estar falando isso só para me tranquilizar", teimava meu ego materno insuportável - e insistia: "mas ele tá alegre? não tá chorando? e na escolinha, tá ficando bem?". E a vovó respondia tudo de novo, naquela paciência que só as mães têm... O fato é que ele ficou muito bem MESMO: obviamente, em alguns momentos ele lembrava de mim (e isso não é o ego dizendo, não, a vovó e o papai que falaram, viu!), me chamava, resmungava um pouquinho (principalmente antes de dormir ou se acordava de madrugada), mas bastava vovó ou papai explicarem que a mamãe estava viajando, mas ia voltar logo, que ele respondia "tá bom", virava pro lado e dormia. Devo dizer que achei isso bárbaro (de verdade), porque sou daquelas mães que acreditam que criança entende tudo, e que dá pra conversar e explicar coisas até mesmo para um bebezinho de colo (já falei sobre isso várias vezes aqui no blog, como nesse post sobre quando o Caio começou a andar). Eu conversei muuuuuuuito com o Caio antes de ir, explicando que ia viajar, porque essa viagem era importante para mim, que ele ia ficar com o papai e a vovó e que logo a mamãe estaria de volta, e eles também fizeram muito isso enquanto eu estava fora. E parece que funcionou.

3. a ilusão de "liberdade" ou do porquê não caí na esbórnia

Me disseram que era para eu aproveitar a viagem, que eu ia me sentir tão "livre", "voltar a ser eu mesma" e coisas do tipo... Pensei: bom, acho que depois que eu estiver lá, a coisa não tiver mais volta, vou relaxar e curtir (lembrando que eu estava indo a um CONGRESSO, e não a uma colônia de férias...). Não rolou. Fiquei o tempo todo com a estranha sensação de estar "faltando algo" (lembrem-se que eu ainda amamento, que meu peito, mesmo murchinho, ainda bota inveja em muita mimosa, e que, portanto, ele me lembrava duas vezes ao dia que era hora do Caio estar mamando e que eu devia me recolher ao toalete para fazer a ordenha... muuuuu...). Fiquei meio passadinha mesmo, não podia ver uma criancinha na frente que parecia tia babona. Além disso, minha vontade era aproveitar todo tempo possível para dormir tranquila, simples assim. Some-se a isso tudo, um certo 'cdfismo' de achar que já que tinha ido sem ele, eu precisava fazer valer a participação no congresso: dá-lhe grupos de trabalho, mesas redondas, fóruns... (e olha que não acompanhei todo o congresso, viu!). Nesse ponto foi ótimo, estava com vontade de voltar à ativa na produção acadêmica. Mas, para não ficar parecendo uma boboca aos olhos do filhote quando ele for adolescente, ler esse post, e falar "ai mãe, como você era careta!", dou o braço a pau ma tória (quem não viu o ótimo post da Flá de hoje, corre lá para dar gargalhadas!!): tomei váááárias cervejinhas, e até me animei a ir no "baile da bibliografia" e ver os mais renomados cientistas sociais do país dançando ao som de "você não vale nada mas eu gosto de você". Ok. Mas a melhor parte foi voltar a pé, sozinha, com uma latinha na mão (relembrando meus velhos tempos de vida universitária) e apagar a luz do quarto antes da 1 da manhã, feliz da vida que no dia seguinte iria reencontrar meu pitoquinho.

4. o medo do desmame radical ou "mamãe, você não me conhece?"

Isso foi o maior furo da história: não sei como eu pude imaginar que corria o risco do Caio desmamar com a viagem. Apesar dele ter ficado super bem sem o mamá, lembrado poucas vezes e dormido tranquilamente com historinhas da vovó e do papai, esses três dias não foram suficientes para ele descurtir o dito cujo. Eu vim a viagem de volta toda me preparando psicologicamente, me convencendo que não ofereceria o mamá se ele não pedisse, mas não teve outra: nem dez minutos depois da minha chegada, ele já foi metendo a mão na minha blusa e dizendo com o sorriso mais contente do mundo no rosto: "mamá, té mamá!". E eu dei, claro, feliz da vida. Acontece que o bichinho agora deu pra compensar os dias que fiquei fora, e tá num grude com esse mamá que nem eu tô aguentando... esse é mamífero MESMO, não dá pra negar. Se depender dele, o desmame vai ser só quando entrar na faculdade... (piadinha velha essa, hein!).


Gracinhas à parte, foi tudo bem mais tranquilo do que me aterrorizava minha ansiedade de mãe durante meses antes da viagem. Foi super importante pra mim ter ido, foi bacana pro papai e pro Caio terem essa experiência de uns dias sem o controle da mamãe por perto, o saldo final foi positivo: estávamos mesmo prontos para esse acontecimento, acho que só por isso deu tão certo.

Para falar a verdade, acho que essa viagem me proporcionou o segundo momento mais emocionante da minha vida (depois do nascimento do Caio): reencontrar o pequeno depois dessa primeira separação foi sensacional. Assim que cheguei em casa desandei a chorar feito boba, ele começou a gargalhar de felicidade, ficamos nos abraçando, nos cheirando, nos enroscando, nos beijando, até ele pedir o mamá. Foi bom demais (mesmo porque eu estava crente que ele ia me ignorar quando eu voltasse, já que vira e mexe quando passo mais tempo longe durante o dia ele faz isso). E, sabe do que mais? Nossa relação mudou completamente depois dessa viagem. Pode parecer piegas, mas é a real: estamos muito mais ligados, para além do mamá, que era uma coisa que eu ansiava há tempos e achava que só rolaria quando ele desmasse. Tá uma delícia: ele tá numa fase ótima, super companheirinho, super interativo, curtimos horrores o feriado... enfim, estamos no maior love love love.


O que mais posso dizer... não valeu a pena tanta angústia, podia ter sido tudo bem mais leve, mas o que fazer se sou dramática? Maridão que me aguente (e vocês que lêem esse bloguinho também)!!


[utilidade pública: foi ótimo ler, semanas antes da minha viagem, esse bem humorado post da Roberta, do Piscar de Olhos, sobre sua primeira separação do filhote também por conta de uma viagem profissional; e foi aliviador ler esse post da Mari assim que voltei de viagem, para sacar como vamos aprendendo a curtir também os momentos sem os pequenos... Dois posts divertidos e inspiradores, valem muito a leitura.]

[E, nunca é demais repetir, um super obrigada meu, do papai e do Caio à super vovó, que ela merece!!!]

16 comentários - clique aqui para comentar:

Lia disse...

que delícia, Thaís! Também já ouvi falar maravilhas (ou horrores) sobre o Danoninho. Parece que é a preferência nacional...

Anônimo disse...

E não é que a gente sobrevive, menina?! Adorei tudo tudo, a latinha de cerveja, a maturidade do Caio, a tranquilidade do maridão e da vovó. Tenho certeza que seu relato vai servir de inspiração pra muitas outras mamães. E vc está certíssima: alguma coisa acontece no decorrer da primeira separação que faz com que a gente fique mais conectada a eles que nunca. Vai entender.
Beijo, parabens e welcome back!
Roberta

Renata disse...

Que bom que deu tudo certo. Para uma primeira separação, confesso que acho um pouco difícil aproveitarmos e esquecermos de tudo, mas vc se saiu muito bem no geral. E que bom que foi na hora certa dos dois.
Agora aproveite esse love todo, que é bom demais, né??
beijos

* dê uma olhadinha no meu último post e veja o que acha...

Paloma Varón disse...

Que ótimo, Thaís, que deu tudo certo e vcs venceram mais esta etapa juntos - e estão mais juntos do que nunca.
E que bom que vc se deu ao direito de curtir um pouco o seu lado acadêmico e o seu lado boêmio em Caxambu. Caio vai ter orgulho quando ler isso, tenha certeza! E vc terá sempre boas histórias para contar (a ele e a nós, seus leitores).

Cynthia Santos disse...

Que bom foi tranquilo!
Eles realmente se comportam de maneira diferente sem a gente por perto...eheheheh
E lá se vai mais uma etapa do crescimento de Thaís e Caio...ehehehe
Beijos!!

Micheliny Verunschk disse...

Hummm, fiquei uns dias sem aparecer por aqui e quanta coisa aconteceu!!! Muito bom o seu relato. Quando me separei a primeira vez de Nina sofri horrores, imaginando um cenário dramático. Ligava para casa e o que escutava não me convencia: ela está ótima, não e preocupe. Recentemente me separei a primeira vez de Theo. Fui tranquila, achando que tudo ia ser igual. Qual o quê! O danadinho apavorou. kkkkk! Enfim, acho que devomesmo é parabenizar vc, o Caio, o seu marido e a avó :)

beijo grande!

JULIANA disse...

Qh que legal!
E que bom que voltaste!
Welcome back!

Flavia disse...

Se você não sabia no inicio do post, se o resultado final foi positivo pra você tambem... Acho que no final vc acabou percebendo que sim.
Aproveita essa fase ótima do Caio, é uma delicia estar assim!

beijos


ps.: adorei as frases célebres dos teus visitantes tbm... só tem doido, né?

Mariana Tezini disse...

quando vc disse que ia viajar e contou a história toda eu fiquei supe ansiosa pra saber como foi, fantástico, apesar de me angustiar em pensar em me separar do meu bb (só tem 5 meses, né?) eu achei demais as mudanças da volta

ai, ai, ai...ainda não sei o que é saudade do pequeno, ainda bem!

um abraço

Mãe aprendiz disse...

Oiii..mesmo com meu pequeno aqui ao lado não deixando eu fazer nada,rsss li tudinho seu relato,Fico feliz .Deu tudo certo e vc como sempre compartilhando esses momentos que com certeza eu e outras maes passaremos, e vc não sabe como é bom ler e ter a certeza que cada fase que vc passa e compartilha nos dá mais força e nos abre a mente para termos a comprensão que é possivel ser sim uma SUPER MAE e uma MULHER MODERNA que trabalha ,estuda e corre atrás ..pensando num futuro.... ´SOMENTE PENSANDO NELES. BEIJOSS.

J Mac disse...

Thaís, deixei um premio pra você lá no meu blog, espero que possa ir la pega-lo. o Texto está escrito em inglês por causa da maioria dos meus leitores não falarem portugues, mas o premio em si estã em português. Coloque-o no seu blog e mande para 10 blogs super fofos (se quiser, é claro)!!
Beijos pra vc e seu lindíssimo Caio!

Christianne disse...

Em resumo, Thaís, "mãe é mãe, vaca é vaca"! Não adianta. Só a gente acha que é indispensável... Por outro lado(olha o ego de novo!) significa que você está fazendo um bom trabalho com Caio. A tranquilidade dele significa que é uma criança segura. Isso ele deve a vocês, pai e mãe, com certeza. Um grande beijo e bem vinda à insustentável "insignificância" do ser...

Minês disse...

Estarei sempre à disposição. E disposta!
Mas não posso deixar passar em branco: aquele "houveram outros motivos" doeeeuuu!!! Beijocas.
Vó do Caio.

Dani Balan disse...

Ai Thais...fiquei super feliz que deu tudo certo! Que bom, né! E o melhor é esse dengo todo do Caio agora, né! Aposto que vc já tá preparando outra saída sem ele só para ganhar esses abraços de novo, né! (Brincadeira!).
Obrigada pelo post. Prá mim, foi uma lição e tanto no qeusito viajar separado! Beijo, querida! Dani

micheliny verunschk disse...

Flor, hoje é dia de blogagem coletiva por mais gentileza no mundo. Espia lá no Pacha Mama e passe adiante.

beijoca!

Dany disse...

Viu como vc sobreviveu??
Que bom que deu td certo e vcs mataram a saudade!!!