quarta-feira, 25 de novembro de 2009

AS BIRRAS E OS AVESTRUZES



A primeira birra em público a gente nunca esquece. Pelo menos até vir a segunda, né não gente? Passei por isso há pouco tempo e digamos que foi inesquecível, para não usar adjetivos de baixo calão neste fofo blog de mãe. Enfim, vamos aos fatos.

Estávamos em Campinas e aproveitei para levar o filhote em um parquinho bem bacana (e suuuuper fino, diga-se de passagem) que fica perto da casa da minha sogra. Chegamos, Caio pirou na areia e nos brinquedinhos de todas as crianças ali presentes, mas ficou um pouco impactado com o brinquedão de última geração que une balanços, escorregadores, túneis, escadas e mais mil e uma atividades, que para falar a verdade nem eu saquei bem como funcionavam. Tudo ia bem, todos socializando brinquedinhos, mães, avós, tias e babás naquela interação compulsória, enfim, nada que não aconteça em parquinhos do mundo todo por séculos e séculos amém. Até que uma garotinha chegou em um super carrinho com direção hidráulica e câmbio automático, o sonho de consumo do Caio. Ele ficou vidrado. Foi que nem zumbi em direção ao tal carrinho, mas com jeitinho consegui demovê-lo da idéia fixa de entrar no "bibi".

Até aí tudo ótimo, brincamos mais um pouco, comeu frutinha, bebeu água, jogou bola, se acabou no balanço. Mas eis que chega outro coleguinha causando no parquinho, agora numa super baby-bike (que para falar a verdade eu nem sabia que existia): todas as crianças (TO-DAS, juro!) foram em direção à tal bicicletinha, feito moscas na lâmpada, e ficaram paradas olhando a dita cuja. Até que a babá do baby biker liberou geral: 'ai gente, deixa elas montarem um pouquinho, senão vão ficar com vontade'. Foi a senha para todas se divertirem na bike, e estenderem a liberação também para o carrinho: Caio nem se ligou muito na bicicleta, foi direto no carrinho, mas uma menininha mais rápida já estava se jogando lá dentro, quase de ponta cabeça. Ajudei a pobrezinha, Caio ficou indignado, mas até que se controlou, pulando para dentro do carrinho apenas quando a pequena saiu de lá. Daí, foi só alegria, buzina daqui, gira a chavinha de lá, e eu só me preparando para o que me esperava: sabia que não ia ser fácil tirá-lo dali, já que os "bibis" são a obsessão do momento do meu pequeno ariano. E assim foi até que uma garotinha entrou na "fila", e iniciei o movimento retirada: "filho, já tá bom, né, a amiguinha quer brincar". E ele: "Não". "Filhote, vamos brincar de outra coisa, já ficou bastante aí". "Não té", e resmunga, com cara feia. Decido exercer meu papel com mais convicção:"Caio, esse carrinho não é seu, e tem outra amiguinha querendo brincar, vamos sair". E o retiro de lá.

Aí começa o show. Choro, contorcionismo, se joga para cá, se joga para lá. Tentei colocá-lo no chão e foi pior, voltou para o colo. Minha vontade era enfiar a cabeça na areia, feito avestruz, e só sair quando ele paresse de chorar. Mas, como isso não é permitido às mães humanas, tive que enfrentar a situação que nem gente grande: antes que a tensão me dominasse, me concentro nele, esqueço de todas as mães-tias-avós-babás que estão nos assistindo e começo a andar com ele no colo pelo parquinho, tentando conversar calmamente. Só que os chiliques prosseguiam, até aumentavam. Fui até o outro canto do parquinho, já pensando que teria que ir embora dali com ele aos berros, mas de repente me veio uma luz e no meio do caos fui capaz de lembrar das preciosas dicas da Flávia e da Letícia, pensei rápido e busquei algo para distraí-lo: em poucos segundos estávamos sentados brincando de enterrar e encontrar uma linda flor roxa que estava caída na areia, e Caio aos poucos foi se esquecendo do tal "bibi". Logo estávamos rindo juntos de novo. Com ele mais calmo, convidei-o para balançar, e tudo voltou ao normal. Na hora de sair do balanço mais uma breve ceninha, agora por conta do soninho que chegava, mas rapidamente contornada.

Apesar de ter ficado feliz comigo mesma por ter dado conta da situação de uma forma bacana e relativamente rápida, sem chegar a extremos como elevar a voz, deixá-lo sozinho fazendo a birra ou retirá-lo aos berros do parquinho, a situação me deixou meio mal, um pouco por ver meu pequeno agindo daquela forma, um pouco por me perceber inconscientemente tensa por estar em público, um pouco por não saber exatamente ainda como lidar com a situação. Acabei dizendo mais de uma vez para o Caio que não tinha gostado da atitude dele, mas depois, refletindo um pouco, e lendo esse post da Flávia, que eu gostei demais, percebi que não adianta ficar remoendo a situação, que o melhor teria sido, talvez, depois de cessada a birra, compartilhar com ele do sentimento de frustração que ele experimentou, aproveitando a ocasião para ensiná-lo a lidar com ele. Ok, ninguém é perfeito, muito menos numa primeira vez (como em tudo na vida, né): acho até que nos saímos bem, e eu nem precisei virar avestruz...


Imagem retirada daqui.


20 comentários - clique aqui para comentar:

Renata disse...

Ai menina, to me preparando para o que me aguarda. André não entrou nessa fase ainda, e quando entrar eu vou estar craque (rsrsrs. té parece, né?)
Acho que vc lidou super bem com a situação, como diz a Fla: paciência, paciência e paciência, né???
beijo grande, Re

Avassaladora disse...

Thais, o Guilherme também já entrou nessa fase e confesso que é bem dificil lidar com ela, viu!
Na maioria das vezes tenho tentado evitar ao máximo os momentos crise, ou seja, não deixo o pequeno pegar as coisas dos outros... Vou lá ler o post da Flávia pra ver se aprendo alguma coisa também...

Dany disse...

Caio tb já passou por essa fase braba das birras e posso te dizer uma coisa?
Eu chegava a ter peninha dele (apesar de não ser uma mãe sem noção que faz todas as vontades do filho), porque realmente a criança não faz birra só para te provocar, a sitação é difícil tb para ela.
Acho que vc foi muito bem!
Parabéns!

Lia disse...

1) Carrinhos motorizados são uó. Olha o que causou...
2) Acho que você não deveria ficar com vergonha, afinal estava educando o seu filho, coisa que muita gente não faz. Vergonha teria sido deixar ele lá no carrinho enquanto quisesse e ser xingada interiormente pela mãe da menininha na fila...

Paloma Varón disse...

Menina, todas nós passamos por isso! Teve uma época em que a Ciça dava escândalos enormes só de eu avisar que iríamos embora do parquinho/ pracinha que frequentávamos diariamente. Daí ela gritava e arqueava o corpo para não entrar no carrinho. Isso demorava e eu não conseguia levá-la embora, pois, mesmo que fosse no colo, não poderia largar o carrinho lá. Uma das primeiras frases que ela falou foi: "Casa não!". No início, eu morria de vergonha, depois passei a ignorar o público em volta e tentar resolver o problema com ela. Depois de muita paciência, conversa e combinados, passou.

Anna disse...

Adorei!

Meu Pinduquinho tem começado a dar seus "ataques" quando contrariado...

Mas acho que ainda não tive a grande estréia: a birra a ser lembra pra sempre (ou até a próxima).

Mas isso é questão de tempo, eu sei.

beijos

Rachel mãe da Sophia disse...

Olá..pensei que fosse só comigo, minha filha Sophia de 1 ano e 1 mês
faz birra (baixaria mesmo) grita se joga no chão e se tento falar qq coisa ai o bicho pega..abre uma boca tão grande que parece que só tem boca..e grita OOOOOOOO...
Adoro esse blog..parabéns!

Dani Garbellini disse...

Arthur desde os quatro meses demonstra toda sua insatisfação em ser contrariado, mas com tanta precocidade, meio que já aprendi a lidar, mas dia desses aconteceu a primeira grande birra em público: marido quis tomar cafê na starbuks. Arthur já meio cansado do passeio, começa dar
piti querendo brincar com o café, que obviamente não deixei. Todos começam a olhar, cada vez mais feio, pareciam me dizer: faça essa criança calar a boca, eu não sou obrigado a presenciar tal cena, se você não consegue controlar seu filho, fique em casa ou vá para um lugar de crianças, que aqui me incomoda.
Ok, ok, ninguém me disse nada, mas cada olhar eu sentia como essas palavras. Não aguentei, fui embora sem tomar o café, mostrei outra coisa para ele e ficamos bem. Mas essa primeira grande birra em público mexeu comigo.

Parabéns por ter conseguido contornar a birra do Caio. Cada fase um novo aprendizado mesmo, né?

Beijos!

Letícia Volponi disse...

descreveu como ninguém a vontade de virar avestruz. Fico feliz que minha modesta dica tenha ajudado e garanto que vc lidou com a situação muito bem. Parabéns!

Marina disse...

Ai, tenho medo é da minha reação qd a minha filha começar a fazer essas coisas...
hahahaha

bjs

Mariana Tezini disse...

nessa fila quero que nunca chegue a minha vez! haha

(será que dá pra ir treinado desde já?)

Cynthia Santos disse...

eheheh
Eu estava lendo e ficando tensa como você ficou... aí lembrei da dica da distração e fiquei torcendo pra você ter usado (parecia que eu estava lendo um livro! ). Que bom que você lembrou! Eu ainda não passei por isso, nem sei se vou conseguir manter a calma e se vou lembrar da distração, mas uma coisa é certa: nem vou esquentar com o escândalo, toda mãe passa por isso! E os palpiteiros de plantão vão ter dois trabalhos: criticar e fechar a boca..ehehehe
Beijos!

Dani Balan disse...

Thaís...essa de distrair a criança é uma dica preciosa mesmo! E funciona! Lembro que quando a Ciça (minha sobrinha) era menorzinha a gente sempre fazia isso com ela e dava super certo.
Nina ainda não tá fazendo birra. Mas está a caminho...tô percebendo! Por isso, já imprimi as aulinhas da Flávia, as dicas da Letícia, e, agora, seu post. Tudo vai ficar devidamente guardado no meu criado. Para situações de emergência! Rá
Beijo, querida!
Dani

Katarina disse...

Thaís! achei engraçado seu post! Você se saiu muito bem pra ser sua primeira birra em publico!
Eu já ando sentindo isso e confesso que peguei umas idéias suas para aplicar nas próximas vezes!! heh
beijos

Flavia disse...

benvinda ao club!

É dificil manter a calma e ficar zen nessa hora. Mas você tirou de letra.

Obrigada pelo link, tenho semi pronto o "epílogo" da saga "birra", mas passei duas semaninhas, acontecendo tudo ao mesmo tempo agora, e sem tempo pra blogosfera.

vou voltando aos pouquinhos tbm...


muitos beijos


Fla

Luíza disse...

ai nem diga. fico meio tensa só pensar que talvez eu possa dar uma birra maior se meu filho fizer isso.
afinal, a ariana aqui sou eu. ehehehhe!

mas tudo dá certo no fim das contas né?

beijinhos
:)***

Anônimo disse...

Só fico pensando em quando a Júlia estiver fazendo estas estripulias...mas não vejo a ]hora.
Seu blog é muito bom e vc escreve de maneira muito particular...adoro...
Tenha um excelente final de semana
Mil beijos

JULIANA disse...

Se prepare para quando ele se tacar no chão, rsrsrsrs
Meu enteado fez apenas uma vez, mas tb numa livraria chiquerrima do Leblon, hahahaha
e tb foi inesquecível...

Cynthia Santos disse...

Oi, Thaís, passa lá no meu cantinho, tem presente pra você!
Beijo grande!

greicy.vedana disse...

Olá!
Adorei teu post. Meu filhote tá com 6 meses e já demostra claramente que detesta ser contrariado. Já me imagino com ele no shopping se jogando no chão, hehehehe. Tenho lido muito sobre isso, espero conseguir ter a mesma atitude que tu.
Um grande beijo,
Greicy