domingo, 7 de dezembro de 2008

YOGA NA GRAVIDEZ*



Eu tinha começado a praticar yoga há duas semanas quando descobri que estava grávida, e já com dois meses de gestação! Foi um grande susto, uma surpresa maravilhosa! Seguindo as recomentações da minha médica, esperei mais um mês e voltei a praticar, no quarto mês de gestação, no grupo de gestantes. Já na primeira aula, uma experiência muito importante: conviver com outras grávidas, e, mais, com uma grávida já com 32 semanas de gestação, com um barrigão enorme! Foi muito estimulante perceber, logo de cara, que a prática de yoga poderia me acompanhar durante toda a gravidez, me preparando, fazendo eu me sentir ativa, me ajudando a conectar-me ainda mais com meu bebê. E assim foi, desde esse dia segui praticando yoga até três dias antes do meu parto!

As práticas, todas direcionadas à gestação e ao parto, foram me dando uma grande dimensão das transformações que meu corpo sofria mês a mês, semana a semana, dia a dia. No início, ainda praticamente sem barriga, eu mal conseguia me equilibrar em algumas posturas, que, após meses de prática, com o barrigão para explodir, se tornaram quase triviais...

Aprendi a me ajustar pouco a pouco ao meu novo corpo, e a yoga foi fundamental nesse sentido, a ponto de eu praticamente não sentir dores nas pernas, nas costas ou na lombar, mesmo tendo passado horas e horas sentada finalizando o meu mestrado. A realização de algumas posturas, diariamente, durante esse período tenso de finalização da dissertação, ajudou-me a suportar não apenas o cansaço físico de passar longos períodos sentada digitando, mas também foi uma grande aliada para que eu conseguisse controlar o stress desse período, evitando atingir o pequeno ser que crescia – e muito! - dentro de mim.

Além disso, como eu não parei de trabalhar durante a gravidez – muito pelo contrário... - a prática de yoga era um momento de parar tudo e me comunicar com o bebê, respirando de forma consciente, relaxando, alongando, tocando minha barriga, emanando sensações e pensamentos positivos e reconfortantes para ele.

Aliás, a respiração foi um capítulo à parte: tenho problemas respiratórios (rinites de causas variadas), e estou acostumada a, desde criança, respirar inconscientemente pela boca. No início das práticas de yoga, eu simplesmente não conseguia coordenar posturas e respiração. Com o passar dos meses, fui tomando consciência de minha respiração, e ela se tornou algo natural durante a realização das posturas. Fui aprendendo as maneiras de respirar que me traziam mais energia, ou que me faziam relaxar, comecei a perceber momentos em que minha respiração me atrapalhava, e passei a me atentar mais à ela. Após seis meses de prática, a respiração foi um dos principais suportes que encontrei tanto para me concentrar quanto para relaxar no processo do parto, tendo sido uma aliada para minimizar, na medida do possível, as fortes ondas de contrações do trabalho de parto e do expulsivo.

Além da respiração, outro ponto de apoio que "me garantiu" durante o parto foram minhas pernas: a opção por um parto domiciliar, tendo liberdade de escolher a posição de parir, ganhou força quando percebi que meu corpo estava preparado para isso, e certamente a yoga teve papel fundamental. Trabalhamos muito as várias posições de cócoras durante as práticas, além de outras posições que favoreciam uma postura mais ativa durante o parto, como os fortalecimentos de períneo, os alongamentos, os exercícios com a bola...

A possibilidade de conquistar um parto ativo foi algo que descobri desde o início da gravidez, através de amigas, sites e listas de discussão na internet. A prática de yoga, e a postura adotada por minha professora (será que posso chamá-la assim?) se aproximava muito desta idéia de parto ativo, humanizado, em que a mulher e o bebê são os protagonistas, e ela acabou se tornando uma grande companheira na jornada da minha gravidez, quando, além de me guiar no aprendizado das posturas e respirações, me emprestou livros e revistas, passou diversos momentos conversando sobre minhas dúvidas, descobertas e angústias, realizou práticas direcionadas à participação também ativa do marido/pai durante o trabalho de parto, entre outros cuidados que poderiam preencher muitas linhas deste texto.

Tive um trabalho de parto muito tranquilo, demorei a perceber que ele já tinha começado, e, do momento em que percebi – quando as contrações começaram a ficar mais fortes e próximas – até o nascimento do pequeno Caio, posso dizer que foi um processo relativamente rápido. Certamente aspectos genéticos e fisiológicos auxiliaram para que isso acontecesse, mas eu tenho convicção de que a tranquilidade adquirida ao longo dos nove meses de gestação – nos quais a prática de yoga teve papel central –, além da certeza de estar fazendo a melhor escolha quando optei pelo parto domiciliar como a maneira mais humanizada que encontrei para trazer meu filho ao lado de cá do mundo, acompanhada de pessoas nas quais eu confiava absolutamente, foi fundamental para que meu parto fosse ao mesmo tempo intenso e tranqüilo, avassalador e sereno. E, coincidência ou não, isso se reflete na personalidade de Caio, um bebê muito tranqüilo, seguro e alegre.

Tentei voltar às práticas após o nascimento do Caio, levando-o comigo para praticarmos yoga mamãe e bebê, e as poucas vezes que fizemos foram deliciosas. Caio reconheceu claramente a voz da Katrina no relaxamento, momento em que ele relaxava também! Por diversos motivos não conseguimos continuar, e sinto muita falta de praticar yoga, ainda mais agora que meu corpo é exigido ao limite pelo pequeno, que ja está com oito meses! Mas pretendo retornar em breve, não mais no grupo de gestantes, para o qual voltarei certamente quando vier o segundo...

* escrevi esse texto a partir de um pedido de Katrina, minha "professora" de yoga, como um relato do que a prática de yoga durante a gravidzez proporcionou a mim e ao Caio.

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