terça-feira, 22 de dezembro de 2009

MÃE-PIMENTÃO


Mamãe e filhinho na fila da padaria do supermercado. Filhinho de frente para a mamãe, sentado no carrinho, fazendo graça para os passantes. De repente, ele olha por cima dos ombros da mamãe e grita, feliz da vida, apontando: "vovó!". Mamãe não entende nada e olha para trás: uma moça, um tanto mais nova que sua mãe (a "vovó" em questão), mas com cabelo e óculos parecidos com os dela, só falta querer esganar o pequeno - "Vovó!?", ela exclama, visivelmente chocada. A mãe ri amarelo, e, mais uma vez, deseja do fundo do coração ser avestruz-por-um-dia... Mesmo assim, tenta manter a esportiva, e diz: "Vovó não, filho, titia... he-he-he". O moço atrás da "vovó" segura a risada, e, a esta altura, a mãe já deve estar roxa de vergonha, mas ainda consegue dizer sem gaguejar (muito): "Ai, criança diz cada uma, né... he-he-he... É que o cabelo da minha mãe é igualzinho ao seu!". A moça, um pouco mais divertida, tenta ajudar a pobre mãe: "Sua mãe usa óculos? Vai ver que foi isso". É. Vai ver que foi. A mãe vira pra frente e encerra o papo. E ainda bem que chegou sua vez de comprar o pão, senão iam achar que tinha um pimentão perdido no setor da padaria.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

MAIS DA PANELA AMARELA... E O SORTEIO!


Para fechar o sorteio, um trechinho do livro com o qual me identifiquei muito, seguido de uma receita, pra não dizer que não falei das flores...

"Na minha opinião, a alimentação não é apenas algo que existe para suprir necessidades nutricionais do corpo. É um exercício de sociabilidade, de inclusão no mundo e de prazer. Desde o momento em que alguém coloca uma semente na terra fazendo crescer um pé de alface que você vai consumir, a comida está ligando você às pessoas e ao mundo. Faço questão de passar isso à Alice, da maneira que posso. Alice me acompanha às compras, assiste ao preparo das comidas, senta conosco à mesa e desde pequena está acostumada a se comportar muito bem em restaurantes e durante almoços e jantares de família."

Musselina de linguado

150g de linguado limpo e sem espinhas
50ml de creme de leite fresco
50ml de leite integral
1 clara de ovo
2 ou 3 folhas de salsinha
sal e noz moscada (um pouquinho de cada)

Bata tudo no liquidificador ou processador. Coloque em um ou dois potinhos refratários (ramequins) e leve ao forno médio por 40 minutos - ou cozinhe em banho-maria por cerca de 20 minutos, ou até endurecer. Sirva com um fio de azeite, acompanhado com purê de batada doce com abóbora.


Mas vamos ao que interessa. Fiz o sorteio naquele esquema de sempre, queria ter pedido pro Caio sortear, mas não achei a máquina pra filmar... então, vai ser assim mesmo, ó: selecionei os comentários válidos (que foram todos menos o da Dani, que comentou mas avisou que não ia participar do sorteio) - total de 24 comentários - e inseri no programinha do site random.org. O resultado foi esse:


E a sortuda da vez foi a Re, do blog Ideias da Re, que eu ainda não conhecia. Seja benvinda Rê!! Entrou aqui com o pé direito, hein! Com certeza o livro vai ser suuuper útil pra você, eu bem que queria ter lido um livro desses quando o Caio tava com a idade da sua filhota, porque eu também "penei" com a introdução dos alimentos. Mas não desanima não, cada bebê tem seu tempo, e com paciência, carinho e muitas receitinhas gostosas, aos poucos você vai ensinando a pequena a curtir novos sabores!!

Bom, e para quem não ganhou... o livro está à venda nas livrarias Cultura, da Travessa (está em promoção!!) ou direto na editora Memória Visual. E vocês ainda podem tentar a sorte outra vez no próximo sorteio, que será bem legal também. Inté.


CAIO E AS GATINHAS NO AMIGO SECRETO


Caio se deu bem no nosso delicioso amigo secreto dos "sobrinhos virtuais": tirou uma gatinha e foi tirado por outra!! Quase morri de ciúme, era beijinho pra cá, abracinho pra lá, até pedido em namoro ele foi!!! Rá!

Tiramos a Lúcia (filhota do Neural, do Diário Grávido), o que achei muito legal, já que, além da pequena ser uma figurinha, ele é um dos poucos papais blogueiros que conheci nessa blogosfera tão materna, autor de posts impagáveis que adoro ler. Só não posso deixar o Caio ver as peripécias da aranha-maravilha, senão ele vai se apaixonar...

E fomos tirados sabe por quem? Pela fofa da Luísa, o Projetinho de Vida da Roberta!! Acompanho o blog da Roberta há um bom tempo, e os posts dela trazem desde dicas práticas até questões existenciais da vida das mamães, sem contar as tiradinhas divertidíssimas da Luísa. Foi muito legal abrir o presente e descobrir, pela carinhosa cartinha, que elas é que tinham nos tirado!!! O Caio ganhou o presente perfeito: o Kit Parangolé, do grupo Emcantar!!! (eu namorei tanto o Kit quando ela sorteou lá no blog - a sortuda da Lilata que ganhou!! - e agora ela nos dá de presente... AMAMOS!!)

Já no primeiro dia ouvimos o cd todinho, e pela primeira vez Caio assistiu um dvd praticamente inteirinho! No dia seguinte, acordou cantando: "tumba tumba tumba" e pedindo "tanta (canta) mamãe". E dá-lhe: "toc patoc patoc tac tiquequê tiquequê tumba tumba tumba". No dia seguinte, a mesma coisa: só que aí, assistiu o dvd inteirinho, dançou junto, me liberou pra eu fazer o papá dele, me chamava pra dançar, se divertiu horrores. E quando acabou quis mais!!! Incrível, gente, ele que não aguenta 10 minutos num desenho! Mas é que o dvd é muito legal mesmo, eu também não me canso de assistir. E agora o repertório de musiquinhas dele aumentou, além de "tumba tumba tumba", ontem e hoje passou os dias cantando "tia põe" (escravos de jó) e "bibi fuo pieu" (o jipe do padre fez um furo no pneu). Delícia!! Obrigada viu, queridas!!!

[pena que minha máquina "sumiu" esses dias, minha casa tá um caos, não estou achando a dita em lugar nenhum, e não consegui tirar uma foto do pequeno com o presente, que ele tanto curtiu... Vai uma imagem do dvd, então...]


Foi bem legal participar da brincadeira, super carinhosamente organizada pela Lilata. Como o Neural disse tão bem lá no blog dele, a idéia de "sobrinhos virtuais" é muito legal, acho uma loucura o quanto vamos conhecendo e nos apegando a pessoas que nunca encontramos pessoalmente, acompanhamos as peripécias dos pequenos, nos emocionamos, trocamos experiências, damos risada, ficamos preocupados quando ficam doente, nos alegramos quando fazem aniversário... Coisa de tios, mesmo! E a sobrinhada tá crescendo, galera, tiveram várias barrigudinhas também no amigo secreto, muito legal! Duro tá sendo o pouco tempo que tenho tido para acompanhar essa sobrinhada toda, mas sempre dou um jeitinho pra saber das novidades, trocar umas palavrinhas com as comadres (e compadres) e mandar um beijo pros pequenos. Quem sabe o próximo passo não é fazermos um econtrão real, hein, hein, Lilata produções???

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

PRESENTE: A PANELA AMARELA DE ALICE



Demorou, mas finalmente consegui fazer o post sobre o primeiro presente para vocês! Quase no último dia do mês de aniversário do blog, mas tá valendo. O próximo presente vai ficar pra semana que vem, meio de aniverśario, meio de natal, tá? E garanto que vai ser tão legal quanto esse, podem apostar!

O primeiro presente que será sorteado é o delicioso livro A panela amarela de Alice, da Tatiana Damberg. Mais conhecida como Tatu, a autora, além de gastrônoma, é também mãe da Alice, uma fofura de 1 ano e meio, e do sítio gastronômico Mixirica ("plantado na rede desde 2002", como ela diz), um lugar muito bacana para quem, como eu, gosta de comidas e afins. Eu fiquei sabendo desse livro na época do lançamento, achei a idéia bárbara, depois vi o de uma amiga e me encantei. Aí, adquiri o meu exemplar, entrei em contato com a Tatu e propus o sorteio, ela e sua editora Camila (da Memória Visual) toparam e aqui vamos nós.

Comecemos pela capa: a ilustração da Jana Magalhães é uma coisa, e a estampinha da contracapa deu vontade de transformar em pano de fundo desse blog, de tão linda que é. O subtítulo do livro diz tudo: "memórias de cozinha e maternidade". Me ganhou na hora. O livro é bem isso, tem esse clima de memórias (memórias recentes, super à flor da pele) do aprendizado dos primeiros tempos como mãe, e, mais, como "mãe cozinheira". Achei que tinha tudo a ver comigo, com este blog e com vocês, que, tanto quanto eu, curtem trocar experiências de maternidade e, vez por outra, já passaram seus perrenques quando o assunto é a alimentação dos pequenos.

Generosamente, a Tatu compartilha conosco, nesse livro, seus caminhos como mãe, suas escolhas (pois, como ela mesmo diz e eu assino embaixo: "O seu jeito é o melhor que pode haver para o seu filho") e algumas das maneiras como ela foi introduzindo sua pequena ao maravilhoso mundo da BOA comida, munida dos princípios de que a comida do bebê pode, e deve, ser gostosa e de que nós, mamães (e/ou papais, vovós, titias, etc...) temos a "missão" - importantíssima! - de "moldar o paladar daquela pessoinha". Olha só que bacana o que ela diz:


"A variedade de texturas, cores e sabores na alimentação dos bebês é tão importante no desenvolvimento da inteligência dos pequenos quanto a descoberta das formas, das pessoas e dos animais ao seu redor, eu acho."


Eu também acho. E as receitas que ela nos oferece, "colher a colher", junto com sua própria história (como tão bem expressou, na orelha do livro, a chef Andrea Kaufmann), são a prova de que de muitos sabores, cores, texturas, cheiros e misturas pode se fazer o universo gastronômico (porque não?) de um bebê.


Mas, antes de falar um pouco mais das receitas (e deixar vocês com água na boca), falemos um tantinho ainda do livro, em si.
Apesar de ser super fluido e contínuo, eu meio que o li em 3 partes, e foi bacana lê-lo assim, porque fui fazendo os links com minha própria história...

A primeira, um quase-manifesto pela libertação gastronômica das grávidas e recém-paridas/lactantes, é bem divertida, com exceção da descrição da cesárea enfrentada pela autora que, apesar de muito bem humorada (aliás, o texto todo, além de bem escrito, é muito bem-humorado), apresenta a situação "nua e crua", (como poucas mulheres têm coragem de expôr, ainda mais se a intenção inicial era ter um parto normal) e me incomodou um pouco (pensando sobre o assunto, depois, acho que me incomodou sentir uma certa "naturalização" de procedimentos que eu considero desagradáveis no momento do parto, como piadinhas de anestesistas ou a separação imediata do bebê e da mãe)... Mas, o tema do livro é outro, e essa descrição dá a liga a esta "primeira parte" do livro, em que a Tatu nos conta como se transformou, de uma pessoa que não pensava em ter filhos, em uma mãe que não conseguia ficar longe da pequena por mais de uma hora, mesmo que fosse para comer todos os sashimis evitados a duras penas durante a gestação... Vejam bem se não é mesmo um manifesto com a qual todas nós, que já estivemos grávidas ou recém-paridas um dia, nos identificamos:

"Qual a graça de poder comer - de posse da melhor desculpa do mundo para isso - se não se pode aproveitar nada? Tudo faz mal e engorda durante a gravidez. Se todas as recomendações feitas por aí forem ser levadas em conta, as grávidas morrem de fome!"

"Junto com as cólicas do bebê veio a maldição da dieta da lactente. O pediatra dizia que eu podia comer tudo o que quisesse: feijão, pimenta e suco de laranja. Mas a crença popular e a internet falavam o oposto. Comer amamentando era ainda pior que comer grávida".

Entremeadas nas histórias com as quais ela vai nos envolvendo, e em dicas que sutilmente podem ser captadas ao longo das mesmas (por exemplo: "Família é uma coisa preciosa nessas horas", ela diz, referindo-se ao apoio fundamental nos primeiros meses do bebê: parece óbvio, mas muitas mães não recebem/não se permitem essa ajuda...), aparecem as receitas, para todos os gostos, para todos os momentos: sanduíche de pernil que desmancha, para as grávidas, ou escondidinho de costela demorado, para as lactantes, eis alguns exemplos das receitas que nos redimem.

A segunda - e principal, na minha leitura - parte do livro é a que fala propriamente sobre a "panela amarela de alice", o reencontro da "mãe cozinheira" com as panelas, a incursão da pequena por outros sabores além do leite materno, os utensílios, os ingredientes e, minha gente, as tão esperadas receitinhas para os pequenos! E, como na primeira parte do livro, elas vão aparecendo aos poucos, conforme as memórias da autora vão chamando e o papo com as comadres e compadres vai ficando mais "chegado", nessa ordem:

- as primeiras papinhas ("abóbora, maçã e frango" é uma das várias combinações interessantes),
- o delicioso incentivo a que nos tornemos "chefs" dos filhotes, criando comidinhas diferentes a partir dos ingredientes liberados a cada fase deles ("quinoa, feijão branco e banana" - mais criativa impossível, fiquei com muita vontade de provar!)
- "as maravilhas do mundo com dentes", ah, o mundo com dentes!! Além de receitinhas variadas que vão desde papinhas nada triviais, passando por comidinhas como "falso bife", "rosbife" e "batatas coradas" até delícias como mingau e picolé, aqui a autora ainda dá umas dicas boas de viagem com bebês (incluindo os famosos biscoitinhos salva-vidas, conhecem??) e, o melhor: uma dica de "biscoito de coçar gengivas". Preciso falar mais alguma coisa?
- como se não bastasse, ainda tem as receitinhas do primeiro aniversário da Alice (quem sabe na festinha de 2 anos do Caio eu crio coragem pra fazer os cupcakes que ela ensina, hein??), e as comidas pós-primeiro-ano-de-idade, às quais ela adiciona também "receitas para a família": uhuuuuuuuuuuuuuu!!! A-D-O-R-E-I!!!! Vou testar todas djá: tem "moquequinha", "macarrão cremoso", "musselina de linguado", "risotinho de frango, abóbora e abobrinha", "canjinha com canjica" e outras comidinhas de nomes diferentes como "abolins pankoks", "salda zupa" ou "petite duchesse". Curiosos? Tentem a sorte aqui, ou corram encomendar o livro!

A última parte, não é bem uma parte, são algumas poucas páginas meio em tom de "epílogo", como nomeia a Tatu, em que ela conta, muito de relance, sobre "exercícios de desapego" aprendidos com a maternidade, o processo de voltar ao trabalho e deixar a pequena em casa, a transferência dos cuidados com a "panela amarela" a uma ajudante e a expansão dos paladares da pequena Alice para além dos limites da tal panela... Desafios comuns a muitas mães, e que deram vontade de saber um pouco mais: porque falar tão rapidinho assim, menina? Como foi esse processo em termos da alimentação da pequena, o que mudou nas receitas, como escolher bem as comidinhas dos pequenos fora de casa... Portas abertas para novas prosas... Quem sabe um novo livro, Tatu??

Bom, gente, me empolguei, o post ficou gigante. Mas aposto que vocês ficaram com água na boca. O livro é bacana mesmo. Queria ter testado uma receitinha pra contar aqui, mas do jeito que tá esse fim de ano, aí é que o sorteio não saía mesmo! Mas só de ler o livro já dá pra ter certeza que tudo é muito-muito-muito gostoso e, o melhor, muita coisa tranquila de fazer, para nos inspirar a cozinhar para os pequenos mesmo!! (Fiquei tão animada com a leitura do livro que até criei uma nova receitinha de mingau para o Caio!!! Tô me achando a chef!! Rá!!! Qualquer hora conto aqui).

Para participar do sorteio: deixe um comentário com seu nome, nome e idade do(a) filhote(a), email para contato (ou blog) e conte alguma aventura, desventura, superdica ou desabafo relacionados à alimentação dos seus pequenos. Como sempre, aqui, a idéia é trocarmos experiências, portanto não vale só deixar o nome, viu!! O sorteio será na próxima quinta, dia 03/12, à noite.

Até lá posto mais umas receitinhas e dicas do livro, fiquem de olho.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

AS BIRRAS E OS AVESTRUZES



A primeira birra em público a gente nunca esquece. Pelo menos até vir a segunda, né não gente? Passei por isso há pouco tempo e digamos que foi inesquecível, para não usar adjetivos de baixo calão neste fofo blog de mãe. Enfim, vamos aos fatos.

Estávamos em Campinas e aproveitei para levar o filhote em um parquinho bem bacana (e suuuuper fino, diga-se de passagem) que fica perto da casa da minha sogra. Chegamos, Caio pirou na areia e nos brinquedinhos de todas as crianças ali presentes, mas ficou um pouco impactado com o brinquedão de última geração que une balanços, escorregadores, túneis, escadas e mais mil e uma atividades, que para falar a verdade nem eu saquei bem como funcionavam. Tudo ia bem, todos socializando brinquedinhos, mães, avós, tias e babás naquela interação compulsória, enfim, nada que não aconteça em parquinhos do mundo todo por séculos e séculos amém. Até que uma garotinha chegou em um super carrinho com direção hidráulica e câmbio automático, o sonho de consumo do Caio. Ele ficou vidrado. Foi que nem zumbi em direção ao tal carrinho, mas com jeitinho consegui demovê-lo da idéia fixa de entrar no "bibi".

Até aí tudo ótimo, brincamos mais um pouco, comeu frutinha, bebeu água, jogou bola, se acabou no balanço. Mas eis que chega outro coleguinha causando no parquinho, agora numa super baby-bike (que para falar a verdade eu nem sabia que existia): todas as crianças (TO-DAS, juro!) foram em direção à tal bicicletinha, feito moscas na lâmpada, e ficaram paradas olhando a dita cuja. Até que a babá do baby biker liberou geral: 'ai gente, deixa elas montarem um pouquinho, senão vão ficar com vontade'. Foi a senha para todas se divertirem na bike, e estenderem a liberação também para o carrinho: Caio nem se ligou muito na bicicleta, foi direto no carrinho, mas uma menininha mais rápida já estava se jogando lá dentro, quase de ponta cabeça. Ajudei a pobrezinha, Caio ficou indignado, mas até que se controlou, pulando para dentro do carrinho apenas quando a pequena saiu de lá. Daí, foi só alegria, buzina daqui, gira a chavinha de lá, e eu só me preparando para o que me esperava: sabia que não ia ser fácil tirá-lo dali, já que os "bibis" são a obsessão do momento do meu pequeno ariano. E assim foi até que uma garotinha entrou na "fila", e iniciei o movimento retirada: "filho, já tá bom, né, a amiguinha quer brincar". E ele: "Não". "Filhote, vamos brincar de outra coisa, já ficou bastante aí". "Não té", e resmunga, com cara feia. Decido exercer meu papel com mais convicção:"Caio, esse carrinho não é seu, e tem outra amiguinha querendo brincar, vamos sair". E o retiro de lá.

Aí começa o show. Choro, contorcionismo, se joga para cá, se joga para lá. Tentei colocá-lo no chão e foi pior, voltou para o colo. Minha vontade era enfiar a cabeça na areia, feito avestruz, e só sair quando ele paresse de chorar. Mas, como isso não é permitido às mães humanas, tive que enfrentar a situação que nem gente grande: antes que a tensão me dominasse, me concentro nele, esqueço de todas as mães-tias-avós-babás que estão nos assistindo e começo a andar com ele no colo pelo parquinho, tentando conversar calmamente. Só que os chiliques prosseguiam, até aumentavam. Fui até o outro canto do parquinho, já pensando que teria que ir embora dali com ele aos berros, mas de repente me veio uma luz e no meio do caos fui capaz de lembrar das preciosas dicas da Flávia e da Letícia, pensei rápido e busquei algo para distraí-lo: em poucos segundos estávamos sentados brincando de enterrar e encontrar uma linda flor roxa que estava caída na areia, e Caio aos poucos foi se esquecendo do tal "bibi". Logo estávamos rindo juntos de novo. Com ele mais calmo, convidei-o para balançar, e tudo voltou ao normal. Na hora de sair do balanço mais uma breve ceninha, agora por conta do soninho que chegava, mas rapidamente contornada.

Apesar de ter ficado feliz comigo mesma por ter dado conta da situação de uma forma bacana e relativamente rápida, sem chegar a extremos como elevar a voz, deixá-lo sozinho fazendo a birra ou retirá-lo aos berros do parquinho, a situação me deixou meio mal, um pouco por ver meu pequeno agindo daquela forma, um pouco por me perceber inconscientemente tensa por estar em público, um pouco por não saber exatamente ainda como lidar com a situação. Acabei dizendo mais de uma vez para o Caio que não tinha gostado da atitude dele, mas depois, refletindo um pouco, e lendo esse post da Flávia, que eu gostei demais, percebi que não adianta ficar remoendo a situação, que o melhor teria sido, talvez, depois de cessada a birra, compartilhar com ele do sentimento de frustração que ele experimentou, aproveitando a ocasião para ensiná-lo a lidar com ele. Ok, ninguém é perfeito, muito menos numa primeira vez (como em tudo na vida, né): acho até que nos saímos bem, e eu nem precisei virar avestruz...


Imagem retirada daqui.


segunda-feira, 23 de novembro de 2009

RETORNOS E PRESENTES (PRA VOCÊS!!)


Tô de volta, eu acho. Parece que a ventania passou. Parece... mas o fim do ano taí, né, já viu...

:: Primeiro retorno: o físico. É, fui viajar de novo. Depois de todo aquele sarcero (??) antes da primeira viagem, quinze dias depois me separei de meu pequeno de novo, por mais 3 dias. Saidinha ela!, vocês devem estar pensando. Mas não: eu tinha uma viagem de trabalho programada para um mês depois daquela primeira, e, dependendo do que rolasse enquanto eu estivesse no congresso, essa viagem seria cancelada e ponto. Mas como vocês viram, deu tudo certo, fui trocada por um danoninho e tudo ficou bem. Daí mantive a viagem, só que a dita cuja foi antecipada em 15 dias. E já não dava mais para cancelar. Acionei a mesma força-tarefa (vovó+papai) e fui tranquila, sem crise, pois já tinha dado tudo certo da outra vez. E deu de novo, thanks god. Dessa vez o Caio parece que sentiu mais a minha falta (olha o ego aí...), ficou tristinho um momento, fez beicinho vendo minhas coisas, mas logo caía na diversão com a vovó, o papai, o bibi e a motoca. E se jogou de cabeça no tetê, para tranquilidade geral da nação, já que o bicho é mamador mesmo. E daí eu voltei (até que suportei melhor a saudade dessa vez, só chorei duas vezes...), e nosso reencontro foi totalmente diferente do primeiro: ele tava acordando, ficou super alegre quando me viu, desceu da cama e veio sentar no colchão no chão, de frente pra mim, e aí ficou tímido. É, tímido. Parecia um gatinho manhoso, só faltava ronronar. Me olhava, dava uma risadinha tímida, virava o rosto, vinha pro meu colo, saía e olhava rindo, me abraçava e soltava, abaixava minha blusa... mas não pediu pra mamar. NÃO PEDIU. Ficamos curtindo aquela paquera, logo ele se jogou no meu colo de vez, já saiu andando de motoca pela casa e pediu um tetê pra vovó. AI. AIAI. Fiquei na minha, brincamos, cantamos, dançamos, eu me segurando... até que ele pediu: MAMÃE, TÉ MAMÁ. E eu fiquei toda feliz, tanto por ele ter pedido, quanto por sacar mais uma mudança na nossa relação: iniciou-se definitivamente uma interação para além dos peitones!!! E tá muito legal. Ele continua mamando (desmame gradativo, lembram?), só de manhã e de noite, e curte meu colo, meu aconchego, meu chamego a qualquer hora do dia, sem que necessariamente isso seja associado ao mamá. Estou adorando essa promoção: de mamá passei efetivamente a mamãe. Mamanhê, como ele chama quando está manhoso. Bom pra mim, bom pra ele. Como tem que ser.

:: Segundo retorno: o virtual. Depois de projeto de doutorado, congresso, entrega de trabalho, viagem a trabalho e prova de doutorado (hoje, quase morri...), tô voltando pro blog e para as leituras diárias: mamis blogueiras, preparem-se, que estou entupindo vocês de comentários!!! Rá!! Porque eu sou das blogueiras comentadêras, bem cumadre mesmo, A-D-O-R-O. Vocês já sabem, né? [e, por isso mesmo, adorei os comments no post anterior, anotei a dica da Magá, e espero poder mexer mais nesse bloguinho nos próximos tempos...]

:: Os presentes: é isso aí, o aniversário é do blog, mas como hoje ele é um blog com leitoras e leitores, e isso dá a ele um sentido todo especial, quem vai ganhar presente são vocês!!! êêêê!!! Vão ser dois sorteios bem legais, na minha opinião. Me aguardem!!!!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

1 ANO DE BLOG!!!!


Semana passada fez 1 ano que comecei esse blog!!! E, paradoxalmente, acho que este é o período em que ele se encontra mais caidinho, e eu mais ausente da blogosfera... Não consegui nem fazer o post de aniversário na data certa... Cest' la vie.

Quando comecei este blog, eu era uma recém-saída da concha da licença-maternidade (ainda pouco convicta se realmente queria voltar a trabalhar), Caio tinha exatos 7 meses, iniciava sua aventura no mundo dos sabores gastronômicos para além do leitinho materno e eu penava com a nova fase. Era um momento em que as milhares de novidades e transformações de um bebezico começavam a ser curtidas de um jeito diferente, sem toda aquela imersão inicial. Iniciávamos - eu, ele e o papai - uma nova etapa em nossa relação de familinha, cheia de tropeços e inseguranças, mas deliciosa: Caio se desprendia um pouquinho de mim, começava a ter corpo e alma alimentados de outras maneiras para além do mamá, o papai se inseria nessa nossa relação umbilical de uma nova maneira, passando a dividir comigo os momentos de alimentá-lo (dando meu leite enquanto eu ia trabalhar, depois participando ativamente da introdução de alimentos).

Uma fase de abertura, de transformação, de aprendizados diferentes dos primeiros meses. E eu deixava, aos poucos de ser uma pessoa mono-assunto: além da maternidade, do parto, da amamentação, do bebê e tudo o que diz respeito a esse universo, eu voltava a ter assuntos de trabalho, pelo menos. Rá! Mas, na verdade, estava difícil "mudar de assunto", comecei a me dar conta que talvez eu estivesse me tornando uma chata, nada me interessava tanto quanto conversar sobre as fases do bebê, trocar experiências com outras mães, saber como fulana resolvia o problema da assadura, como ciclana fazia a rotina do banho, como beltrana tinha introduzido as papinhas, etc e tal. Mas nem todos ao meu redor estavam nessa vibe, então fui ficando mais contida, me controlando e procurando interagir socialmente para além da mãe que havia me possuído por completo. Sei... Canalizei esse papo todo mais para o mundo "virtual", e é aí que entra esse bloguito.

Desde o nascimento do Caio, eu participava de uma lista de discussão de mães e bebês, era bem bacana (as listas também foram fundamentais durante a gestação, quando eu ainda não conhecia a blogosfera), um super canal ao qual eu recorria para desabafar, tirar dúvidas, trocar experiências. Mas com a volta ao trabalho (e uma certa "perda de foco" da lista em questão), fui me afastando da lista, minha caixa de emails foi entulhando, deixou de funcionar. Em paralelo, durante a licença eu tinha tomado contato com a blogosfera materna através do blog das Mamíferas. Nessa mesma época conheci o blog da Nau, e passei a acompanhar o crescimento da Ana Clara, que é alguns meses mais velha que o Caio, e era bacana ver o que vinha pela frente para ele. E tinha o blog da Camila, amiga real que mudou pra longe, onde eu acompanhava as peripécias da pequena Olga. Mas, na verdade, não sabia muito bem como funcionava, ainda não tinha sacado a grande rede que pode ser a blogosfera. Eu frequentava um ou outro blog e ponto, nem comentava, nem entendia pra que os comentários serviam.

Até que as Mamíferas abriram o blog para "Mamíferas Convidadas", eu já estava querendo começar a escrever algumas coisas sobre o turbilhão que tinha me invadido desde o nascimento do Caio, foi perfeito: em outubro do ano passado elas publicaram um textinho meu, e eu adorei a experiência. Daí resolvi tentar criar um blog. Fui fuçando daqui, fuçando dali, até que entendi como criar o dito cujo. Postei o mesmo texto que saiu no Mamíferas, pra testar, ver se ia funcionar. No dia seguinte declarei "oficialmente" inaugurado o blog: embora no post de "abertura" eu fale sobre "trocar experiências", não sabia direito como isso poderia acontecer, afinal, não tinha leitores e nem tinha pretensão real de tê-los, para além dos familiares e amigos distantes fisicamente, que há tempos cobravam uma forma de acompanhar o crescimento do Caio mais de perto. Então, inicialmente eu escrevia como uma forma de canalizar toda aquela vontade de falar sobre a maternidade (poupando o maridón, os amigos e os familiares do mono-assunto), de registrar momentos, fases, transformações do Caio e de compartilhar esses momentos com os mais chegados. Era uma coisa meio solitária, porque os poucos parentes e amigos "reais" que liam não conheciam muito bem (assim como eu) o universo de um blog, e raramente comentavam. Mas acompanhavam religiosamente, choravam, elogiavam, ligavam para saber mais detalhes de algo que eu contava no blog, e me animavam a continuar escrevendo.

Daí, em algum momento que não sei bem como e quando, alguma coisa mudou. Pessoas "estranhas" (rá! vocês!!) começaram a chegar por aqui. Mães blogueiras, super bacanas e participativas, a fim de trocar figurinhas. No começo, estranhei. A primeira a aparecer, retribuindo um dos primeiros comentários que fiz blogs maternos afora, e me ensinando indiretamente um pouquinho sobre como funcionavam essas trocas na blogosfera, foi a Ju (e como o mundo é pequeno, descobrimos depois que somos meio parentes! rá!). Não lembro bem como cheguei no blog dela (Desculpas de Mãe), mas foi um dos primeiros que conheci depois de ter entrado na blogosfera, junto com o Pacha Mama e o Pequeno Guia Prático. Desses, eu cheguei no Astronauta, e a Flávia foi minha primeira "amiga-virtual-mãe-blogueira": foi uma coincidência engraçada, eu tinha acabado de conhecer o blog dela, me identifiquei totalmente e linkei aqui, sem nem falar nada para ela, sem nunca ter comentado no blog dela (aliás, fiz isso com vários blogs, só depois fui me ligar que era bacana comunicar/consultar os blogueiros antes...). No mesmo dia ela apareceu por aqui, curtiu, se viu linkada, deixou um comentário fofo e me linkou. E depois disso, de uma hora pra outra, esse post foi a porta de entrada de outras leitoras: a Rê (Lilata) chegou através do Astronauta, a Mari retribuiu uma visita, depois apareceram a Rebeca (que tá sumida!!) e a Nat. No post seguinte elas voltaram a aparecer; logo ganhei meu primeiro selinho da Flávia e foi o mote pra fazer contato com duas blogueiras cujos blogs eu acompanhava, mas nunca tinha comentado (Nau e Micheliny), e retribuir o incentivo - mesmo que inconsciente - da Ju, da Mari e das Mamíferas na minha entrada na blogosfera.

E assim foi. Pelo blog da Flá e da Mari começaram a chegar outras visitas, e fui conhecendo outras blogueiras (e blogueiros) também. Algumas só passaram ou passam de vez em quando por aqui, mas já deram seu alô: Sheila, Elisabeth, Daniela PSF, Nat, Karenina, Val, Alessandra, Vânia, Juju, Jaque, Marcia, Ana Paula, Ondina, Nanda, Mãe da Elisa, Solange, Amandica, Karina, Sabina, Isadora, Mãe em Ação, Fudeu tô grávida, Cath, Bia, Patrícia, Vi, Avassaladora, Roberta, Katarina, Cris, Carol, Din, Giovana, Anne, Neural (o único papai, além do maridón, a comentar por aqui até hoje!)........

Outras ficaram, às vezes mais, às vezes menos, mas nos "encontramos" sempre blogosfera afora, somos quase íntimas (rá!) e queremos saber tudo dos "sobrinhos virtuais" (como apelidou a Rê): Flá (do João), Rê (do André e da Mariana), Mari (da Alice), Nau (da Ana Clara), Micheliny (da Nina e do Theo), Chris (do João Marcelo e menininha, sumida!!), Dani (da Nina), Fernanda (do Pitoco), Letícia (da Laura), Roberta (da Luísa), Pérola (dos bacurizinhos), Paloma (da Ciça), outra Paloma (da Isa), Dani (do Arthur), Lia (da Mila), Dany (do Caio), Roberta (do Noah), Cynthia (do Arthur), Ju (do Heitor), Maricotinha (da Ana), Lê (da Sofia - que também sumiu!!), Ellen (da Amanda e da Hannah), Isa (do Antonio e da Valentina), Mãe Aprendiz e Mari Tezzini (que têm aparecido com frequência ultimamente!), a "Grávida", e as futuras mamis Luíza Diener e Pati Boudakian........ (se esqueci de alguém que tá sempre aqui, perdoem!!!). Tem também a Taís Vinha, a Ombudsmãe, que já virou referência de blogagem materna séria e antenada com as principais questões que nos dizem respeito, e outros blogs maternos e paternos que frequento e adoro, mas que a relação ainda é de mão única, e por isso não registro aqui nesse momento.

Têm ainda os seguidores - parte deles são esses que registrei, e que tenho procurado conhecer, outros nunca se manifestaram por aqui, mas fico feliz que curtam o blog. Quando tenho um pouco mais de tempo (o que não é o caso, ultimamente, infelizmente), gosto de conhecer melhor as pessoas que passam por aqui, retribuir as visitas, estreitar um pouco mais os laços. É claro que é impossível saber todas as visitas que o blog recebe, ainda mais quando não deixam comentários, e nem todos os que passam por aqui têm afinidade suficiente para aprofundarmos minimamente uma relação "virtual", mas a experiência de conhecer pessoas e trocar experiências através do blog tem sido bem legal. Às vezes bate uma nóia, maridón fica falando da super-exposição, há todos os riscos da internet... mas ainda não avancei muito nessa reflexão, quem sabe um bom tema pra trocarmos figurinha mais pra frente.

E, enquanto isso, os parentes e amigos "reais" foram ficando ainda mais raros nos comentários do blog... Sei que vários acompanham, cotidiana ou esporadicamente, porque vira e mexe comentam pessoalmente comigo, mas eu quase nunca fico sabendo que passaram por aqui... Até hoje, só marcaram presença a Sir, a Flá, vovó Minês, vovô Sérgio, a Mê, a Tia Zuka, a Mary, a Magá, a Camila, a Crisilds, a Marina, a Fer (da Ju), a Charque, a Bi, a Tati e a Mari.

Tudo isso pra dizer, gente, que A-DO-RO quando vocês aparecem, principalmente quando comentam, porque acho bem bacana saber quem passou por aqui e, mais ainda, trocar idéias com vocês, através dos comentários e dos posts (que muitas vezes nascem de comentários). E que, nesse 1 ano de blog, essa troca intensa só me acrescentou aprendizados, que hoje é o próprio espírito desse blog aprendiz.

Então, pra todos nós que nos encontramos aqui, Feliz 1 ano de blog!! E que venham outros!!


[e, inspirada no que fez a Flá, e depois outras blogueiras, lanço a pergunta a quem quiser responder, a quem quiser aproveitar este momento para ampliar nosso canal de comunicação: quem é você que me lê? De onde vem, para onde vai... como chegou por aqui, porque ficou? tem filhos, quer tê-los? Fala que eu te escuto!!!!!!!! Rá!!]

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

SOBREVIVENDO À SEPARAÇÃO E AO EGO MATERNO


Demorou, mas voltei. É que, além dos sentimentos terem sido intensos nesta primeira separação do Caio, nosso reencontro foi ainda mais intenso, o feriadão foi muito bem aproveitado, o grude foi (está sendo) grande, e o tempo para escrever no blog (e ler os blogs que adoro) bem escasso...

Mas no fim deu tudo super certo. Algumas de vocês acompanharam os mini-relatos do papai sobre os dois primeiros dias nos comments do post anterior, e por ali deu pra sacar que a separação fluiu tranquila do lado de lá... E do lado de cá??? Não sei bem dizer, acho que estou processando ainda... Rá! Mas vamos a algumas elaborações despretensiosas:


1. o mito do choro incontrolável ou trocada por um danoninho

Eu jurava que o Caio ia abrir um berreiro incontrolável quando percebesse, na primeira noite, que a mamãe (o mamá) não estava em casa. Tá. Se teve alguém que caiu em choro incontrolável já na saída para a viagem, esse alguém foi a mamãe que vos fala (tudo bem que HOUVE motivos complementares além da "angústia da separação"... mas são de fóro mais íntimo do que me permito revelar neste blog, hoho, vocês vão ficar curiosos...). O Caio até deu uma choradinha quando nos despedimos, mas logo a criatividade da vovó transformou lágrimas em risadas e diversão. E, na primeira noite, quando acordou chorando e esfomeado (já que não teve mamá - peito - e ele não quis o tetê - copinho com leite - antes de dormir), e, novamente, não quis o tetê, a vovó tentou primeiro um mingau, e, sendo este veementemente recusado, ela apelou para um golpe baixo (e infalível): "quer um danoninho, então, Caio?". Para o meu desgosto (ou deveria ser alegria??), ele comeu o danoninho, deitou na cama e dormiu feito um anjinho até às 7 da manhã do dia seguinte. Enquanto isso, eu, a cada telefonema de manhã e de noite para saber das notícias, não resistia a dar uma choradinha...

2. o medo de traumatizar ou ego de mãe é um inferno

Outro ponto que eu tinha medo era de "traumatizar" o pequeno com minha ausência, tamanha era a minha certeza que ele não ia aguentar 3 dias e 3 noites longe da mamãe (e do mamá). Quá. Todos os dias, duas vezes por dia, minha mãe era obrigada a me responder (ainda bem que ela é mãe também, né, senão ia me mandar praquela parte...): "ele tá super bem filha. Tá brincando bastante, tá comendo super bem, tá dormindo fácil. Tá tudo ótimo aqui." E eu meio que duvidava - "ela deve estar falando isso só para me tranquilizar", teimava meu ego materno insuportável - e insistia: "mas ele tá alegre? não tá chorando? e na escolinha, tá ficando bem?". E a vovó respondia tudo de novo, naquela paciência que só as mães têm... O fato é que ele ficou muito bem MESMO: obviamente, em alguns momentos ele lembrava de mim (e isso não é o ego dizendo, não, a vovó e o papai que falaram, viu!), me chamava, resmungava um pouquinho (principalmente antes de dormir ou se acordava de madrugada), mas bastava vovó ou papai explicarem que a mamãe estava viajando, mas ia voltar logo, que ele respondia "tá bom", virava pro lado e dormia. Devo dizer que achei isso bárbaro (de verdade), porque sou daquelas mães que acreditam que criança entende tudo, e que dá pra conversar e explicar coisas até mesmo para um bebezinho de colo (já falei sobre isso várias vezes aqui no blog, como nesse post sobre quando o Caio começou a andar). Eu conversei muuuuuuuito com o Caio antes de ir, explicando que ia viajar, porque essa viagem era importante para mim, que ele ia ficar com o papai e a vovó e que logo a mamãe estaria de volta, e eles também fizeram muito isso enquanto eu estava fora. E parece que funcionou.

3. a ilusão de "liberdade" ou do porquê não caí na esbórnia

Me disseram que era para eu aproveitar a viagem, que eu ia me sentir tão "livre", "voltar a ser eu mesma" e coisas do tipo... Pensei: bom, acho que depois que eu estiver lá, a coisa não tiver mais volta, vou relaxar e curtir (lembrando que eu estava indo a um CONGRESSO, e não a uma colônia de férias...). Não rolou. Fiquei o tempo todo com a estranha sensação de estar "faltando algo" (lembrem-se que eu ainda amamento, que meu peito, mesmo murchinho, ainda bota inveja em muita mimosa, e que, portanto, ele me lembrava duas vezes ao dia que era hora do Caio estar mamando e que eu devia me recolher ao toalete para fazer a ordenha... muuuuu...). Fiquei meio passadinha mesmo, não podia ver uma criancinha na frente que parecia tia babona. Além disso, minha vontade era aproveitar todo tempo possível para dormir tranquila, simples assim. Some-se a isso tudo, um certo 'cdfismo' de achar que já que tinha ido sem ele, eu precisava fazer valer a participação no congresso: dá-lhe grupos de trabalho, mesas redondas, fóruns... (e olha que não acompanhei todo o congresso, viu!). Nesse ponto foi ótimo, estava com vontade de voltar à ativa na produção acadêmica. Mas, para não ficar parecendo uma boboca aos olhos do filhote quando ele for adolescente, ler esse post, e falar "ai mãe, como você era careta!", dou o braço a pau ma tória (quem não viu o ótimo post da Flá de hoje, corre lá para dar gargalhadas!!): tomei váááárias cervejinhas, e até me animei a ir no "baile da bibliografia" e ver os mais renomados cientistas sociais do país dançando ao som de "você não vale nada mas eu gosto de você". Ok. Mas a melhor parte foi voltar a pé, sozinha, com uma latinha na mão (relembrando meus velhos tempos de vida universitária) e apagar a luz do quarto antes da 1 da manhã, feliz da vida que no dia seguinte iria reencontrar meu pitoquinho.

4. o medo do desmame radical ou "mamãe, você não me conhece?"

Isso foi o maior furo da história: não sei como eu pude imaginar que corria o risco do Caio desmamar com a viagem. Apesar dele ter ficado super bem sem o mamá, lembrado poucas vezes e dormido tranquilamente com historinhas da vovó e do papai, esses três dias não foram suficientes para ele descurtir o dito cujo. Eu vim a viagem de volta toda me preparando psicologicamente, me convencendo que não ofereceria o mamá se ele não pedisse, mas não teve outra: nem dez minutos depois da minha chegada, ele já foi metendo a mão na minha blusa e dizendo com o sorriso mais contente do mundo no rosto: "mamá, té mamá!". E eu dei, claro, feliz da vida. Acontece que o bichinho agora deu pra compensar os dias que fiquei fora, e tá num grude com esse mamá que nem eu tô aguentando... esse é mamífero MESMO, não dá pra negar. Se depender dele, o desmame vai ser só quando entrar na faculdade... (piadinha velha essa, hein!).


Gracinhas à parte, foi tudo bem mais tranquilo do que me aterrorizava minha ansiedade de mãe durante meses antes da viagem. Foi super importante pra mim ter ido, foi bacana pro papai e pro Caio terem essa experiência de uns dias sem o controle da mamãe por perto, o saldo final foi positivo: estávamos mesmo prontos para esse acontecimento, acho que só por isso deu tão certo.

Para falar a verdade, acho que essa viagem me proporcionou o segundo momento mais emocionante da minha vida (depois do nascimento do Caio): reencontrar o pequeno depois dessa primeira separação foi sensacional. Assim que cheguei em casa desandei a chorar feito boba, ele começou a gargalhar de felicidade, ficamos nos abraçando, nos cheirando, nos enroscando, nos beijando, até ele pedir o mamá. Foi bom demais (mesmo porque eu estava crente que ele ia me ignorar quando eu voltasse, já que vira e mexe quando passo mais tempo longe durante o dia ele faz isso). E, sabe do que mais? Nossa relação mudou completamente depois dessa viagem. Pode parecer piegas, mas é a real: estamos muito mais ligados, para além do mamá, que era uma coisa que eu ansiava há tempos e achava que só rolaria quando ele desmasse. Tá uma delícia: ele tá numa fase ótima, super companheirinho, super interativo, curtimos horrores o feriado... enfim, estamos no maior love love love.


O que mais posso dizer... não valeu a pena tanta angústia, podia ter sido tudo bem mais leve, mas o que fazer se sou dramática? Maridão que me aguente (e vocês que lêem esse bloguinho também)!!


[utilidade pública: foi ótimo ler, semanas antes da minha viagem, esse bem humorado post da Roberta, do Piscar de Olhos, sobre sua primeira separação do filhote também por conta de uma viagem profissional; e foi aliviador ler esse post da Mari assim que voltei de viagem, para sacar como vamos aprendendo a curtir também os momentos sem os pequenos... Dois posts divertidos e inspiradores, valem muito a leitura.]

[E, nunca é demais repetir, um super obrigada meu, do papai e do Caio à super vovó, que ela merece!!!]

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

EU VOU...


pra matar a saudade enquanto eu estiver lá...

Amanhã é o grande dia. Vou me separar de Caio por 3 dias e 3 noites. Apesar da dor de barriga, acho que estou preparada. E, para falar a verdade (ainda que ela me doa), ele também está. Foi incrível a transformação dele nas últimas semanas, desde que escrevi aquele post: ele foi me dando todos os sinais para que eu me decidisse. E eu me decidi: estou indo sozinha, vovó e papai ficam com o pequeno. O bom é que vou voltar e vai ser feriado (e aqui onde moro o feriado vai até quarta... morram de inveja... rá!!!), e eu vou poder ficar GRU-DA-DA nele o tempo que eu quiser (e ele me aturar!).

Então é isso. Agradeço muitíssimo todas que comentaram naquele post, me encorajando com suas experiências, ou apenas me aconselhando a seguir o coração de mãe (que, como dizem por aí, não se engana). Agradeço em especial a Flávia e a Roberta, que foram além me mandando emails decisivos e reconfortantes. Agradeço, ainda, minhas amigas "reais" Magá e Rê, que também deram a maior força. E, principalmente, agradeço antecipadamente a super-vovó e o super-papai que estão fazendo de tudo para eu ir tranquila, e vão ter que aguentar as 1001 recomendações que vou fazer antes de sair.

E quando eu voltar da viagem e do feriado-grude, conto aqui como foi. Espero que eu traga notícias boas. Fui!

domingo, 25 de outubro de 2009

TCHAU, RUANDA...





Filho, hoje foi um dia esquisito. Você talvez não tenha percebido muito bem o que aconteceu, mas a mamãe e o papai terminaram esse domingo com um aperto no peito... É que hoje uma de nossas cachorras que você tanto adora, a Ruanda (também conhecida como Pêta), morreu...

Ela já estava velhinha e doente quando você nasceu (o papai tinha ela desde que entrou na faculdade!), mas brincalhona como ela era, vocês puderam se divertir juntos algumas poucas vezes, embora ela desconfiasse um pouco de você...

Vamos sentir saudades... mas você ainda tem a Taipa para brincar e dar muito carinho! E com certeza, outros bichos de estimação ainda farão parte de sua vida, já que você gosta tanto deles!

Agora, só nos resta falar: "Tchau, Pêta!" E a mamãe vai chorar mais um pouquinho pra aliviar o peito antes de dormir...


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

PROCURANDO LUCIANA


Divulgando um pouco atrasada, mas nunca é tarde nesses casos (ainda mais considerando que tenho leitoras da cidade de Araraquara - prestem atenção, meninas!): Luciana Gonzaga Lopes, de 26 anos, era estudande de pedagogia na Unesp de Araraquara e, há pouco mais de 1 ano, teve um bebê e foi abandonada pelo pai da criança. Com depressão pós-parto, retornou para a casa dos pais em Jundiaí, de onde foi embora no dia 1º de junho deste ano, levando apenas a roupa do corpo e alguns remédios. Desde então ela está desaparecida.

Sua irmã, Milene (amiga da futura mamãe
Lia) na tentativa de obter qualquer notícia sobre o paradeiro de Luciana, criou o blog Procurando Luciana, onde conta a história do desaparecimento, divulga algumas fotos e telefones para contato, e acaba, de forma indireta, por ajudar a difundir um assunto tão mistificado (e grave) quanto a depressão pós-parto. Muitas mulheres passam por isso (ou pelo baby blues, muitas vezes confundido com a depressão), e nem sempre são diagnosticadas ou tratadas adequadamente. O apoio da família, nesses casos é fundamental, mas nem sempre resolve, como o caso de Luciana torna explícito.

Então, gente, quem puder, ajude a divulgar o blog
Procurando Luciana e a busca da família dela, que, apesar de agoniada, não perdeu as esperanças. Especialmente vocês, meninas araraquarenses, dêem uma olhada no blog, de repente vocês conhecem a Luciana, o ex-marido, ou alguém que possa ter notícias dela... E divulguem por aí também.

domingo, 18 de outubro de 2009

EMPODERAMENTO INDIVIDUAL E COLETIVO


A Flávia falou aqui sobre o poder que nossa rede materna na net tem. A Roberta mandou uma Carta ao Prefeito do Rio que está circulando na blogosfera materna e ganhando força pra fazer algo acontecer. As Mamíferas estão sempre contando histórias de empoderamento de gestantes e mães, e das transformações promovidas por elas mundo afora. E eu queria compartilhar com vocês um pedacinho da minha própria história de empoderamento, e das consequências mais amplas que ela tem tido, copiando aqui um email que recebi esta semana da obstetra que acompanhou toda minha gravidez, e que, ao final das contas (como eu conto no meu relato de parto que está quase pronto, mas não acaba nunca) não realizou o parto do Caio, que foi feito em casa com uma enfermeira parteira muito querida, inclusive amiga dela (quem quiser saber um pouquinho do meu parto, minha doula fez um relato AQUI).

A decisão de parir em casa foi tomada quase de última hora, mas de forma bem tranquila e, de certa forma, compartilhada com a obstetra, que concluiu, em uma das últimas consultas antes do nascimento do Caio, que os limites dela, como médica, e do que ela podia fazer na estrutura da maternidade em São Carlos, estavam muito aquém das minhas expectativas em relação ao parto, e que ela não queria me frustrar. Mas se colocou à minha total disposição caso fosse necessário irmos para o hospital, o que me deu ainda mais segurança na minha decisão.

Estou contando tudo isso porque, há uma semana, minha doula, minha parteira, minha obstetra e uma outra doula iniciaram o Grupo de Apoio ao Parto Natural de São Carlos. Dá para imaginar como fiquei radiante, né? Minha doula havia comentado comigo que estava trabalhando bastante em conjunto com minha obstetra, que ela estava bem mudada, e que ela dizia que tinha mudado depois de acompanhar uma gestante que havia questionado alguns procedimentos considerados "padrão" (no caso, euzinha aqui!!). Fiquei super feliz com a notícia, claro, mas nada comparado ao que senti quando recebi esse email dela, que compartilho aqui por dois motivos: para registrá-lo nesse meu cantinho de memórias da gravidez, do parto e dos aprendizados como mãe, e, principalmente, para atestar que nosso poder de transformação do mundo que nos cerca é enorme, e às vezes não nos damos conta. E que se, sozinhos, eu e Dani pudemos mexer alguma coisa dentro dela que a estimulou a mobilizar-se pela humanização do parto numa cidade em que o índice de cesárias chega a 98% na rede privada, imagine nós, mais todos os outros casais que têm buscado essa mudança por aqui, somados a esse Grupo que acaba de se iniciar... A transformação será certeira, não tenho dúvidas. E isso me empodera ainda mais.

Thais

Bom ouvir notícias suas!
Vc talvez não saiba, mas o acompanhamento da sua gestação foi um "turning point" para mim. Todas as coisas desagradáveis que aconteceram com vc (desencontro de informações, atendimento inadequado na maternidade, procedimentos desnecessários...) foram responsáveis pela minha reflexão sobre a prática profissional e minha entrada no mundo da humanização.
Sua gestação foi, para mim, um grande aprendizado.

Nossos encontros serão quinzenais, já vou colocar vc na minha lista de email para encaminhar as datas. Sua experiência com certeza motivará outras mulheres.

Um beijo grande


SORTEIO PASSAPORTE DA LEITURA


Promessa é dívida: hoje temos o resultado do sorteio do Passaporte da Leitura + Cd promocional com música Brincar de Ler, do Palavra Cantada, ambos frutos do belo trabalho de incentivo à leitura no país promovido pelo Instituto Ecofuturo.

Como o outro sorteio que fiz por aqui, e seguindo outras blogueiras mais escoladas do que eu, fiz o sorteio pelo site random.org: selecionei os comentários válidos, que foram 10, e lancei no programinha que eles disponibilizam na homepage. E o resultado foi esse, ó:


A sortuda da vez foi a Cynthia, mamãe do fofo Arthur e dos blogs Eu e Eu e Balde, Areia e Balanço, e a primeira a comentar no post, êêêêê!!!! (dessa vez você passou longe, Lia... mas também, ia ser sorte demais, né, ia até parecer marmelada...rá!)

E quem não ganhou nem aqui, nem nos outros sorteios que rolaram blogosfera afora, não fiquem triste, não: vocês podem baixar o Passaporte, gratuitamente, AQUI. No fim das contas, o que mais importa são as dicas bacanas que ele contém, e que estão disponíveis na rede para todos que quiserem se informar sobre como introduzir os filhotes ao universo da leitura!! Aproveitem!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

DESEJO, NECESSIDADE, VONTADE



as fotos já são um pouco antigas, mas a bagunça continua...

Mamãe dando comidinha pro filhote, que está num divertido (e sujismundo) aprendizado de comer sozinho com a colher e o garfo (imposto aos pais por ele mesmo, afe!). Comeu, comeu, comeu e, antes de acabar o prato, começou a virar a cara e falar: "não té maich" (não quero mais). Mamãe insistiu mais um pouco, viu que não ia virar nada, e começou a comer o restinho, já que ainda não tinha jantado e estava faminta. Na segunda colherada, o filhote aponta para a geladeira e fala: "ovo". A mãe: "ovo, filho?" E ele: "ovo". "É filho, o ovo tá na geladeira". "Té ovo". A mãe não acredita: "você quer ovo, filho?" Ele: "té".

Ela duvida, pergunta mais umas trezentas vezes, e resolve testar: pega um ovo na geladeira, pega a frigideira, vai narrando tudo para o filhote, em tom quase ameaçador: "a mamãe vai fazer ovinho pra você, quero ver você comer, hein!" (oh culpa!, mas foi mais rápido que seu eu-mãe-educativamente-correta...). Ah, no que ela abriu a geladeira, o filhote viu tomatinhos-cereja e pediu, apontando: "té, té". Mamãe pica dois tomatinhos e coloca na bandejinha dele. Enquanto ele se lambuza com os tomatinhos, ela faz um ovinho mexido delícia, que fica super amarelo em razão do ovo ser caipira. Coloca no prato, mostra ao filhote: os olhinhos dele saltam ao ver o mexidão amarelo, ele quer por a mão, mas está quente. Mais um tomatinho-cereja enquanto o ovinho esfria. Mexidinho no ponto, o restinho da comida que a mãe quase traçou vai junto nas colheradas, e o pequeno come uma pratada e tanto. E mamãe medita: mais do que necessidades, os pequenos tem desejos e vontades próprias; quando compreendemos e aprendemos a ouvi-los, não necessariamente através de palavras, tudo fica beeeem mais simples e divertido.


quarta-feira, 14 de outubro de 2009

SEMANA NACIONAL DA LEITURA + SORTEIO!


duas crianças brincando de ler... e daí que o livro tá de ponta cabeça?

Sempre gostei das palavras. Filha de professores de português, no meu caso o santo de casa fez milagre sim: desde cedo aprendi a gostar de ler e escrever. Minha memória é péssima para lembranças remotas e visuais, mas, mesmo assim, algumas das cenas que ficaram gravadas profundamente em mim têm a ver com livros e leitura, a partir do meio da infância para a adolescência. Lembro do quartinho-escritório nos fundos de casa, onde eu e minhas irmãs nos divertíamos em meio a livros, enciclopédias e papéis. Lembro perfeitamente da coleção do Monteiro Lobato encadernada em capa dura azul marinho (ou seria vinho? ihhhh...), que ficava na estante do meio. Fascínio absoluto. Lembro de mim mesma deitada na linda rede azul com flores coloridas bordadas, passando a tarde toda lendo livros da coleção Vagalume [pausa: meu filho acaba de vir correndo do quarto dele com um livrinho na mão para me mostrar... e agora ele sentou aqui do meu lado e está folheando atentamente o livrinho... sintonia pura!] - o livro O Escaravelho do Diabo exercia um grande fascínio naquela pré-adolescente que eu era: que cargas d'água seria "escaravelho"?, eu me perguntava. E com as leituras eu aprendia tanto sobre as palavras e o mundo!, muito mais do que podia imaginar naquela época.

Flicts, A Bolsa Amarela, Chapeuzinho Amarelo, No Reino Perdido do Beleléu... revirando a memória, chego a lembrar detalhes, ilustrações, quiçá até as sensações que cada uma dessas leituras me proporcionou. E lembro do cheiro dos livros... pode isso?

Como começou esse meu contato com os livros e a leitura? Não sei dizer. Minha memória não alcança tanto (mãe, me ajuda!!). O que posso dizer, a partir do que essa memória manca me permite, é que meus pais liam bastante (a primeira vez que vi os livros Olga e O Nome da Rosa foi na cabeceira deles, eu era ainda uma criança, e nunca mais esqueci esses títulos... coisa engraçada é a memória...) e sempre tive muito contato com livros em casa. Tenho certeza que isso foi fundamental.

Mas sei também que passei um tempo meio "de mal" dos livros, e que isso teve a ver diretamente com a escola, os estudos: grande paradoxo. É que nunca gostei de ler por obrigação, com prazo marcado, com tema imposto por outro alguém. Posso afirmar com certeza que o período em que menos li por prazer, por vontade própria, foi durante o colegial e a faculdade. Era tanta leitura obrigatória que me tirava o ânimo da leitura aleatória, aquela que você escolhe sem mais nem menos, resolve começar e mergulha de cabeça. No colegial, não vou nem comentar, acho totalmente equivocada a associação literatura-vestibular que transforma os adolescentes em leitores-de-resumos. Já no caso da faculdade, não que eu não lesse coisas interessantes nessa época (ai, tô ficando velha... "nessa época"...), li muito sobre arquitetura e urbanismo. Mas me afastei da literatura.

E, curiosamente, depois que o Caio nasceu é que me reencontrei mais profundamente com ela. Voltei a ler com uma intensidade que há muito não me tomava. Tenho apreciado muito o prazer de escolher um livro para ler, ir adentrando na história um pouquinho por dia, quase religiosamente. Mal acabar um e já começar a pensar qual será o próximo, ir acumulando títulos do desejo em uma fila imaginária. Delícia.

Bom... toda essa divagação me veio desde segunda, quando pela primeira vez comemorou-se o Dia Nacional da Leitura, e está me cutucando por toda essa Semana Nacional da Leitura e da Literatura: como começamos a gostar de ler? a partir de que momento a criança apreende o prazer e magia de um livro? como estimular brincando, como fazer os livros e a leitura entrarem de mansinho - e definitivamente - na vida de nossos filhos?

Já falei aqui sobre minha ansiedade em introduzir os livros no mundo do Caio, e como isso foi acontecendo aos poucos e de forma bem divertida. Os livrinhos são brinquedos para ele, são pura brincadeira, e é esse prazer que quero estimular conforme ele for crescendo: ler é para ser diversão, não obrigação, como aprendemos em tantas escolas por aí.

Eu não lia para o Caio na barriga. Não combina comigo, demorei até para conseguir conversar com a barriga... Mas desde que ele começou a dar sinais concretos de que estava lá dentro (chutes, socos e etc) eu comecei a conversar muuuuito com ele, contar histórias do meu dia, da nossa vida aqui fora. E quando ele nasceu, a mesma coisa: muita conversa, muita cantiga, muitas palavras rodeando o seu dia. Daí vieram os livrinhos: livrinho de morder, de dobrar, de chacoalhar, de tatear, de apertar para ouvir sons, de abrir e fechar dobraduras, de encaixar formas e figuras... e, mais recentemente, livrinhos de ler!!! (Rá! quem disse que livro é só para ler as palavras com os olhos?? as crianças leêm de variadas maneiras, com todos os sentidos!!!) Hoje eles são parte do nosso dia-a-dia: brincamos de folhear, ele mostra as imagens para nós, ele fica minutos entretido folheando um por um seus vários livrinhos, e lemos para ele em diversos momentos do dia. Não temos muito uma rotina, ainda não incorporamos, por exemplo, a leitura antes da hora de dormir, mas estamos no caminho. Tem horas ele pede para lermos, tem horas o convidamos a sentar em nosso colo, ou ao nosso lado, e lemos para ele. Mas sempre é uma grande brincadeira.

mesmo sendo brincadeira, olha como ele tá compenetrado!!

E a idéia da leitura como brincadeira é o tema da campanha que o Instituto Ecofuturo, principal articulador da instituição do Dia Nacional da Leitura na mesma data do Dia das Crianças, criou para incentivar a leitura no país: "brincar de ler" é o feliz slogan da campanha, e também o mote da publicação "Passaporte da Leitura", que traz dicas de como tornar a leitura uma diversão vivenciada em conjunto por pais e filhos.


Pensando em tudo isso agora, me veio à mente que esse "Passaporte" teve papel fundamental nessa minha forma de introduzir o Caio aos livrinhos: quando eu ainda estava grávida, uma amiga querida que trabalha comigo na Teia me mostrou o passaporte, que havíamos recebido por sermos um Ponto de Cultura. Ela não tem filhos, e lembro que disse algo assim: "agora que você vai ser mãe, você tem que ver isso aqui com carinho". Cheguei em casa depois do almoço, deitei no sofá (ô saudade de fazer isso!!!) meio sem botar muita fé naquele que me parecia um "panfletinho qualquer" e, qual não foi minha surpresa ao ver a quantidade de informações e dicas preciosas sobre como estimular o prazer da leitura em bebês, crianças e até adultos, tudo em linguagem super acessível (e muito bem escrito!) e com uma qualidade visual que fez toda diferença para despertar minha atenção para o assunto. Adorei, guardei, mas me esqueci dele depois do nascimento do Caio. E agora, 1 ano e meio depois, recebi um exemplar do Passaporte não apenas para curtir, mas também para sortear aqui no blog.

Então, quem quiser ter em casa essa publicação pequenina, mas muito valiosa, acompanhada de um cd com a música comemorativa "Brincar de Ler", feita pela dupla (que eu adoro) Palavra Cantada, deixe um comentário nesse post com seu nome, nome dos filhotes e endereço de email ou blog para contato. Quem quiser ir além, contando um pouquinho da sua experiência na introdução dos pequenos aos prazeres da leitura, eu vou AMAR, e todos temos a ganhar! O sorteio será no próximo domingo.


- Para saber mais sobre o Dia da Leitura: www.dianacionaldaleitura.com.br

- Para conhecer o trabalho do Instituto Ecofuturo: www.ecofuturo.org.br

- Para fazer o download do Passaporte Brincar de Ler: aqui

- Para acompanhar a blogagem coletiva que a super antenada Letícia chamou nesta Semana da Leitura, e tentar a sorte nos outros sorteios do Passaporte que estão rolando na blogosfera: Pelos Cotovelos e Cotovelinhos, O Astronauta, Meu Projetinho de Vida, Novas Peripécias de Cecília, Pai É Quem Cria, Mamãe Antenada, Pequeno Guia Prático, Conversa para Mãe Dormir, Um, Dois, Três, Saco de Farinha!, De Mãe Para Mãe e Devaneios de Mãe.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

CRIANÇA

Já gosta da mamãe
Já gosta do papai
Não sabe tomar banho não
Já sabe tomar banho
Já quer ouvir histórias
Não sabe pôr sapato não
Já sabe pôr sapato
Já come até sozinho
Mas nunca escova os dentes não
Já escova bem os dentes
Já vai até na escola
Não sabe jogar bola não
Já sabe jogar bola
Já roda, roda, roda
Não sabe pular corda não
Já sabe pular corda
No colo quer carinho

("Já Sabe", música do Palavra Cantada)


Escolhi essa música pra hoje. Não que eu dê muita bola para o dia da criança em si, porque essas datas são sempre questionáveis, o caráter comercial acaba falando mais alto. Mas tenho boas lembranças dos meus dias da criança, e fiquei tentando buscar dentro de mim o que originou esse sentimento gostoso. Claro que toda criança gosta de ganhar presente. Eu adorava. E por isso vou dar um presente pro Caio nesta data, sim (embora não tenha comprado ainda... rá!). Mas tem outra coisa que ficou: a possibilidade de curtir um dia qualquer, inteirinho (ainda mais uma segunda, que delícia), junto com pais, irmãos, tios, avós... Claro que não precisa ser dia da criança pra isso acontecer. Mas o dia da criança é um dia a mais, gosto de pensar assim. E hoje, nessa segundona chuvosa, estamos todos aqui pra curtir com o Caio: mamãe, papai, vovó, vovô, titia, titio, já passamos pela casa da bisa... e é uma segundona, quando a maioria de nós não estaria junto, estaria trabalhando ou envolvido nos afazeres do cotidiano.

Mas, voltando à música: ela está na minha cabeça desde ontem, porque acho que ela expressa muito bem essa fase incrível que é ser criança! Pelo menos, ela expressa o que tenho sentido convivendo com o filhote de 1 ano e meio: ser criança é aprender tudo do mundo, um pouquinho por dia, devagar e sempre em alguns momentos, de uma hora pra outra em outros. E tudo é novidade, tudo é mágico, tudo é brincadeira, as possibilidades são infinitas... tem coisa melhor que isso?

Isso é o que tem me fascinado nessa fase do Caio, a quantidade de coisas que ele aprende, as mudanças diárias no seu jeitinho de estar no mundo, de interagir com as coisas e as pessoas. A cada momento é um novo "já sabe", incrível demais!! É um novo jeito de andar, de correr, é uma nova forma de brincar, é a vontade de fazer cada vez mais coisas sozinho, é a ampliação das linguagens - verbal, corporal, musical, é o aprendizado das trocas cada vez mais conscientes, de dar e ganhar um carinho, de puxar pela mão e mostrar algo, de fazer algo esperando uma reação do outro... E no final (e no começo e no meio) de tudo tem sempre a vontade de um chamego, de um colo, de um carinho... não importa a idade da criança!

Então fica aí essa música, que apesar de simples, diz muito: carinho, colo, aprender a olhar, descobrir o mundo, "já saber" uma coisa nova a cada momento, ser incentivada a criar a partir do que ela já sabe, e mais carinho, mais colo, muito amor... é isso que as crianças precisam, é isso que temos de melhor a dar a elas, não só hoje, mas todos os dias.

Fazer minha criança feliz. E me permitir ser feliz com ela. Esse é meu maior desejo nesse dia. Sem data e hora marcada, mas, podendo aproveitar as datas, que seja da melhor maneira!!!


(e ainda não acabou, que hoje é também DIA DA LEITURA, teremos sorteio aqui no blog, e vou tentar participar da
blogagem coletiva proposta pela querida Letícia, do blog Pelos Cotovelos e Cotovelinhos. Passem lá!)

VALEU!


Aproveitando a soneca do Caio, passo por aqui rapidinho para agradecer todos os comentários carinhosos e aconselhadores dos últimos posts: A-M-E-I, gente!!! É por essas e outras que a blogosfera me conquistou. Valeu mesmo!!! Depois eu conto as cenas do próximo capítulo... rá!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

DA SÉRIE: DILEMAS DE MÃE



Logo mais, daqui há algumas semanas, terei um congresso em Minas Gerais. Vou ficar 3 dias e 3 noites fora. E estou sofrendo com isso há pelo menos uns 6 meses: como eu vou ficar tanto tempo longe do Caio??? E como ele vai ficar tanto tempo longe de mim (e do mamá, que é o que ele mais sente falta, humpf!)???

Ir ou não ir? Fazer um bate-e-volta insano só para apresentar o trabalho? Levar a vovó e o filhote a tiracolo? Dúvidas e mais dúvidas.

Metade de mim acha que já estamos prontos para mais esse passo, que o papai e a vovó são excelentes cuidadores e vão dar super conta do recado, que 3 dias e 3 noites sem mamar no peito não vão ocasionar um desmame radical (o qual iria contra todos os meus princípios)...

A outra metade acha que ainda é cedo para essa separação tão longa, que ele vai sentir muita falta do mamá (e da mamãe também, vai!), que vai ser um período sofrido para ele e para mim, que se der é melhor evitar...

E aí, parpites????

domingo, 4 de outubro de 2009

domingo, 27 de setembro de 2009

O CHORO QUE VEM DEPOIS


Já era noite. Eu e Caio sozinhos em casa, nos preparando para a curta viagem até a casa da vovó e do vovô. Eu carregava o carro rapidamente, enquanto ele se distraía na sala. Então ele veio até a porta, eu já fechava o portão. Estava há menos de um metro de distância dele. Ele foi descer o degrau para a garagem, mas olhava para mim, pisou em falso... "Vai cair!" E popof!! A antevisão do tombo não me garantiu evitá-lo: "meu reflexo foi lento demais!" seria a frase que me perseguiria nas horas seguintes. Enquanto eu via o tombo, corria para segurá-lo, mas não deu tempo. O tombo foi feio, o menino quicou no degrau, deu uma semi pirueta e caiu no chão. O coração disparado, os braços estendidos para aninhá-lo, o choro de cortar o coração. Apesar do desespero, tento racionalizar: olho Caio de cima abaixo, "cortou? tem sangue? tá machucado?", vou inspecionando cada cantinho, ao mesmo tempo em que o abraço forte. Vou ao banheiro para lavar rosto e mãos do pequeno, e o sangue começa a escorrer do nariz. D-E-S-E-S-P-E-R-O! Era a segunda vez que via sangue nele, a primeira no nariz. E o medo de ter quebrado??? Tentava estancar o sangue e analisava aquela bolinha perfeita que ele tem no rosto: não parecia ter quebrado, mas tinha uma marca de batida no alto do nariz. Vamos para a sala, coloco ele no peito para conseguir limpar melhor o sangue: em poucos minutos ele estava reestabelecido, me olhando e rindo, fazendo graça com o mamá, o sangue estancado. ALÍVIO IMEDIATO. Tento ligar para a pediatra, em todos os telefones, e NADA (droga!). Caio já está no chão, alegrinho, brincando. Decido ligar para o pai, que está a milhares de quilômetros de distância (sabia que não ia resolver, mas pelo menos ia dividir a agonia...): ele me consola - "nariz é sensível mesmo, qualquer batidinha sangra", me tensiona - "mas você que está aí vendo, parece que quebrou? ele tá bem?", me puxa a orelha - "vê se deixa a porta fechada da próxima vez..." (grrrrrrrrrrrrrrrr!) e me alivia "se ele tá brincando, tá tranquilo, é porque tá tudo bem, fica calma!". Ok, beijo-tchau. Resolvo ligar para uma amiga-mãe mais experiente do que eu: "menino é assim mesmo, Thaís, ih, vai sangrar muito esse nariz! Se ele mamou, não vomitou, não dormiu, tá alegrinho é porque tá tudo bem. Espera um tempinho pra ver se ele fica bem mesmo e pode ir tranquila." Espero. Observo. Olho mil vezes, "essa luz não tá boa, vamos pra cozinha", olho de novo, aperto pra ver se sente dor, "tá doendo filho?", olho de novo, "será que quebrou? acho que não, ele não sente dor... mas tá ficando roxinho! levo ele no pronto atendimento? ai, mas aquele ambiente horrível, vão fazer raio x nele, tão pequeno..." Um incessante e agoniante diálogo interno se processava, e ele ali, brincando, fazendo graça. E fez um baita cocozão. "Ele tá bem" foi a sentença final do diálogo. Com ele no colo, tirei as bolsas que já estavam no carro, limpei o dito cujo, troquei, coloquei tudo de volta no carro, coloquei ele na cadeirinha e peguei a estrada. Meu pai me liga na saída da cidade, conto o que aconteceu, digo que logo estou chegando. Em minutos Caio dorme. E eu desabo numa choradeira sem fim, torneira aberta para aliviar o coração. Porque mãe tem que ser forte e aguentar o tranco, mas não é de ferro.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

IDENTIDADE


Caio está aprendendo a falar o próprio nome, começa a se reconhecer no espelho (antes era apenas "nenê") e a distinguir-se e a outras pessoas em fotos também. Está em plena descoberta do seu "eu"... (bonito isso, hein!)

Há algum tempo, ele já vinha passado o dia todo nos diferenciando - mamãiiii, papaiiii, bobó, bobô, titiiia, titiiio -, mesmo que não estejam todos por aqui, como que para exercitar. Depois, começou a falar um por um (em bebenês, mas tá valendo) os nomes dos amiguinhos do Jatobá. E agora, quando perguntamos sobre o nome dele, diz, bonitinho: "Taiôôô!" Ainda não fala espontaneamente, como todos os outros nomes, mas está aprendendo. E nosso cordão vai se rompendo cada vez mais, no tempo dele.

Então, pra ninguém achar que tô inventando (mãe tem dessas, né!), filmei uma das primeiras vezes que ele falou o próprio nome por livre e espontânea pressão (rá!), registrando para a posteridade esse momento tão importante na vida do meu pequeno... Babem:





quarta-feira, 16 de setembro de 2009

MENINICES


malandro, eu?


:: CORRA, CAIO, CORRA!

Há uns quinze dias Caio aprendeu a correr de verdade. Antes, já dava suas mini-corridinhas, meio ganso ainda, como que ensaiando. E então ele aprendeu. Descobriu que colocando as mãozinhas abertas para trás, com os braços esticados rente ao corpo, ganhava estabilidade, e foi. Praticamente um ás da aerodinâmica, meu filhote. De lá para cá, ninguém segura este bebê: corre nos lugares mais improváveis, e o pega-pega reassumiu o posto de brincadeira preferida (como era nos velhos tempos - ! - em que ele engatinhava). Recentemente, descobriu uma nova modalidade, estilo marcha olímpica: mãozinhas fechadas, braços colados ao corpo, movimentos sincronizados, chacoalhadinhas de quadril... uma graça!


:: PEITÃO

Ainda estou passada: ontem eu e Caio fomos tomar banho juntos, na maior animação. Eis que ele olha bem para aquilo que, até outro dia, era chamado apenas de "mamá" e grita, em alto e bom som "PEITÃO!", com um sorriso maroto no rosto e as mãozinhas frenéticas em direção ao dito cujo. Eu: "o quê, filho?" E ele: "A PEITÃO, MAMÁ!", repetindo toda a cena de felicidade explícita, acrescida de uma sambadinha enlouquecida. Comecei a gargalhar, óbvio. Agora, me diz: se ele ainda não vê televisão, onde esse menino anda aprendendo essas coisas??? Papai?? Vovô?? Talvez os amiguinhos mais velhos da escolinha?? Ou, ainda, será que nesse mundo 'muderno', os bebês já nascem criados nesse quesito??? Não vai ser fácil ser mãe de menino...


:: MALANDRAGEM

Sempre que vou fazer algo com o Caio que ele não curte muito (como trocar de roupa, trocar fralda ou enxugar a cabeça e as orelhas depois do banho), tento incluí-lo na atividade, no esforço de torná-lo mais colaborativo, usando a expressão: "ajuda a mamãe, filho" ou "me ajuda, Caio". Daí que, desde ontem, ele resolveu virar o jogo: sentado no cadeirão, começou a forçar para escorregar por baixo do tampo, e, antes que eu dissesse "não faz isso, filho", ele me lança um 'aduda, aduda!' (ajuda, ajuda!) para que eu o tirasse de lá! Não sabia se ria ou se dava uma bela bronca nesse arteiro, que já sabe usar de artifícios charmosos para conseguir o que quer. Depois, hoje, de novo: quando falei para ele "filho, vamos tomar banho", ele começou a tentar abrir minha blusa para mamar e despistar o banho, mas, não conseguindo, apelou para a nova aquisição linguística: "aduda, aduda!" Só que, dessa vez, o charme não colou: não teve ajuda que o livrasse do banho.