Como bem disse a querida Magá, mais uma aprendiz de mãe nesse mundão-de-meu-deus, bastou a gente se tornar mãe para virar também mulher-maravilha. Filho, marido, casa, trabalho(s), família, amigos, escolinha, corpo, mente, empregada, (artigo pra congresso, regime, festinha de um ano) etc etc etc... tudo isso somado a pelo menos um ano e meio (no meu caso) de noites de sono intermitente... É muita coisa para administrar e conciliar e, como se já não bastasse nossa auto-cobrança - temperada com doses cavalares da tão famosa culpa materna - para fazer tudo do jeito que consideramos perfeito (não aceitamos nada menos que isso), ainda temos que ouvir por aí: 'você precisa se cuidar mais' ou 'você tem que fazer doutorado logo, né'...
Mãe não pode ter mau humor. Cara amarrada, nem pensar: 'nossa, como você tá estressada, credo!' Temos que dar conta do recado, sempre lindas, sexies e sorridentes: as verdadeiras mulheres-maravilha. E o pior é que só as mães sabem disso: o resto da humanidade (e aí eu estive incluída até há bem pouco tempo atrás, antes do Caio nascer - desculpa, viu, mãe!), principalmente a maioria dos homens (rá! não podia passar sem essa!), nem se dá conta disso, é como se tudo fosse tão natural, tão simples, tão igual. Alguém aguenta?
Vejamos um sábado na vida desta mulher-maravilha que vos fala: acordei com o filhote resmungando, às 6hs da manhã (depois de uma noite que não foi das melhores, já que ele estava meio doentinho). Dei mamá pro bichinho. Enquanto o pai trocava ele, fui pro mercado perto de casa comprar o café da manhã e alguns itens que faltavam pra fazer a papinha do Caio. Preparei o café, que tomei brincando com o ele. O pai saiu. Tirei a mesa, e o filhote já estava com soninho: mamá novamente. Aproveitando a soneca do pequeno, fui preparar sua comidinha: quando estava no meio processo, ele acordou manhosão (como todo bebê doentinho) e quis colo. Coloquei ele no sling e continuei fazendo a papinha. O pai voltou, e deu a frutinha da manhã, enquanto eu me arrumava para ir ao supermercado (fazer as compras do mês, já que eu não tinha conseguido ir durante a semana e a despensa estava completamente vazia). Lista em punho, fui. Com o carrinho quase completo, minha irmã (querida titia, que veio nos visitar) me ligou, já estava na rodoviária. Deixo o carrinho no super, vou buscá-la e volto para finalizar a compra. No meio do caminho lembro que está na hora da homeopatia do Caio, e ligo para lembrar o pai, já impaciente com minha demora (!). Chego em casa: filho quer colo, pai de bico, compras pra descarregar e guardar, papinha do nenê para dar, louça pra lavar, almoço pra fazer, vontade de tomar cerveja e botar o papo em dia com a Flá, fome. Depois disso tudo, com o almoço pela metade, o filhote com sono, hora do mamá, paro tudo e vou. Ponho ele dormindo no berço, completo o almoço, comemos, o pai tem que sair novamente. Finalizo o convite da festa de aniversário de um ano do filhote (é, tem isso ainda!). Descanso um pouco, e logo o filhote acorda. Brincadeiras, mamá, gotinhas, frutinha... o pai tinha trabalho pra fazer. Mais brincadeiras, hora do papá, vovô e vovó chegam: vamos passear à noite, ainda bem, porque o dia tava feio e não saímos de casa o sábado inteiro. Fazemos o esquema banho-família, me arrumo a jato que já estava ficando tarde, nenê com sono, hora de mamá... Chegamos no barzinho, Caio acordou, tinha uns amiguinhos e ele ficou agitado. Vovó, vovô, titia e papai ajudaram bastante, eu até consegui conversar, comer e me divertir um pouco, mas tem aquelas horas que só a mãe resolve. Colo daqui, tetê de lá, chororô e o pequeno dormiu. E eu já caindo de sono também. Cheguei em casa, pus o bichinho no berço, ainda dei uma geral nos brinquedos espalhados pelo chão, e caí na cama, torcendo para essa noite ser melhor (e foi) e o domingão também (está sendo).
É minha gente, ser mãe é uma delícia, adoro e nasci pra isso, mas mulher-maravilha também quer descansar no sabadão, que ninguém é de ferro...
Imagem daqui.