quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

DICAS DE VIAGEM PARA BONITO



Hoje estou no MMqD, falando sobre viagem com crianças! O destino: Bonito, no Mato Grosso do Sul.

Passem lá para conferir não só as minhas dicas, mas toda a seção de viagens do blog, que está sensacional.

Valeu meninas!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

ESCATOLOGIAS MATERNAS (pero sin perder la ternura)


Nuno começou a comer frutinhas há uns quinze dias e seu cocô mudou totalmente. Ok, isso não é novidade pra ninguém, muito menos pra mães de segunda viagem como eu. O fato é que, quando fui trocar a primeira fralda com cocô pós-frutinhas, uma coisa louca aconteceu... o cheiro daquele cocô me despertou memórias tão intensas dos primeiros meses do Caio, daquela sensação de ser mãe de primeira, aprendendo tudo... chegou a doer o peito de saudade! E em seguida comecei a rir, pensando no misto entre poética e patética que era aquela situação, aquele sentimento. Proust reviraria no túmulo, mas o cocô do Nuno foi uma espécie de madeleine para mim. Será que doideira de mãe tem limite? 


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Caio, outro dia, tomando banho dentro da piscininha. Eu do lado de fora do box. De repente escuto um "hehe"  numa entonação de surpresa, seguido de um "epa". Curiosa, pergunto o que foi. E ele responde, totalmente surpreso e feliz:

- "Mamãe, fiz um pum na água e saiu umas bolhinhas!" 

- "Você nunca tinha feito isso filho?"

- "Não. É legal, né?"

Pois é, nada como um filho pra fazer a gente se lembrar que tudo - TUDO - nessa vida tem uma primeira vez, é aprendizado. Até "peidar n'água pra fazer borbolha", como os desaforados de antigamente diziam.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

RESULTADO DO SORTEIO

Cumprindo o prometido, aqui estou. E com o resultado do sorteio!

Mas, antes, queria agradecer todos que participaram, adorei saber como alguns de vocês curtem música com os filhotes e, mais, gostei muito de "ouvir" algumas pessoas que eu ainda não conhecia, e que aos poucos estou entrando nos blogs pra conhecer. Também queria agradecer muito o pessoal do Barbatuques (e das produtoras da Cais - Tatiana e Natalia) e a Margareth Darezzo, que toparam participar desse sorteio e foram super atenciosos. OBRIGADA!

E vamos ao que interessa. Tivemos 45 comentários válidos, e o sorteio foi feito pelo Random.org. Fiz o primeiro sorteio, depois excluí a primeira sortuda e sorteei o segundo cd. E as vencedoras foram....








... as sortudas da Flávia e a Ana Flávia!!! Parabéns meninas!! Vou entrar em contato com vocês pra combinar o envio, ok?

E, pra quem não ganhou: os cds podem ser encontrados em boas livrarias online e vocês vão adorar, podem apostar! E fica também a dica de bons presente de natal, para pais e filhos.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

SORTEIO: ÚLTIMA CHAMADA!

Depois não digam que eu não avisei:

HOJE É O ÚLTIMO DIA PRA PARTICIPAR DO SORTEIO!

São dois cds superbacanas, dá uma olhada aqui ó!

Valem os comentários postados até hoje à meia-noite, tá?

domingo, 20 de novembro de 2011

MOMENTOS HISTÓRICOS (e update do sorteio)

- Mamãe, tô com sede, quelo água. 
E assim, sem mais nem menos, Caio finalmente aprendeu a falar corretamente uma das primeiras palavras que disse na vida: água. (Sem mais nem menos pra ele, né, que eu quase tive um treco, pedi pra ele repetir mil vezes e fiz a maior festa! #maedoida). Primeiro era "aua", depois virou "aba" e assim ficou. Teve uns "aga" no meio do caminho, mas o corrente era "aba", mesmo, ou sua versão no diminutivo, que eu amava, "abinha" - "mamãe, télo uma abinha", ele falava até outro dia... Coincidência ou não, esse momento histórico ocorreu exatamente no dia 15 de novembro, quando Nuno completou 6 meses de vida. 

E, por falar nisso, 6 meses de amamentação exclusiva e iniciamos a introdução dos alimentos na sexta. Nuno já provou banana e mamão e foi super bem, hoje já comeu tudo o que eu tinha amassado no pratinho. Completamente diferente da introdução do Caio, que quando completou 6 meses ainda não tinha dentes e nem ficava firminho sentado, e só foi comer mesmo lá pelo oitavo mês. Some-se a isso uma mãe MUITO ansiosa, e o processo demorou pra engrenar. Com Nuno, além dele já ter 3 DENTES (aaaaaa!) e já ficar firminho sentado com apoio, ele está se beneficiando por ter uma mãe já mais (D)escolada, bem menos ansiosa e que já sabe que cada criança (e cada fase) tem seu tempo. Das vantagens de ser o segundinho, né?

Bom demais ver os meninos crescendo, a gente comemora e tudo, mas, lá no fundinho, sempre resta um saudosismo, né? Ainda mais que sou canceriana, vixe, acho que vou ser aquelas mães que quando o filho sair de casa vai ficar rememorando cada passo... (meda!). Mas bom demais estar perto e poder curtir cada um desses momentos, e viva o blog que me ajuda a documentá-los para a posteridade (que, tomara, demore a chegar! rá!).

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Só  pra lembrar, tem SORTEIO rolando no blog, aqui ó. A data final era hoje, mas como é domingo, pé de cachimbo, achei melhor dar mais uns dias pra quem quiser participar: ficam valendo, então, os comentários que chegarem até o dia 22, terça feira, ok? E na quarta posto quem foram as duas sortudas.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

SORTEIO + DICAS: PRA QUEM CURTE UM (BOM) SOM COM OS FILHOTES

Caio é um menino musical. Gosta de  instrumentos os mais variados: pandeiro, gaita, flauta, violão, sanfona, tambor... Sim, eu sei, a maioria das crianças adora instrumentos. Mas parece que ele leva jeito pra coisa - e não é (só) papo de mãe babona: mais de um músico, ao vê-lo manusear um pandeiro, ou segurar um violão, já nos disse pra estimulá-lo, que ele "tem futuro". Ele também tem uma memória musical muito boa, decora letras e melodias das músicas rapidamente e gosta de se exibir com elas (mais recentemente ficou meio envergonhado - fases! - mas eu sempre me perguntava de onde vinha esse lado "aparecido" dele, já que eu e o pai somos meio low profile...)

Em casa, por enquanto, estimulamos como podemos: com instrumentos "de verdade" e de brinquedo à disposição, com brincadeiras "de banda" e afins e, principalmente, ouvindo muita música boa. Ainda que de uns tempos pra cá ele ande mais mergulhado no mundo dos super heróis, as brincadeiras e curtições musicais são sucesso garantido por aqui, seja batucando e tocando berimbau com o papai, seja cantando e dançando com a mamãe.

(E Nuno vai na onda! Há poucos dias ele foi introduzido ao pandeiro, e o sucesso foi absoluto!)

Daí que, pra celebrar os 3 anos de blog e as muitas amizades feitas por aqui, teremos um sorteio bem bacana e musical! Serão dois cds de músicos que o Caio adora (e nós também): diversão garantida pra pais e filhos.

Saca só:

BARBATUQUES - cd O SEGUINTE É ESSE

Barbatuques


Vocês conhecem o Barbatuques? E seus filhotes, conhecem?

Eu conheci o Barbatuques muito antes de ter filhos (o grupo já tem 15 anos de estrada) e, de cara, curti demais. Eu nunca tinha visto, nem ouvido nada parecido: como assim, música feita com o corpo? Fiquei realmente impressionada com a sonoridade que eles conseguem produzir a partir de várias partes do corpo, associando vocalizações a palmas, estalos com os dedos, batidas de pés, assobios... Percussão corporal é o nome do barato, e o Barbatuques é referência internacional no assunto.

Os shows do grupo são demais: eu já fui assisti-los quatro vezes, duas com Caio, e ele simplesmente PI-ROU. Porque além da música ser deliciosa, o grupo é extremamente cênico, os movimentos feitos com o corpo pra produzir os sons acontecem em total sintonia com os ritmos e melodias, é contangiante. No primeiro show deles que Caio assistiu, em plena praça pública em Bonito - MS, foi uma loucura: ele não conseguia ficar parado, ficou hipnotizado na frente do palco, dançando, tentando imitar os movimentos do grupo e olhando pra mim empolgado. O segundo foi no Sesc aqui em São Carlos e, com seus amiguinhos, a brincadeira foi ainda maior, porque no momento de interação do grupo com o público (eles sempre envolvem a platéia, é uma delícia) ele já conseguiu participar mais, tentando batucar em seu próprio corpo.

Caio é a prova de que, apesar das músicas e dos shows do grupo não serem voltados especificamente para as crianças, despertam nelas uma identificação imediata. É colocar um cd do grupo e a cria já sai logo dançando e querendo batucar! Nós já tínhamos o cd Corpo do Som (primeiro cd do grupo), e agora adquirimos O seguinte é esse (de 2005), que é o que vamos sortear aqui, e os dois estão nas paradas de sucesso do Caio e da família toda.

O cd O seguinte é esse, segundo o próprio grupo, registra o avanço na pesquisa da percussão corporal e da improvisação do Barbatuques. O resultado é uma combinação de percussão corporal e sonoridades regionais brasileiras (como o coco, por exemplo) a referências musicais variadas, como música eletrônica, percussão africana, hip-hop, flamenco, entre outras. E, o mais espantoso, é que tudo isso é possível explorando ao máximo os "corpos sonoros": além deles, o único instrumento musical utilizado é o  berimbau de boca, que se integra perfeitamente aos arranjos.

 
quem quiser uma palhinha, clique na imagem e ouça/veja uma das nossas preferidas nesse cd
Por fim, olha só que legal: sacando essa afinidade que o som deles produzia nas crianças (e, pelo fato de muitos dos integrantes terem virado pais), o grupo esse ano estreou seu primeiro espetáculo voltado especificamente ao público infantil! Tô doida pra ver com as crianças, torcendo pra eles virem pra cá! O espetáculo é o Tum Pá!, e pelo que fucei na net parece ser delicioso. E, para quem estiver em São Paulo, fica a dica: apresentação do Tum Pá!, dia 19/11, às 12hs, na inauguração do Sesc Santo Amaro. Delícia!



MARGARETH DAREZZO - cd CANTEIRO


Um dia eu entrei numa loja de brinquedos educativos e a música que estava tocando me conquistou: era o cd Canteiro, de Margareth Darezzo, recém-lancado. Pedi para a moça ir colocando outras faixas, peguei o cd nas mãos e não resisti: comprei um para mim (foi um dos primeiros cds do Caio, não lembro se estava grávida ou se com ele recém-nascido) e um para uma amiga grávida.

Desde então o cd vem acompanhando as várias fases do Caio (e agora também do Nuno) e, em cada momento, uma música é a preferida. A bola da vez para o Caio é a "Vida de Bicho", que cantamos infinitas vezes no banho ou no carro. E, para o Nuno, "Pode Relaxar" e "Banho Gostoso" embalam nosso cotidiano. As minhas preferidas desde sempre são "Peteca" e "Cor da Água". O fato é que todas as músicas são deliciosas, e inspiram a brincadeiras com o corpo, com palavras, com instrumentos...

Musicalmente, o cd é uma preciosidade, introduzindo as crianças a sonoridades e instrumentos variados. As 16 composições, criadas ao longo de mais de 20 anos como professora de iniciação musical para crianças, são todas de Margareth Darezzo, mestre em Educação Especial pela UFSCar e especialista em Psicologia Infantil. No cd, elas são apresentadas em arranjos de Pichu Borrelli e com a participação especial de Dominguinhos, Hugo Possolo, Edson Montenegro e outros artistas. Querem ter uma ideia da belezura? Aqui ó.

E esse ano, pra incrementar ainda mais o repertório de músicas e brincadeiras das crianças, a Margareth lançou o livro-brinquedo Canteiro (que também vem com um cd), com belas ilustrações d"criadeira" Roberta Asse e uma proposta bem legal de estimular e interagir com os pequenos. Eu ainda não comprei para os meninos, mas estou namorando: pelo pouco que vi já deu pra sentir que é de altíssimo nível, como o cd. Vale a pena também dar uma olhada na página do livro no site da editora, que tem até um suplemento em pdf preparado pela Margareth, com sugestões de utilização pedagógica do livro e das músicas.


E pra participar do sorteio?


É fácil! Além de curtir música com seus filhotes, basta deixar um comentário nesse post, com nome e email para contato, até dia 20/11. Não precisa ser seguidor do blog, mas se quiser, seja benvindo! Se quiser também compartilhar com a gente, nos comentários, a relação do seu filho com a música, ou como vocês curtem juntos, melhor ainda! 

(E, como eu tô por fora de facebook e twitter, a única forma de participar é aqui mesmo, e cada pessoa tem apenas uma chance. Mas, quem quiser divulgar nas redes, fique à vontade!)

O sorteio será realizado no dia 21/11 (serão dois sorteados, um por cd), e tentarei postar o resultado no dia mesmo, tá?

Então... boa sorte!



quinta-feira, 10 de novembro de 2011

VOCÊ SOFRE POR "EXCESSO DE COMPETÊNCIA"?

Domingo à noite, num breve minuto de descanso, resolvi ligar a tv (tenho pânico de tv aos domingos, ainda mais que só tenho tv aberta, afe!). No meio de toda a porcaria, dei sorte de achar, na Cultura, a exibição do Café Filosófico com o Fabrício Carpinejar, cujo tema era incrível: "Reinvenção dos vínculos". Peguei o bonde andando, mas o programa dialogou em cheio com o que venho pensando e sentindo sobre relações familiares, conjugais, filhos, trabalho e cia. 

Eu já conhecia o Carpinejar pelos textos que ele publica na Revista Crescer, depois pelo blog dele. E curti muito sua abordagem do tema, pelo pouco que pude assistir. (Hoje vi que, quem quiser assistir na íntegra - eu quero! - dá pra ver pelo blog dele: http://carpinejar.blogspot.com/2011/11/cafe-filosofico.html)

Bom, além da dica, queria registrar um ponto em que ele tocou que ficou martelando na minha cabeça, que tem tudo a ver com o que postei (e vocês comentaram) aqui. Não é uma transcrição literal, mas um rascunho que fiz durante a própria exibição do programa, pra não esquecer. E achei que valia compartilhar com vocês, pra ver o que pensam do assunto:

"As mulheres sofrem por excesso de competência. (...) eu tenho pena delas. Elas não conseguem lidar com a incompetência. (...) Isso é uma coisa que nós poderíamos ensinar a elas."
anotação livre da fala de fabrício carpinejar, dom 06/11, no café filosófico.

Quem concorda, quem discorda? Vamos debater?

domingo, 6 de novembro de 2011

MAIS DE 3 ANOS DEPOIS...


... e eu, uma já experiente (!) aprendiz-de-mãe, mãe de segunda viagem, me vejo sofrendinho por deixar o filho mais velho passar um ou dois dias na casa da avó, que mora há vinte minutos de distância.

E aí, me interna ou me abraça?

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

E NO FIM TUDO DÁ CERTO!


Demorei, mas tá valendo (né?): super obrigada pelo apoio moral, mulherada! Os incentivos funcionaram mesmo e, no fim, lembrei um pouco de cada uma que escreveu no outro post.

Como a Pri falou, realmente rolou o esquema “um(a) por todos e todos por um(a)”! A gente entrou numa sintonia e a semana fluiu melhor do que eu imaginava. E foi fundamental mesmo, viu Fer (do Pitos), ter o Caio como ajudante: ele incorporou o papel de corpo e alma, se sentiu super importante e foi muito cooperativo na maior parte do tempo. E olha que essa semana fizemos coleta para exame de fezes e um dos dias ele teve que ir bem mais cedo que o costume pra escola, pois tinha passeio (e de manhã, em geral, ele é mal humorado e birrentinho), e conseguimos fazer tudo direitinho.

Eu mentalizei que tinha que me organizar, e consegui programar horários e afins relativamente ok. Claro que me lembrei do que a Karen falou, e relaxei com alguns horários e rotinas, mas o esquema funcionou. Consegui até ir na academia levando Nuno comigo (bom tema pra outro post)!

Outra coisa que me lembrei  o tempo todo foi do toque da Flá: impressionante como a dinâmica da casa muda sem o Dani! E, realmente, tendo o carro disponível só para mim, e eu sendo a responsável por todas as funças do cotidiano, a coisa fluiu até melhor do que quando estamos os dois, e temos que negociar tudo o tempo todo. Mas criamos nossa rotininha a três, tendo como base nossa rotina tradicional, com escapadinhas pra um cineminha com pipoca na hora do jantar, mas nada muito grave... rá! (Mas que foi bom voltar pra nossa vidinha a quatro, ah, como foi...)

Sim, eu fiquei muito cansada. Um prego. Mas foi um cansaço bom, com uma sensação de dever cumprido. E, como não tinha marido pra conversar e namorar, encarei a bronca e dormi praticamente todos os dias junto com eles, inclusive no mesmo quarto (delicinha), pra facilitar as acordadas noturnas. Mas quando batia o cansaço mais pesado (em especial à noite, quando chega a hora do rush: banhos, janta, fazer dormir e tals), lembrava que a Paloma, guerreira, ficou 50 dias sem marido com as duas filhotas, e pensava que sou uma mera iniciante. Foi reconfortante!

E Fer (da Flor), eu consegui sim arrumar um tempinho pra ler os comments de vocês, e foi muito bom, como você pode perceber nesse post! Nine,  Ivana, Dani, Pati, DanyMãe ComCiência, Ananda, GabrielaThaty: todas as positive vibrations que também vocês mandaram foram uma alegria, mesmo!

Mas também contei com apoio real de duas amigas queridíssimas: uma que me chamou pra almoçar e foi delicioso (valeu, Bi!) e outra que veio com o filhote (melhor amigo do Caio) num fim de tarde em casa e, além de fazer companhia na janta, me ajudou com o banho dos filhotes. Contei também com nossa ajudante de casa, que foi companheira e quebrou alguns galhos durante o dia. Além disso, como a escolinha do Caio não teria aula na sexta (fato que só descobri na quinta), decidi ir mais cedo pra casa da vovó (já íamos curtir o finde por lá, pois a tia querida do Caio estava voltando de viagem), até que maridón chegasse. E foi ótimo, porque Caio dormiu umas noites com a vovó, o que facilitou bem as coisas.

Ou seja, no fim deu tudo certo! E eu fiquei orgulhosa de mim, e perdi o medo de passar temporadas mais longas sozinha com os meninos. Claro que, se eu estivesse trabalhando tudo seria mais difícil. Mas até nisso dei sorte, e na semana que Dani viajou minha orientadora do doutorado viajou também, e fiquei liberada da única atividade profissional que já voltei a fazer, e que me toma uma ou duas manhãs por semana.

Enfim, tudo isso pra dizer: obrigada mesmo mulherada, e vamos que vamos! É como diz o velho deitado: pariu mateus, que o embale! A gente sempre dá um jeitinho. Né?

domingo, 30 de outubro de 2011

INSPIRAÇÃO

Do alto dos seus três e poucos anos
me observa
e me conhece - talvez - melhor do que eu.
Me quer perto e longe ao mesmo tempo
(colo e asas, difícil equação!)
é carinhoso e ciumento
sabe rir e fazer rir
chora e faz chorar 
(de alegria e de culpa, porque não dizer?)
e me desafia - quase - o tempo todo.
Somos cúmplices de um jeito que nunca imaginei
parecidos em tantas coisas (algumas não tão boas)
e tão diferentes em tantas outras.
Um pedacinho de mim que virou pessoa
que não para de crescer e crescer e crescer
que a cada dia me surpreende e,
se eu me permito,
me ensina a não mais poder.
Me transformou em mãe
me modificou como filha
me melhorou como mulher
me chacoalhou como profissional.
E ainda tem apenas três e poucos anos
e temos tanto tanto tanto pela frente
que chega a doer se tento imaginar.
Melhor viver.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

TORÇAM POR MIM...


Que esta semana será minha verdadeira prova de fogo como mãe de dois: vou ficar a semana inteira sozinha com os pequenos. Será o maior período - desde que Nuno nasceu - sem ajuda de ninguém.

Aconteceu que programamos mal, marido precisou viajar a trabalho, sogrinha também está viajando (sogra pescadora, ói que delícia!), e a mãe da mãe também tinha seus compromissos nessa semana (e viva essa mulherada ativa), ou seja, necas de virem pra cá. 

No começo descabelei, mas depois, nos breves momentos de sanidade que tenho tido (essa fase de preparação pra voltar ao trabalho detona qualquer um, afe), pensei que ia ser bacana encarar essa realidade que, afinal, é a minha realidade: sou mãe de dois e meu marido viaja a trabalho. 

O primeiro dia teve um bom saldo, se descontarmos que Caio resolveu fazer cocô no meio do banho, enquanto eu enxugava Nuno (e eu ainda tinha que coletar o dito cujo do número dois pra exame): mas esteve mais pra cômico que pra trágico, ainda bem.

Vejamos como nos sairemos nos próximos dias, mas uma ajuda virtual é benvinda, pra dar apoio moral. Fiquem na torcida!

é nóis!

sábado, 22 de outubro de 2011

O CORPO FALA

Caio raramente fica doente. Ele tem um pouco de alergia (meu gene ruim) e já teve uma ou outra gripezinha, mas nada sério. Um dos meus orgulhinhos bestas de mãe (alguns dirão que "é sorte", né Dani?) é ele nunca ter tomado nada além de homeopatia e algumas poucas doses de paracetamol. Nossas escolhas (controversas, por certo) em termos de parto, vacinas, medicamentos e cia sempre foram no sentido de fortalecer sua imunidade, e parece que vem dando certo.

Mas, na semana passada, mal eu estava me curando de uma 'virose' (no meu tempo era gripe, mesmo), Caio ficou ruinzinho. Uma molezinha, um corpinho mais quente que o costume, uma vontade a mais de chamego indicaram que algo não estava normal. Depois vieram catarro, tossinhas, falta de apetite, indisposição geral. E uma necessidade/vontade incansável de colinho da mamãe.

E a mamãe, saindo da doença, com várias noites maldormidas em sequência, com papai viajando, estava na casa da vovó, que tentava loucamente se dividir entre duas filhas sem marido com três netos pra ajudar a cuidar... Ou seja, foi o caos. No sábado, despenquei. Não aguentei, chorei, surtei, me senti a pior mãe (e a pior filha) do mundo. Ainda bem que o Dani já tinha voltado de viagem, e voltamos pra nossa casa. Domingo, tudo estava bem melhor, mas Caio ainda ficou em casa, sem ir pra escolinha, na segunda e na terça. E dividimos pais e filhos em dois quartos (eu e Nuno em um, Dani e Caio no outro), pra facilitar as acordanças noturnas.

Foram dias difíceis. Pra falar a verdade, ainda não me recuperei: estou cansada, estafada, com um humor oscilante que está me matando. Mas na segunda, quando fomos na consulta com a pediatra-homeopata dos meninos (de rotina, por sorte agendada nesse momento), tive uma injeção de ânimo: além dela elogiar muito nossas condutas com os meninos, ela ficou perguntando tudo sobre o Caio (fazia um bom tempo que ela não o via). E, ao saber que, além de toda a transformação que ele passou após o nascimento do Nuno, ele também "perdeu" o melhor amigo da escola, que mudou repentinamente de cidade (o post sobre isso ficou no rascunho), ela olhou para mim, satisfeita: "Nossa, Thaís, tendo em vista tudo isso, ele está ótimo. Ele poderia ter tido uma gripe bem mais forte, pois nosso corpo reflete nosso estado emocional. Ele demonstrou que tem uma capacidade de superação incrível, isso que ele teve não foi nada perto do que poderia ter vindo em decorrência dessas mudanças todas." 

Fiquei pensando muito nisso. Em como nosso corpo dialoga com nossa alma, nossas emoções. Em como as crianças podem ser mais ou menos suscetíveis a isso, dependendo da forma como conduzimos (nós, adultos) as situações. Em como podemos nos surpreender com a fortaleza de seres tão pequenos. Ele já está todo faceiro. E eu estou aqui, um verdadeiro bagaço de mãe-mulher-profissional. Mas vamos que vamos. Tenho certeza que ele e Nuno serão capazes de me ajudar a reenergizar nesse final de semana... E que venham dias melhores.


domingo, 9 de outubro de 2011

BEBÊ ZEN


Nuno ri. Desde muito cedo. Pra qualquer um, a qualquer momento. Ri com o rosto todo, com o corpo todo. É um dos seus muitos encantos. Mas, gargalhadinhas são privilégio de poucos, em especial o irmão e o pai. Comigo, tenho que fazer muita micagem pra ganhar uminha ou outra...


Nuno se aventura. Aprendeu a se balançar no bebê conforto, e atinge velocidade impressionante. Deitado, dá impulsos vigorosos com o corpinho para o lado, querendo mudar de posição. E se diverte por um bom tempo nessas suas aventurinhas deliciosas.

Nuno me olha. O tempo todo. Onde quer que eu esteja, seus olhos me procuram. Dois olhões apaixonados, sorridentes, que me derretem, me inundam de amor.

Nuno brinca. Com as mãos, com os pés, e com sua mais nova descoberta, a água. Ainda não se interessa muito por brinquedos, que apenas acompanha com os olhos, ou tenta tocar timidamente. Mas seu corpinho dá voltas em torno de si mesmo, deslumbrado com o mundo.

Nuno dorme. Dificilmente briga com o sono. Se está cansado, emite sinais claros disso, pedindo ajuda pra dormir. Mas, por vezes, chega a dormir sozinho, desafiando nossa incredulidade.


Nuno chora. Em geral um choro manso, que pega no tranco devagar. Se chora forte, ardido (e chora também, claro), é que algo incomoda pra valer: sabe se fazer notar em meio à sua tranquilidade típica.

Nuno é vidrado no irmão. Sorri e se agita todo só de ouvir a voz de Caio. Quando o vê, então, é puro maravilhamento, mãos e pernas dançam freneticamente, o olhar fica hipnotizado.


Nuno quer conversar. Emite sons em entonações variadas, como quem proseia animado. E se a gente entra no papo, aí é que solta a língua a valer.

Nuno canta. Se está com sono, ao ser embalado, canta. Como que ninando-se a si mesmo, acompanhando meu ninar.

Nuno é companheirão. De ficar em casa ou zanzar por aí comigo, de ir pro trabalho com o pai, de brincar e dormir com o Caio, de passear e viajar com a família. Com ele, dificilmente tem tempo ruim.

Nuno é zen. Gente boa mesmo. Um bebê que nem nos meus maiores sonhos eu poderia imaginar.


[ Sei que, em se tratando de bebês e crianças, tudo pode mudar, sempre. Mas agradeço todos os dias por esse bebê incrível ter me dado a honra de ser sua mãe, e desejo imensamente ser uma mãe à sua altura. E, por via das dúvidas, nunca é demais pedir proteção... "guiai os meus passos, e por onde eu caminhar, tira os olhos grandes de cima de mim pra's ondas do mar..." ]


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

MÃE X PROFISSIONAL: SERÁ?


Hoje cedo, ouvi de uma pessoa muito querida algo assim:

"Você precisa decidir se quer ser uma boa mãe, ou quer ser uma boa profissional. As duas coisas não tem jeito. Você pode até optar pelas duas, mas vai ser tudo meia boca: mãe meia boca e profissional meia boca."

Será? Eu acho que não é bem assim, mas não vou falar disso agora. Quero ouvir opiniões, o que pensam disso? 



segunda-feira, 26 de setembro de 2011

RELATO DO PARTO DE CAIO - PARTE 3

[continuando...]

As vésperas

Passei a 38ª semana praticamente toda na rua, dirigindo pra lá e pra cá, andando pra baixo e pra cima atrás de tudo que faltava para completar enxoval, quartinho e cia. Na sexta feira (dia 04/04), estava no trânsito quando senti umas contrações um pouco mais doloridas, mas nada que me chamasse muito a atenção (afinal, eu já vinha sentindo contrações há pelo menos umas 3 ou 4 semanas e, desde o descolamento de membranas, elas eram levemente doloridinhas). Ao longo desse dia tive mais algumas pontadas dessas, mas nem tchuns.

Minha irmã e meu cunhado tinham acabado de voltar de uma viagem para Índia, e estariam em Araraquara no sábado (05/04), para encontrar todos e mostrar as fotos. Eu queria muito ir, mas Dani estava fazendo o maior terrorismo, dizendo que eu não deveria ir, pois, caso eu entrasse em TP, o fato de estar lá melaria nossos planos. Ele inclusive decidiu que não ia de jeito nenhum, pra ver se me fazia mudar de ideia.

Fiquei triste e puta com essa atitude dele, e resolvi ligar para a Vânia antes de decidir o que fazer. Lembro perfeitamente do que ela disse: “Seu parto pode demorar ainda até mais quatro semanas. Prepare-se para isso, pois se você ficar achando que o bebê pode nascer a qualquer momento, você vai ficar muito ansiosa. Vai tranquila!” Na hora liguei para o meu pai e ele topou vir me buscar e me trazer de volta à noite. Na viagem de ida, senti umas contrações bem fortinhas, mas fiquei na minha. Chegando na casa dos meus pais, mais uma contração e fui direto pro banheiro, levar um papo com o bebê: “filhote, pelo amor de Deus, não vai resolver nascer hoje, espera a mamãe voltar pra São Carlos!” Rá!

Parece que ele me ouviu, e o resto do tempo fiquei super bem, sem contrações. Pude curtir a festinha, conversar com pessoas queridas, curtir minhas irmãs, ver as fotos. Uma grande amiga da família, Tia Sandra, me disse algo que nunca esqueci: “Thaís, você vai saber quando chegar o dia, a gente acorda se sentindo tão estranha...”

Na volta para casa, mais algumas contrações daquelas. Mas cheguei em casa sã e salva, e fui direto dormir.            

A chegada - a experiência mais incrível de nossas vidas

No domingo, dia 06 de abril, eu acordei me sentindo estranha... Mas faltavam ainda dez dias para a data prevista para o parto, então nem associei aquilo com o que tinha ouvido da Tia Sandra no dia anterior. Achei que era mais um dos “surtos” emotivos que tive ao longo de toda a gravidez, e não dei muita bola. Na verdade, eu estava com “faniquito” de arrumação, comecei a arrumar a casa inteira, que estava uma zona, resolvi lavar TODAS as roupinhas do Caio de uma vez, e enquanto eu fazia tudo isso, resmungava para o Dani que a nossa casa estava um horror, que dizem que um bebê só vem ao mundo quando o ninho está pronto, e o nosso ninho estava uma bagunça, que o Caio poderia nascer a qualquer momento, e olha só como ia estar a casa, imagina se ele resolvesse nascer hoje, não ia ter condição nenhuma, e bláblábláblá....... E, além de arrumar e reclamar, eu também chorava entre uma coisa e outra!

O Dani não acreditava, ele não estava entendendo nada: no início, tentou me acalmar, aos poucos foi perdendo a paciência e, de repente, explodiu: “mas o que tá acontecendo com você, tá parecendo uma criancinha, não tô te entendendo!” E eu chorava mais ainda, e dizia pra ele que alguns psicólogos diziam que as mulheres se infantilizam no final da gravidez, como uma reação ao medo da transformação em mães, e bláblábláblá..... e mais chororô. Uma coisa.

No fim desse louco dia, minha irmã (a que tinha voltado da Índia) passou aqui na volta de Araraquara para São Paulo, para ver o quartinho do bebê e conversar mais conosco, já que no dia anterior quase não tínhamos conversado. Aí resolvi contar para ela nossa decisão pelo parto domiciliar, senti que ela me apoiaria, e eu precisava muito falar sobre isso com alguém de confiança, foi muito difícil guardar essa decisão só para nós. Ela disse que queria participar do parto, que poderia fotografar, que a gente avisasse ela quando sentíssemos que seria o dia que ela viria de São Paulo para cá. Ficamos de conversar (pois não queríamos muita gente em casa no dia do parto, e já tínhamos conversado sobre a possibilidade da Rosa, prima do Dani, que estava fazendo curso de doula, acompanhar e registrar o parto). Umas 19:30hs ela foi embora, tive mais uma explosão de choro, eu e Dani conversamos profundamente, eu me acalmei e resolvemos fazer nosso plano de parto.

Estávamos sentados no chão da sala, lendo vários planos de parto e identificando aqueles que poderiam nos auxiliar a escrever o nosso, quando comecei a sentir umas contrações diferentes. Eram umas 21:30hs. Naquela intensidade que havia sido o meu dia, eu não havia sentido nenhuma contração. Mas agora que eu tinha parado, relaxado, elas vinham, e vinham fortes, mais fortes que todas que eu já tinha sentido até ali. E vinham com mais frequência, mais perto umas das outras... Nos olhamos, apreensivos e com um sorriso nervoso, mas sem afobação, e decidimos marcar o intervalo das contrações. Eu falava e Dani marcava. Os intervalos não eram muito regulares, o que nos tranquilizou um pouco: ora vinham de 15 em 15, de 7 em 7, de 10 em 10... Ficamos mais um pouco lendo os relatos, mas logo caímos na real: talvez o parto acontecesse logo, não ia adiantar nada fazer um plano de parto àquela altura!!

Dani sugeriu que fôssemos descansar, porque se o trabalho de parto engrenasse, o dia seguinte poderia ser longo (imaginávamos um trabalho de parto de, no mínimo, 12 horas, de acordo com os relatos e experiências que conhecíamos). Ele foi deitar por volta de umas 23hs e eu fiquei na sala lendo, estava meio ansiosa, não ia conseguir dormir... Estava lendo justamente o livro “Nascer Sorrindo”, do Leboyer, e as contrações começaram a ficar mais próximas... Resolvi deitar e descansar, Dani estava certo, eu precisava estar bem disposta caso o parto realmente fosse acontecer no dia seguinte. Me troquei, deitei na cama, de lado, não conseguia ficar, de costas, também não... resolvi ler mais um pouco, na cama mesmo.

As contrações foram se intensificando, comecei a marcar o tempo silenciosamente, pra não acordar o Dani, e percebi que elas já estavam regulares, de 7 em 7 minutos... “Dani, você tá acordado? Eu tô  achando que vai ser hoje mesmo, as contrações estão mais regulares...” E, ele: “então apaga a luz, vamos descansar, deita aqui”... Obedeci e, na primeira virada que dei para me ajeitar na cama, veio uma contração bem intensa, senti um movimento bem forte do bebê, e uma água escorreu nas minhas pernas: “Dani, acho que a bolsa estourou, agora não tem mais volta!” Eram 00:30hs. Rimos, eu me levantei e fui ao banheiro, pingando líquido amniótico pela casa inteira! Lá ainda escorreu mais um pouco de líquido, me limpei, me troquei e decidimos ligar para a doula, Vânia.

Ela atendeu super rápido, parecia que estava esperando nossa ligação. Não tínhamos certeza se já era hora dela vir, mas depois de fazer umas perguntas, ela mesma concluiu que era hora de vir, me lembro exatamente de suas palavras: “se vocês estão tranquilos, daqui uns 40 min no máximo estou aí. E vamos trabalhar!”

Depois disso, minha lembrança é toda feita de flashes, não tenho muita noção do tempo que as coisas levaram para acontecer, nem da sequência exata entre elas... Vou relatar conforme as coisas me vêm à lembrança, e espero contar com a ajuda do maridão para completar esse relato...

Lembro que troquei de roupa umas duas vezes antes da Vânia chegar, por conta do líquido amniótico que não parava de escorrer, e também porque queria encontrar uma roupa na qual me sentisse confortável, e estava um pouco frio. Fiquei andando pela casa, me movimentando, sem pensar em nada, apenas procurando encontrar posições nas quais eu me sentisse confortável. Sentei na bola (que a Vânia já tinha me emprestado há algum tempo), e fiquei rebolando bastante, tentei realizar algumas posições da yoga, mas somente a posição do gato (apoiada de quatro no chão, movimentando o quadril em vários sentidos) me aliviava um pouco: a coisa começava a ficar poderosa, já não havia muito mais o que fazer para amenizar as fortes contrações que ficavam cada vez mais próximas.

A Vânia chegou mais ou menos nessa fase, eu estava na sala, sentada na bola, conversamos um pouco sobre como eu estava, e logo mais uma forte contração na qual saiu grande quantidade de líquido amniótico. Fui novamente me trocar, Dani ficou limpando a sala, e Vânia foi “se instalando” na casa, trouxe um cd bem bacana de músicas instrumentais (que depois eu vim saber que tinham como tema a “Água”) que colocamos para tocar no escritório, começou a me fazer umas massagens na lombar... 

contração
a única foto do início da  fase ativa do TP...
Lembrei da máquina fotográfica, Dani tirou uma foto e a bateria acabou: não acreditei! Essa era apenas mais uma das coisas que estavam despreparadas, já que não tínhamos imaginado que nosso meninão resolveria nascer mais de uma semana antes da data prevista... a máquina descarregada, quase não tínhamos comida em casa (eu ia fazer supermercado no dia seguinte, tinha planejado que queria canja e sorvete para o dia do parto! Acabou ficando para o dia seguinte!), as roupinhas do bebê TODAS molhadas... Mas fomos nos virando: botamos a máquina para carregar, Dani me preparou um chá com torradas e mel para me dar mais energia. Tentei comer entre as contrações, mas as ondas ficavam cada vez mais fortes, e eu mal conseguia mastigar.

Enquanto eu tentava comer, decidimos, com Vânia, que já era hora de ligar para a Jamile. Eu andava pela cozinha, Dani me apoiava e massageava durante as contrações e Vânia ligava para ela. Primeira tentativa, no celular, ninguém atendeu. Nova tentativa no celular, e nada. Decidimos tentar na casa, pois era de madrugada, o celular poderia estar desligado... Nada. Comecei a ficar um pouco aflita, pois as contrações apertavam, mas elas me absorviam tanto, e Vânia me passou tanta segurança, que abstrai. Deixei nas mãos dela e do Dani essa preocupação, e continuei me movimentando pela casa, andando e rebolando nos intervalos, e parando, me apoiando, e por vezes me acocorando durante as contrações. Enfim, depois de uma idéia de gênio da Vânia, conseguimos nos comunicar com Jamile: a Vânia ligou na maternidade cheia de lábia para tentar conseguir o número do celular do marido da Jamile, que é médico, e as atendentes não deram, é claro. Mas pouco depois o telefone de casa tocou, elas tinham ligado para ele e Jamile logo imaginou que éramos nós: ufa, senti um alívio incrível ao saber que Jamile estava a caminho, as contrações já estavam bastante incômodas, e eu queria entrar na água... Não daria tempo da Jamile montar a banheira, mas para mim, naquele momento, o chuveiro estava ótimo!!!

Perguntei para a Vânia se já podia entrar (porque sabia que, entrando na água no momento errado, o TP poderia estacionar) e ela liberou. Lembro também de ter perguntado se ela achava que até a hora do almoço o bebê já teria nascido, e ela disse, confiante: Antes de nascer o dia já vai ter bebê nessa casa! Eu e Dani nos olhamos estarrecidos e felizes, animados com a possibilidade de logo ter nosso bebê nos braços. Foi um estímulo e tanto, dado na hora certa, e totalmente verdadeiro! Por essas e outras a doula foi tão tão tão importante no nosso parto.

Que delícia foi entrar no chuveiro, pedi para o Dani entrar comigo, ele e Vânia prepararam tudo no banheiro, levaram o som, reduziram as luzes, trouxeram a bola, e ele ficou comigo dentro do box, me dando todo o apoio físico e emocional que eu tanto precisava. Relaxei muito no chuveiro, com o apoio do Dani e as massagens da Vânia, embora as contrações só aumentassem de intensidade e reduzissem os intervalos... Mas era exatamente como eu tinha lido em tantos relatos, a natureza é tão sábia que os intervalos tinham a função perfeita de me reestabelecer e me relaxar para a próxima contração, que vinha sempre mais forte que a anterior... Eu relaxava muito, muito mesmo entre uma contração e outra. (Na realidade, intuitivamente acho que eu sabia que teria meu filho debaixo do chuveiro: durante toda a gravidez foi o lugar onde eu mais conseguia relaxar, onde eu mais conversava com o “meninão” - como eu costumava chamar o Caio, já que ele não tinha nome ainda... -, onde mais eu me conectava comigo mesma e com ele, onde mais eu ficava projetando como seria o momento do parto...)

mãos de fada
água e massagem da doula, substitutos da anestesia
A partir de agora, me lembro menos ainda, eu já estava pra lá de Bagdá, acho que estava na Partolândia, como costumavam brincar nas listas de discussão... A Jamile chegou, acho que a Vânia que a recebeu, me lembro dela ter conversado comigo do seu jeito sempre doce, perguntou como eu estava me sentindo, e já foi preparando tudo no banheiro para iniciar sua atuação, e colocou a banqueta de cócoras dentro do box para o caso de eu querer usá-la. Ela logo auscultou o bebê, lembro que nessa hora fiquei um pouco tensa, pois ela ficou um tempo auscultando sem comentar nada, mas estava tudo ótimo. Ela também achou necessário fazer um exame de toque, para sabermos como estava evoluindo a dilatação, e, delicadamente, perguntou se eu me incomodaria de irmos até o quarto, para que ela pudesse me examinar deitada... Mas eu não podia nem pensar em sair do banheiro, muito menos em deitar, e ela, perfeita no seu papel de me apoiar e evitar me incomodar ao máximo, se desdobrou para fazer o toque comigo sentada na banqueta de cócoras (foi o único, em todo o TP). Ela não precisou a dilatação, apenas disse que estava bem perto, que ela havia tocado a cabeça do bebê.

Depois disso, ela manteve-se absolutamente discreta, fazendo seu trabalho nos bastidores: preparando tudo para receber nosso filhote no banheiro, percebendo que todas as roupinhas e touquinhas do caio estavam molhadas e se organizando com a Vânia para secá-las com o ferro, preparando o quarto para nos receber após o parto... A Vânia se dividia entre ajudá-la, me massagear, trazer comida e, sem eu nem perceber, tirar fotos e filmar ao menos a reta final do parto, quando a bateria da máquina já tinha carregado um pouco (se não fosse ela não teríamos nenhuma imagem desse dia tão especial!). Enquanto isso, as contrações vinham como ondas que me inundavam, que me tiravam de órbita, e em seguida um relaxamento absoluto. Lembro de ter me focado muito na minha respiração, como tinha aprendido ao longo das práticas de yoga, o que me ajudou muito a suportar as avalanches de dor e também a relaxar entre elas. Em dois momentos me senti um pouco fraca, e com fome, e Vânia e Dani se revezaram para me atender com sucos e frutas, que eu mal conseguia comer (os líquidos caíam bem melhor). 

doula paciente parteira porreta
doula e parteira se revezando nos cuidados comigo
Uma das coisas de que me lembro bem é de ter gritado bastante! Lembro que eu comecei a gritar, minhas cachorras começaram a uivar, e de repente todos os cachorros do bairro estavam latindo e uivando... foi um momento cômico, nem eu me aguentei e caí na risada. Mas logo voltei pra partolândia, já estava em um ponto em que as dores atingiram um pico incrível, eu me pendurava no pescoço do Dani para me apoiar e aguentar as fortes ondas, as contrações cada vez mais próximas umas das outras. Nesse momento, até a água, que até então tinha sido meu alívio, começou a incomodar: eu sentia as gotas como que pinicando minha lombar, e pedi para desligarem o chuveiro. 

apoio
Dani me apoiou física e emocionalmente, o tempo todo
parir junto

De repente, a vontade incrível de fazer força: lembro que perguntei se eu já podia fazer, e a resposta de Jamile foi: se você está com vontade, pode fazer. Foi muito bom ter autonomia total nessa hora, sem ninguém pra me dizer o que fazer (tipo: “faz força, fica assim, assado”...) - eu perguntava o que tinha dúvida, e a Jamile ia me orientando. Em algum momento, já na reta final do expulsivo, ela sugeriu que eu sentasse na banqueta de cócoras, pois eu já estava bem cansada (e Dani com as costas arrebentadas! Rá!). Foi incrível ver como o meu corpo sabia o que tinha que ser feito, sem pieguice: a vontade de fazer força veio, e já era hora de nascer. Jamile perguntou se eu queria ver a cabeça saindo, preferi não ver (depois me arrependi um pouco), mas toquei e foi uma sensação indescritível, misto de emoção e aflição. A percepção de que em muito pouco tempo meu bebê teria completado a passagem para o lado de cá da barriga me encheu de força pra seguir ajudando-o, apesar daquela sensação de que algo estava me partindo ao meio! 
    
Depois da descida do bebê, essa sensação passou, restou uma queimação (o tal círculo de fogo, imagino, tão comentado nos relatos de parto) e, em algumas contrações meu bebê nasceu: na primeira, a cabeça. Depois de algumas, o corpinho! Eu mal podia acreditar... Jamile o amparou, colocou uma touquinha e uma mantinha aquecida em torno dele e o colocou no meu colo imediatamente. Eu realmente não conseguia acreditar que ele já estava ali... fiquei meio embasbacada... mas, ao contrário do que imaginava, eu não chorei: fiquei ali, grudadinha com ele, sentindo aquele cheiro delicioso que jamais esquecerei. Dani nos olhava completamente emocionado, rindo e chorando ao mesmo tempo.  

sem palavras...
nossos primeiros instantes juntos
Tentei colocar ele no seio, mas ele não quis; Jamile e Vânia disseram que era normal, que no tempo dele ele iria mamar. Elas me ajudaram a levantar da banqueta, me enrolaram numa toalha, e eu segui com ele no colo, ainda ligados pelo cordão umbilical, até meu quarto. Jamile e Vânia já tinham preparado tudo, forrado a cama, separado a roupinha, organizado o material que iriam precisar. Deitei na cama com ele sobre meu peito e logo ele começou a mamar, como se sempre tivesse feito aquilo, sem brincadeira. Dani cortou o cordão umbilical depois que parou de pulsar. Mamou um pouco, depois parou, nos olhamos e eu disse: “Filho, você acredita que você já nasceu? A mamãe não tá acreditando ainda!”. Ficamos ali deitadinhos, Dani a nos olhar, Jamile e Vânia saíram um pouco para nos deixar curtir sozinhos aquele momento tão especial. Nos emocionamos demais!

Até esse momento, ainda não tínhamos decidido o nome, estávamos entre Téo e Caio (a história da decisão, aqui). Quando Jamile voltou, para acompanhar a expulsão da placenta e verificar a laceração no períneo, Dani pegou o bebê para que eu pudesse me concentrar na finalização do processo. A expulsão da placenta foi uma parte bem desagradável, já que eu não tinha me preparado para aquilo, não sabia que eu continuaria a sentir contrações, que teria que fazer força para expulsá-la... Eu relaxei tanto depois do parto, que a placenta simplesmente não saía... Ficamos cerca de 1 hora nessa etapa, Dani ia e vinha com o bebê, eu tentava fazer força, Jamile me massageava, fez acupuntura, até que pedi um apoio para os pés (eu estava deitada, talvez, se estivesse de pé, fosse mais fácil), fiz força e ela saiu inteira, ainda bem! Não pensamos em fazer nada com ela, e foi descartada. Em seguida, Jamile suturou a laceração, o que também foi bem chatinho, e novamente ficamos só eu, Dani e Caio, agora já com nome.

pai babão
papai apaixonado
amamentação já! 1
amamentação na primeira meia hora, com ajuda da doula e da parteira


parir em casa 2
primeiros cuidados em nossa cama...
 Enquanto ficamos nós três curtindo, Jamile e Vânia foram para a cozinha e prepararam um delicioso caldinho de feijão (a única coisa que conseguiram fazer com o que tinha em casa, pois estávamos desprovidos, o supermercado seria feito no dia seguinte...), que comi na cama mesmo, como se não houvesse amanhã! Foi perfeito. Enquanto eu comia, Dani e Vânia ajudavam Jamile a pesar e medir o bebê, e o vestiram. Apenas quando tudo estava feito, limpo e tranquilo, é que elas foram embora, às 7 da manhã!!! Nessa hora, nossa ajudante estava chegando, e quase caiu para trás ao saber que nosso bebê já tinha nascido, e em casa. Deitamos os três na nossa cama, e dormimos deliciosamente até quase 11 da manhã, quando levantamos e começamos a ligar para avisar familiares e amigos do nascimento de Caio. Nada como parir em nossa própria casa, do nosso jeito, com nossas coisas, e receber as visitas nesse clima delicioso! 

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Caio nasceu às 4:18 do dia 07 de abril de 2008, pesando 2.820kg, medindo 49cm e recebeu apgar 10/10. Não recebeu nenhuma medicação e não sofreu nenhum procedimento invasivo. Esteve junto a mim ou ao pai durante todo o tempo desde o primeiro minuto de sua vida. Nasceu "sorrindo", como acredito que todo nascimento deveria acontecer.

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Agradeço a todos os envolvidos direta ou indiretamente para que nosso parto, o nascimento do Caio, nosso nascimento enquanto pais pudessem ocorrer da forma como acreditamos e desejamos! Muito obrigada, mesmo! E, especialmente ao Caio, por ter nos proporcionado a maior experiência de nossas vidas.