segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

FESTAS, RECOMEÇOS, FÉRIAS


Desde que entrei na faculdade até o ano em que engravidei, o Natal era uma data celebrada em família, e o Ano Novo um momento pra curtir com os amigos, em algum lugar especial. Depois dos filhotes, o Ano Novo também se tornou um momento familiar, e esse ano não foi diferente. Caio está se esbaldando de curtir avós, tios e, principalmente, primos, em meio a água, sol, mata, bichos. Nuno parece querer sair correndo atrás deles, mas se contenta em se arrastar pra todos os lados, brincar sentadinho rodeado de crianças correndo e passar de colo em colo o dia inteiro. Um bom jeito de começar o ano, não?



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Não sou muito de fazer balanços ou listas de resoluções, mas o ano novo é sempre um momento de parar pra pensar e repensar caminhos, construir novos horizontes. Dani gosta muito de fazer isso, e nossas conversas acabam girando em torno disso nessa época. Mas dessa vez foi diferente: não parei pra pensar, o ano acabou, o ano novo chegou e a vida segue. Sei que quero conseguir dar conta do meu doutorado e curtir muito meus filhotes, e quero viajar mais... Tenho outros desejos flutuando por aqui, mas não os organizei mentalmente, e nem sei se vou. Mas quero aproveitar pra desejar a tod@s um ótimo recomeço, um momento de reposição de energias, uma pausa que seja para fazer balanços, planos ou simplesmente lançar um novo olhar para o cotidiano. E sigamos nessa troca deliciosa que os blogs e afins nos proporcionam!

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E, já que o momento (pelo menos pra mim) é de parar, curtir, assentar ideias e desejos, conviver com pessoas queridas, conhecer lugares bonitos, considero que ESTOU DE FÉRIAS, mesmo tendo a cabeça, por vários momentos, no trabalho (a pesquisa de doutorado). Na verdade, taí outra coisa MARAVILHOSA que a maternidade me trouxe. Desde que terminei a faculdade, entrei num ritmo de trabalho como autônoma que me fez passar reto várias e várias férias. Às vezes saíamos entre Natal e Ano Novo, ou em algum feriado, mas durante anos as férias de janeiro e de julho praticamente não existiam (assim como muitos fins de semana também...), até Caio nascer. Depois dele, nós passamos a nos organizar pra tirar férias junto com ele, pra poder curtir, viajar ou simplesmente ficar em casa. Virou uma deliciosa obrigação: mesmo que algum de nós tenha que trabalhar nas férias, sempre reservamos um período generoso para curtirmos em família. E é o que estamos fazendo agora. Porque muitas das minhas melhores lembranças estão diretamente ligadas a períodos de férias vividos em família ou entre amigos, e tem sido muito bom proporcionar isso ao Caio (e agora também ao Nuno). 

E, falando em férias, aproveito para compartilhar com vocês um texto que li ano passado na Revista Crescer e que casou perfeitamente com minhas ideias sobre férias. Espero que gostem. E boas férias pra quem puder!

Queremos férias!

(Marcelo Cunha Bueno)
Quem não se lembra daquela sensação de entrar de férias depois de um ano escolar? Quem não se lembra da sensação do primeiro dia de folga? Lembro-me de que sonhava que tinha aula, sonhava que as professoras brigavam comigo... e acordava feliz, aliviado por estar de férias.
Bem, a vida de hoje quase não nos permite entrar de férias. Trabalho, rotinas, compromissos inadiáveis. Com as crianças é a mesma coisa. Algumas delas têm mais atividades do que os adultos.
E há crianças que, quando entram de férias, têm mais atividade do que tinham no decorrer do ano!
Férias é interrupção! Um espaço e um tempo fundamentais para assentarmos algumas questões. Interromper para repensar sobre as nossas conquistas, avaliar caminhos, acomodar ideias.
Gosto muito da ideia de acomodação. Não essa acomodação sem crítica, que paralisa. Acomodação como ferramenta importante de nosso pensamento, que precisa de tempo e espaço para atribuir sentido ao que foi aprendido. É aquele tempinho que precisamos para pensar sobre.
Vejo as crianças da escola na volta das férias. É impressionante como retornam “mais crescidas”. É porque tiveram tempo para acomodar o aprendido, deram sentido a cada coisa nova, a cada conquista. Significaram as suas frustrações, encontrando, de forma mais consciente, caminhos para resolverem as suas pendências. A rotina nos empurra para as relações mais automatizadas. As férias interrompem essa rotina e nos conectam ao mundo, aos lugares, às pessoas, às simplicidades.
Crianças, nas férias, precisam brincar com todos os brinquedos no quarto, precisam fazer de conta a toda hora, precisam ficar com os amigos, assistir a um filme, ficar olhando as nuvens, comer fora de hora, tomar banho de sol, de piscina, suar bastante... e ficar com a família. Férias fazem isso. Férias aproximam cidades, culturas. Férias são a estrada para visitarmos um parente distante, para conhecermos lugares em que nunca estivemos. Nas férias, os pensamentos fluem, os sonhos acontecem, a criança sente o presente. Fazem a gente ver com mais atenção o pôr do sol, as estrelas do céu, faz escutarmos as ondas, os pássaros.
Às vezes, as famílias da escola me perguntam se não vou dar lições nas férias. Aprendemos tanto quando estamos longe da escola! Aprendemos nas coisas mais cotidianas. Aprendemos nas pequenas relações, nas novas amizades, nos lugares novos, nos antigos também. Aprendemos porque nos dispomos ao mundo de uma forma diferente. Intensa e só nossa. Não existe uma pessoa ao lado ensinando. Essa é a verdadeira independência! Aprender o que é sentido, o que é possível aprender.
Nessas férias de dezembro e janeiro, ajudem os seus filhos e filhas a interromperem as suas rotinas. Ajudem eles a acomodar as suas conquistas interrompendo as suas rotinas. Ofereçam espaços de brincar, sol, piscina, praia, campo, cidade com cultura, amigos do condomínio, primos, passeios, céu, vento no rosto, abraços, carinhos... Façam coisas que nunca fizeram antes, visitem novos lugares! Ofereçam-se aos seus filhos e filhas... e boas férias!
(Marcelo Cunha Bueno é diretor pedagógico da escola Estilo de Aprender, em São Paulo)