domingo, 30 de janeiro de 2011

DESFRALDE DO CAIO (direto do túnel do tempo)


Esses dias tenho lido vários posts de mães que estão desfraldando meninos (e meninas também - a Carol fez uma divertida compliação aqui). Estive meio sem tempo de comentar, mas queria tentar ajudar contando a experiência do Caio, porque na época foi fundamental ler sobre as experiências de outras mães. Então, como eu não tinha feito nenhum post sobre isso aqui no blog (e tinha dois começados no rascunho), resolvi tentar recuperar esse processo (com a ajuda do super papai, porque não registrei direito e não me recordava de tudo), para trocar experiências com vocês (e também pra me ajudar quando chegar a hora do próximo, rá!).

Caio tem 2 anos e 9 meses, e desfraldou completamente de dia em abril do ano passado (logo que completou 2 anos), e de noite uns seis meses depois, se não me engano. Devo dizer que foi um processo bem particular (e todos são, né não?), e que não pretendo dar "dicas" ou dizer que o que funcionou pra ele funciona pra qualquer um. A idéia é mesmo registrar e compartilhar nossa experiência.

Vamos aos fatos (quem já me conhece sabe que, quando pego pra escrever, a coisa sai looonga... quem se interessar pelo post, please, paciência comigo! Respira fundo e vai):

# o início do processo:

Caio começou a dar alguns dos famosos "sinais" de que estaria perto do desfralde já por volta de novembro de 2009, quando tinha 1 ano e 7 meses, mais ou menos. Começamos a perceber que a fralda já estava incomodando, ele começou a avisar depois que fazia xixi e cocô, e começou a se isolar quando ia fazer o número 2.

Conversamos com a pediatra, e ela nos tranquilizou MUITO: disse que cada criança tinha um tempo, e que entre 18 e 48 meses é o período considerado "normal" para uma criança desfraldar (existem alguns estudos que indicam o limite de 36 meses). Ou seja, tínhamos muuuuito tempo, não era preciso pressa. Boa notícia.

Outra coisa que eu achei bem legal da parte dela, e que foi MUITO ÚTIL no desfralde do Caio, foi desmistificar aquela idéia bastante difundida de que "uma vez começado o desfralde, os pais não deveriam retroceder". Ela nos disse que a criança dessa idade passa por muitos altos e baixos, saltos de desenvolvimento e fases de retrocesso, e que o desfralde deveria acompanhar esses momentos: sentiu que dá pra avançar, avança; a criança resistiu ao processo, retrocedeu em relação ao que já tinha conquistado, NÃO TENHA MEDO DE VOLTAR ATRÁS. Foi bem aliviador não ter essa pressão.

Ela sugeriu que começássemos a deixar ele mais peladinho em casa, para ir tendo mais contato com o próprio corpo e com o xixi, e indicou que comprássemos um peniquinho pra ele ir se familiarizando com o "objeto estranho". E, nesse ponto, foi categórica: na opinião dela, os pequenos (meninas e meninos) devem ser introduzidos ao penico mesmo, SENTADOS, para garantir o apoio dos pés, que era muito importante no processo de controle da evacuação. Se a opção fosse pela privada, ela indicou que arrumássemos algo para fazer esse apoio, principalmente quando chegasse a hora do cocô.

Munidos de toda essa "segurança", resolvemos dar os primeiros passos, bem devagar, em direção ao desfralde. Compramos um peniquinho colorido, explicamos pra ele o que era aquilo, pra que servia, que era dele e coisa e tal. O penico passou a ficar ao lado da nossa privada no banheiro, sempre à vista, mesmo que ainda não fosse utilizado: no começo, era apenas uma brincadeira sentar no penico quando o papai ou a mamãe estavam lá. De todo modo, já era um começo, e ajudava bastante ele ter um amiguinho mais velho que já estava usando o peniquinho.

Aproveitamos as férias de dezembro pra deixar ele bem à vontade em casa, procurando ao máximo ficar no quintal (não preciso nem falar porquê, né?), perguntando sempre se ele queria fazer xixi, o estimulando a nos avisar quando estivesse com vontade de fazer xixi/cocô, sem muita crise se rolasse um xixi em cada cômodo da casa (nesse momento eu só procurava evitar deixar ele sem fralda no sofá ou na cama, porque era certeza que seria "carimbado"). NUNCA DEMOS BRONCA SE FIZESSE XIXI OU COCÔ PELA CASA, apenas reforçávamos que ali não era o lugar, que agora ele tinha o peniquinho dele e tals.

Mesmo a gente perguntando e estimulando, inicialmente ele NÃO FAZIA XIXI NO PENICO: até sentava de vez em quando, mas não fazia ali. E, na maioria das vezes, avisava quando já tinha feito, ou enquanto produzia "a obra". Mas a gente sempre levava ele ao banheiro pra limpar depois que fazia pelas pernas em algum lugar da casa, e passamos a chamá-lo também para jogar o cocô na privada e "falar tchau" e, aos poucos, ele foi associando o xixi e o cocô ao banheiro, a ponto de várias vezes fazer dentro do box, por exemplo. E, sem medo de ser feliz, a gente também levava o penico pra tudo quanto é canto da casa, pra tentar estimular: quer fazer xixi vendo o Júlio? quer fazer xixi no quintal? quer fazer xixi no escritório? E lá ia o penico pela casa afora. Mas, ainda assim, não rolava.

Nessa época apelei para golpes baixos truques interessantes que tinha visto blogs afora ou com outras amigas, como oferecer adesivos pra cada xixi/cocô no trono, levar uns livrinhos pra ler no banheiro, recortar figuras e colocar no fundo do penico pra estimular (tipo colocar uma imagem de uma flor e falar: "vamos regar a florzinha", ou "vamos dar banho no elefantinho", e por aí afora), MAS NADA FUNCIONOU. A família resolveu apoiar nossa causa e, no Natal, de surpresa, Caio ganhou da vovó paterna um super penico, que tocava música, virava redutor de assento e até banquinho de apoio. No início, pensamos até em trocar o presente, pois já tínhamos um penico e achamos que era um pouco "over" demais. Depois, o super penico nos ganhou, pois percebemos que ele seria 1001 utilidades. Mas nem esse truque funcionou de primeira, Caio curtia saber que o penico tocava musiquinha, mas nem pensar em fazê-la tocar com seu xixi ou cocô.

Ok, ok, tínhamos janeiro todo pela frente, nada de desanimar. Afinal, tinha sido apenas o primeiro mês.

# as primeiras conquistas:

Em janeiro, as coisas começaram a melhorar. Os dois posts que comecei e deixei no rascunho são desse período, em que ele começou a se orgulhar dos xixis e cocôs que fazia (na fralda, na cueca, no chão do banheiro ou do box, em geral...), passou a ter cada vez mais vontade de ficar sem fralda, nos pedindo para tirá-las, e descobriu maravilhado que o xixi saía pela frente e o cocô pelo bumbum. Começou a ter algum controle do momento de fazer xixi, e começamos brincadeiras como "regar a plantinha no quintal" e coisas assim. Não dá pra negar que eram avanços. Mas, até então, continuava a recusa em usar os penicos, apesar do orgulho que ele tinha dos ditos cujos, que viraram meio que "brinquedinhos".

Eis que, na segunda semana de janeiro, ele vai passar suas primeiras "mini-férias" na casa da vovó materna, e o penico mais mequetrefe vai junto, em definitivo. E não é que o danado resolve fazer O PRIMEIRO XIXI NO PENICO LONGE DE MIM!!! Rá! Paciência de vó não têm preço, e dá resultado. Uns quatro dias depois, já em casa, fez o primeiro xixi no penico comigo (esse eu registrei no rascunho do blog, exatamente no dia 11/01/2010). Quase morri de emoção, mãe é bicho besta, né!

E durante todo o mês de janeiro fomos deixando a coisa rolar, naquele esquema pra-cada-xixi-no-penico-vários-no-chão. Mas o penico passou a ter sua utilidade, e o fato de tocar musiquinha ao final da obra funcionou bem. Mas, ainda assim não fomos rígidos: em casa ficava sem fralda, íamos sair de carro, viajar, ir a um restaurante, fralda nele.

Nessa época minha sogra e minha mãe vieram passar alguns dias em casa para que pudéssemos trabalhar, e mantiveram o mesmo ritmo vai-não-vai do desfralde. Mas, no tempo dele, ele começou a conseguir avisar algumas vezes antes de fazer as obras, o penico começou a ter seu uso, e começamos a economizar algumas fraldas, thanks god.

Mas eis que janeiro acabou, e Caio iniciaria numa nova escolinha - provisória, até sair a vaga dele na creche da faculdade. E eu sabia que essa mudança toda não combinava com desfralde... Mas fui na fé dos conselhos da pediatra, e funcionou.

# avanços, retrocessos e os finalmentes

Na nova escolinha, a indicação foi esperar um pouco para mandar ele sem fralda, já que seria todo um processo de adaptação, que não combinava muito com desfralde. Assim, ele ia de fralda pra escola, e logo que chegava em casa tirávamos. Eu realmente ignorei a também famosa regrinha "se tirou em casa, tem que tirar na escola também, pra não confundir": expliquei pra ele a situação, e fomos levando assim, até sentirmos, junto com as professoras, que daria pra tentar deixar ele um pouco sem fralda na escola também. E assim foi. Lá, ele ficava bastante no parquinho, e tinha um banheiro acoplado à sala de aula, o que facilitou as coisas. Mas não foi uma coisa super disciplinada, a gente sentia o clima em casa e elas toparam fazer o mesmo na escola. Se não rolava muito bem, fralda nele.

Aqui, cabe um parênteses: Caio, desde que foi introduzido ao maravilhoso mundo dos alimentos, nunca foi um exímio produtor de cocô. Isso, de certa forma, facilitou um pouco o processo. Inclusive porque, como ele foi ficando incomodado com a fralda, começamos a perceber que ele fazia mais cocô quando estava sem a dita, o que foi um estímulo a mais no processo, um indicativo de que estávamos no caminho certo.

Nesse momento, finalmente o penico musical passou a fazer muito sucesso, pra compensar o alto investimento da vovó!!

Tudo muito bom, tudo muito bem, desfralde gradativo funcionando (sou adepta dos processos "gradativos", como foi também o desmame) mas aí tivemos mudança de casa e nova mudança de escola no início de abril (quando consegui a vaga na escolinha da universidade): e o desfralde no meio disso tudo?

A nova escolinha tinha algumas regras e teorias para o desfralde, com foco em uma proposta de desfralde mais coletivo - só que, como ele entrou numa turma mais nova que ele, isso só começaroa no segundo semestre... Fiquei um pouco agoniada, falei com a diretora que não daria pra esperar até lá, e ela se demonstrou bem aberta ao diálogo, mas combinamos que inicialmente o Caio iria de fralda para lá, até que ele se acostumasse ao novo ambiente, às novas professoras e elas a ele. Assim, de certa forma RETROCEDEMOS, já que Caio já estava passando a maior parte do tempo sem fralda, e voltou a ficar quase dois períodos do dia de fralda, ficando sem ela apenas no relativamente pouco tempo que passava em casa durante a semana, e full time nos finais de semana.

Minha estratégia foi conversar muuuuito com o filhote, explicar tudinho que estava acontecendo, valorizar bastante o período que ele ficava em casa sem fraldas, e incentivá-lo a avisar quando estivesse com vontade de fazer xixi ou cocô, mesmo que estivesse de fralda na escola.

Levamos um tempo assim até que, na primeira oportunidade, em um feriado prolongado, RESOLVEMOS DESFRALDAR DE VEZ, arriscando deixar todo o tempo sem fraldas, não importava onde estivéssemos e o que fôssemos fazer. Foi sucesso total, o moleque já estava mais que pronto (já estava quase caindo de maduro) e resolvi conversar na escolinha.

No primeiro dia útil pós-desfralde-instituído, levei Caio para a escola ainda de fralda, e fui conversar novamente com a diretora e com uma das professoras: disse como o processo vinha acontecendo, contei toda essa história de forma resumidinha, disse que no feriado ele tinha desfraldado completamente e que eu gostaria que ele ficasse sem fraldas na escola também. Apesar delas desconfiarem um pouco que aquilo daria certo, conversamos bastante e, como uma das "regrinhas" era "uma vez desfraldado, sempre desfraldado" e "tem que ser o mesmo processo em casa e na escola", a partir de agora ele ficaria sem fraldas lá também: e eu deveria enviar 9 MUDAS DE ROUPAS POR DIA (tive que correr pra uma loja, rá!). Caio nunca usou nem 3 lá, pois o desfralde tinha sido realmente um processo: tudo ocorreu às mil maravilhas, as educadoras foram super bacanas e, no fim da história, na escola, Caio virou o "desfralde mais rápido do oeste". Rá!

Desfraldando também na escola, ele parou de fazer a soneca da tarde de fralda lá, e eu tirei em casa também. Foi a última fralda do dia a sair. E foi o começo do estímulo pro desfralde noturno, mas isso já é uma outra história, que ninguém me aguenta mais, né? Vale dizer apenas que, mesmo desfraldado e usando o peniquinho super bem, vários xixis ainda escaparam perna afora, sem maiores traumas.

Espero que nossa experiência ajude vocês de alguma forma... e força na peruca pra quem está nessa fase!!!


domingo, 23 de janeiro de 2011

DAS DELÍCIAS DE UMA SEGUNDA GRAVIDEZ


Caio está curtindo muito a gravidez e, principalmente, o barrigão. Todos os dias, em vários momentos, mas religiosamente quando acorda e antes de dormir, ele beija a barriga, faz carinho, conversa com "o nenê" ou "o irmãozinho", como ele fala (ele tem certeza que é menino), com a boca colada no meu umbigo saltado, e eu fico ali, curtindo, estimulando, me emocionando.

Essa coisa dele usar o umbigo como canal de comunicação com o bebê foi algo que me tocou desde o início, quando a barriga ainda era decorrência da falta de vergonha na cara exercícios: pra ele, o umbigo funciona como um microfone, um amplificador, o umbigo É o nenê, é o que materializa a coisa toda. Acho fascinante, pois, de certa forma, é mesmo, é o elo maior de conexão física entre mãe e bebê, e achei incrível essa captação instintiva do pequeno. Viagens de mãe-grávida, emotiva que só.

Daí que, outro dia, no meio de uma dessas sessões de carinhos, beijinhos e conversas sobre a barriga e "o nenê", ele solta: "depois o nosso nenê vai nascer, né, mamãe?" Mas, antes que eu pudesse responder, ele olha pra mim com carinha de dúvida e diz, meio que se corrigindo: "o SEU nenê...". Eu incentivo: "NOSSO nenê filho, é nosso sim!"

E ele, todo feliz, repete, seguro de si: "é o nosso nenê, o nosso nenê!" E beija a barriga até não poder mais, enquanto eu me delicio, emocionada.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

UM BRINDE!

linda foto enviada pela querida amiga Nádia


Pois é, gente boa, 2011 chegou. Sempre um recomeço, uma nova oportunidade, um novo olhar para as coisas de sempre. Eu gosto, ainda mais porque 2010 não foi um ano fácil por aqui.

Estou começando o ano devagar, em todos os sentidos. E está sendo muito bom. Então, apesar de todo dia ter vááárias idéias de posts, vou deixando eles pra depois, uma preguicinha de mexer com computador, pensar, escrever... Logo mais o ano engrena, e o blog também.

Por hora, queria compartilhar com vocês um pequeno texto de Eduardo Galeano (estou imersa em suas palavras desde o fim do ano passado e está sendo delicioso!), como presente de ano-novo. O texto me inspirou o sentimento bom que esse recomeço sempre me traz, me trouxe uma sensação tão gostosa, pura sinestesia, que pensei que seria uma boa forma de brindar digitalmente com todos vocês que me acompanham por aqui, compartilhando nossas aventuras de maternidade e paternidade.

Assim, um brinde à 2011, aos recomeços, aos sentidos e às chamadas!


AS CHAMADAS

A lua chama o mar e o mar chama o humilde fiapinho de água, que na busca do mar corre e corre de onde for, por mais longe que seja, e correndo cresce e avança e não há montanha que pare seu peito. O sol chama a parreira, que desejando sol se estica e sobe. O primeiro ar da manhã chama os cheiros da cidade que desperta, aroma de pão recém-dourado, aroma do café recém-moído, e os aromas do ar entram e do ar se apoderam. A noite chama as flores da dama-da-noite, e à meia-noite em ponto explodem no rio esses brancos fulgores que abrem o negror e se metem nele e o rompem e o comem.

Eduardo Galeano, O livro dos abraços, L&PM Editores.