quarta-feira, 23 de março de 2011

A MAMÃE AQUI RECOMENDA: OLHAR DE FILHO PEQUENO FAZ BEM PRO EGO

Filhote descobriu nossos álbuns de fotos. Velhinhos, coitados, acho que o último álbum que fiz deve ter, no mínimo, uns oito anos, fácil fácil. Não que não goste de álbuns e fotos de carne e osso: EU AMO. Acontece que durante um bom tempo eu ficamos sem máquina (por falta de grana), depois veio a era digital, a grana raramente sobra e acabamos não investindo em imprimir as belezinhas. (Caio só tem um fotolivro impresso, presente de titia fofa... snif.)

Mas então, voltando ao assunto. Ele descobriu nossos álbuns e ficou fissurado em um grandão, vermelho, que é o álbum do meu primeiro ano na faculdade. E mexe aqui, mexe ali, de repente ele vem correndo atrás de mim, como se tivesse feito uma grande descoberta, e aponta pra uma foto:


- É a mamãe!

Quase morri de emoção. Meu filho de quase 3 anos me reconheceu numa foto de 17 ANOS ATRÁS!!! Não tem como não ficar feliz, afinal, ele já me conheceu mais embarangadinha velha e mesmo assim me viu naquela menina  magrinha, cabeluda e riponga...

Depois dessa, até rejuvenesci (ao menos em espírito, rá!). Tá certo que o olhar do filhote ainda é do tipo embaçado-pelo-amor-idolatrado-pela-mamãe, mas tá valendo. Tomara que ele continue com esse olhar por muitos e muitos anos... Faz um bem danado pro ego!!!

sexta-feira, 11 de março de 2011

O FIM CÔMICO DE UM DIA DIFÍCIL

Cinco dias de carnaval, chuvosos, praticamente o tempo todo dentro de casa (com raras saídas pra cineminha, casa da vó, casa de amigos). Tempo cinza, frio, quase mofamos. Imunidade caiu, do filhote e da mãe barriguda. Mas até que nos viramos, sacudimos a poeira, nos divertimos como deu, driblando febrinhas e tals.

Feriado acabou, o filhote ainda tava assim-assim e decidi ficar com ele hoje o dia todo, porque na escolinha, né? Todo mundo de nariz escorrendo e a coisa não sara nunca. E tem a homeopatia. E tem a vontade de esticar mais um pouco esse tempo integral juntinho. E então ele ficou.

Mas a casa tava uma bagunça, pilhas de louças, roupas pra lavar e aproveitar o solzinho que resolveu aparecer pós-feriado, almoço pra fazer. Da metade da manhã em diante eu e Caio nos separamos: ele ficou brincando sozinho, eu fui pra forca cuidar da casa.

Almoço saiu tarde, filhote com sono, muito stress e poucas garfadas.

Fome+sono+doencinha: combinação explosiva. Caio dormiu quase a tarde toda, mas acordou péssimo. Chilicou, fugiu de mim, tentou me bater, usou todo o repertório punk dessa fase. Consegui que comesse algo, e a coisa foi melhorando. Pero no mucho.

Pai chegou com colega de trabalho, ajudaram a distrair bem, conseguiram que ele comesse mais um pouco. Humor ainda instável, mas brevemente domado pela atenção de 3 (ufa!). Homeopatia em ação. Mãe barriguda esbagaçada - física e psicologicamente.

Bem na hora do banho, depois de todo o árduo processo de convencimento (né, mães?), quis fazer cocô. Maravilha. Antes de limpar, um minuto de distração e o danado saiu pela casa. Sentou no chão. Mais tarde descobri que tinha passado também pelo sofá (Rá!).

Não aceita tomar banho, chilique monster. Dirige toda sua raiva a mim. Quer o pai.

Sou obrigada a ouvir que "ele devia ter ido pra escola, você não tá dando conta dele assim". A culpa é sempre da mãe (né não, Dani?).

Tomo meu banho e vamos todos assistir um filminho. Sento ao lado do pequeno, puxo um papo: "tá de bem da mamãe?" Ele dá uma risadinha marota. Logo o pai sai e ficamos só nós. Dali a pouco ele está todo dengo-dengo de novo, deita no meu colo, vai ficando sonolento. O filme termina e a mãe aqui está chorando. Mas não, não pelo dia difícil, nem pela 'reconciliação' (!), mas de emoção com o filme mesmo... Toy Story 3!!!

Que tipo de pessoa, senão uma grávida, pra chorar assistindo uma animação com o filho, depois de um dia desses? (estão na minha lista de choros recentes também os filmes Carros, Nemo, Monsters e Toy Story 1).

Ponho o pequeno na cama com a certeza de que amanhã ele fica comigo de novo. E não, eu não sou louca. Sou uma grávida de 30 semanas, com todas as oscilações de humor que vêm no pacote, com um filho beirando os 3 anos, no auge das birras, falando feito gato e futucando o meu umbigo o dia todo (é uma delícia, mas tudo em excesso cansa, afe!), doentinho e irritadiço, mas que é de longe minha melhor companhia (desculpa aí, amor!). E amanhã terá minha atenção integral, que nossa ajudante semanal estará aqui pra cuidar do resto.

E, não digo nada se não terminar o dia chorando ao assistir Os Incríveis ou A Fuga das Galinhas, indo dormir de alma lavada como agora. Amanhã vai ser outro dia (assim espero...).

segunda-feira, 7 de março de 2011

SILÊNCIO A DOIS

Carnaval chuvoso. Dentro de casa. Tédio quase imperando.

Deito pra ler qualquer coisa. Dali a pouco chega o pequeno, levanta minha blusa, beija a barriga. Pergunto: quer deitar com a mamãe? Ele me escala e se aconchega junto a mim, entre barriga e peito.

Começo a fazer cafuné. Vou puxar um papo qualquer, quando me dou conta daquele momento: há quanto tempo não ficamos assim juntinhos, abraçadinhos, sem precisar falar nada? Desde que Caio desandou a falar ou, principalmente, desde que ele desmamou de vez, nossos momentos tem sido dominados pelas palavras, por brincadeiras, por atividades. Mesmo quando ele se aninha no meu colo pra dormir, ou quando deitamos juntinhos, sempre estamos proseando, sobre o dia, sobre a vida, sobre o bebê, histórias reais ou imaginadas...

Enquanto meu pensamento divaga sobre tudo isso, o silêncio permanece, seguimos nos acarinhando, nos aninhando. Caio está visivelmente entregue ao momento, curtindo de corpo e alma. Não resisto e comento: faz tempo que a gente não fica assim, né, filho? Ao que ele responde com um sorriso e um movimento de cabeça, sem emitir uma palavra, e se ajeita para ficar ainda mais junto de meu peito, me abraçando.

Silencio palavras e pensamentos: me entrego aos longos minutos desse precioso momento curtido a dois, registrando cada sentido para esculpir na memória (que me é tão escassa...). Reaprendemos o silêncio juntos, e isso me fez um bem danado. Em pleno carnaval, mais uma vez no contra-fluxo.