segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

SANGUENOZÓIO: NÃO AO REAJUSTE SALARIAL DOS PARLAMENTARES


Eu confesso. Quando vi o post da Mari nos convocando ao "Movimento Sanguenozóio" tive três reações contraditórias: achei legal, levando em conta o poder que já percebemos que temos através dessa blogosfera; achei inútil, numa postura meio desconfiada desse mesmo poder; fiquei com preguiça, numa postura totalmente acomodada, pensando que eu não teria tempo nesse fim de ano pra fazer nada sobre o assunto, e que também, mesmo que fizesse, não adiantaria nada.

Só que isso ficou me cutucando. Fui lendo outros posts aqui, ali e acolá, e pensei que tinha que me manifestar, por mim, pelo meu filho, pelas coisas em que acredito. Fui lá e assinei o abaixo-assinado. Mas ainda não me assosseguei.

Então recebi um email da Erundina. É, ela mesma: não sei porque raios recebo os informativos dela, mas quase sempre leio, e muitas vezes são bem interessantes. Atualmente não voto nela, mas já votei, e admiro muito seu histórico de atuação política. Nesse episódio, além de votar NÃO e repudiar publicamente o reajuste, ela teve uma atitude politicamente muito diferenciada: destacou o fato de que apenas o PSOL (que NÃO é o partido dela, vejam bem), enquanto partido, se posicionou contra a matéria, orientando TODOS os seus parlamentares a votarem CONTRA. Atitude raríssima - a dela e a do partido - em tempos de coligações espúrias e politicagens em causa própria.

Daí que hoje, em um ataque de insônia gravídico - assunto para outro post -, o sanguenozóio veio com força total. E aderi ao movimento das cumpanhêra.

Não estou muito inspirada, e tampouco terei muito tempo para importunar os parlamentares. Mas, além de redigir essas mal-traçadas linhas, fiz um emailzinho que vou encaminhar para os parlamentares do Sim.

"Senhor parlamentar,

como mãe, profissional autônoma, estudante de doutorado e, acima de tudo, cidadã que atua cotidianamente, em todas essas frentes, tanto na esfera privada quanto na pública, em busca de um mundo e de um país melhor, venho por meio deste manifestar minha indignação frente ao absurdo processo de aprovação de reajuste dos salários dos parlamentares, conduzido por vocês à revelia de todo um país. Essa manobra política, efetivada às pressas em meio ao clima "jingle bells" que predomina no país, está sendo repudiada por milhares de brasileiros e enfureceu também a nós, mulheres que batalhamos por uma maternidade ativa e desejamos que nossos filhos vivam em um mundo melhor, onde exemplos como esses dos senhores, de legislar em causa própria, sejam cada vez mais raros.
Imaginem só vocês, se todos aqueles profissionais merecedores de aumento, resolvessem agir como os senhores? Professores da rede pública, por exemplo, como propôs o senador Cristovam Buarque? Ou, quem sabe, todos os trabalhadores do país, cujos salários se guiam pelo mísero salário mínimo? O senhor já parou pra pensar como deve ser duro tocar a vida com um salário de R$ 510,00? Pois é, esses sim precisam de reajuste. Já parou pra pensar também naqueles que não têm salário, não têm emprego, não têm casa para morar, não têm assistência médica decente, não têm sequer comida? Será que todo esse dinheiro que vocês estão se declarando merecedores de receber, para além de tudo o que já recebem, não deveria ser investido em outras situações emergenciais, em direitos básicos dos quais muitos cidadãos estão privados, esses sim merecedores de aprovações de última hora?
Então, é isso: estamos de olho e fazendo pressão. Os "parlamentares do sim", como vocês já são conhecidos em todo país, estão na mira de manifestações nos mais diferentes setores. Assim como o meu caso, outras mães estão se manifestando em seus blogs, e a caixa de emails de vocês vai ficar lotada. Estamos aguardamos um posicionamento público dos senhores sobre essa barbaridade toda.

Atenciosamente,

Thaís Rosa"


Já postaram sobre o "movimento": Mari, Kah, Natália, Dani, Carol, Anne, Roberta e Renatinha.

Para assinar ao abaixo-assinado: AQUI.

Para se manifestar junto aos parlamentares: AQUI.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

DICA PRA QUEM É DE SAMPA: 'ESCOLINHA'


Desde que li esse texto da Ombudsmãe Taís Vinha, já me peguei pensando várias vezes sobre a escola que desejo para o Caio. Na verdade, mesmo antes de ter filho esse era um assunto que me despertava grande interesse, e por conta disso conheci o livro "A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir", de Rubem Alves, em que ele nos apresenta a Escola da Ponte, de Portugal. Esse livro me fascinou, me tocou profundamente, me transformou a tal ponto que eu queria comprar um estoque e sair distribuindo por aí, para que as pessoas sentissem o mesmo transbordamento: eu também sempre havia sonhado com aquela escola!

Até que um dia eu virei mãe e, quando meu filhote estava para completar um ano, decidimos que ele passaria as manhãs em um espaço fantástico onde alguns filhos de amigos já conviviam. Já falei rapidamente sobre esse período aqui, mas ainda me devo um post pra não esquecer nunquinha desse tempo bom que o Caio curtiu na Fazenda Jatobá, no "Cantinho da Criança Feliz", convivendo, crescendo e se divertindo com outras 6 crianças entre 10 meses e 5 anos, em meio à natureza. Foi realmente uma grande sorte encontrar esse espaço aqui em São Carlos e, infelizmente, as atividades do Cantinho se encerraram no fim do ano passado.

De todo modo, o Caio já iria sair de lá, porque eu tinha entrado no doutorado e conseguiria uma vaga na escolinha da universidade, o que aliviaria muito nosso bolso. Mas, independente da questão financeira, eu não colocaria o Caio lá se a escola realmente não me conquistasse. E ela me conquistou, segue me conquistando, e qualquer dia eu escrevo sobre isso aqui.

Mas o fato é que, apesar de estar no interiorrrr, nossa cidade oferece opções muito boas (são pelo menos 3 escolas infantis bastante diferenciadas), que me deixam muito tranquila em relação àquela pergunta da blogueira xará que tanto me cutucou, pelo menos por enquanto, até o Caio completar 6 anos.

Digo isso porque imaginava que pra quem mora em uma cidade maior, São Paulo, por exemplo, as opções de escolas mais próximas àquilo com que sempre sonhamos seriam inúmeras, mas... conversando com amigos e parentes, percebi que não é bem assim. Então, resolvi deixar uma dica aqui procês, da cidade grande: o Espaço Educacional Arte de Ser.



A proposta me chamou muito a atenção, por propôr o "desenvolvimento integral" de crianças de 2 a 5 anos, estimular vivências criativas, focar-se não apenas em atividades racionais, mas também, e principalmente, naquelas mais intuitivas, que aguçam a sensibilidade dos pequenos, tais como Hatha Yoga, música, meditação, brincadeiras de roda e poesia, artes com elementos naturais, jardinagem, horticultura e ikebana. Todo o trabalho é inspirado nos fundamentos da Yoga.

Eu não conheci pessoalmente o espaço, mas tomei contato com a proposta através de uma prima querida que está envolvida no projeto, e ele me ganhou. Por isso compartilho aqui com vocês. O Espaço está com matrículas abertas (contatos e endereço aqui) e, de repente, pode ser que algum de vocês encontre lá o que está procurando... Foi o que aconteceu com os pais do Cauã, que fizeram esse relato abaixo quando o pequeno apenas iniciava suas experiências na Arte de Ser.


Uma Escolinha Especial (A História de Cauã)

Estávamos no período de adaptação. Aquela coisa de conhecer o ambiente, as outras crianças, as tias. Tudo novidade.
Cauã foi pra dentro e voltou um monte de vezes dizendo que - “só um minutim, tia Cris, porque esqueci de falar uma coisinha pra mamãe”. -“Vai com Deus, mamãe!”. E ia e voltava de novo. Enquanto esse ritual de despedida rolava infinitamente, tia Léia passou na minha frente, seguida pelos maiorzinhos (leia-se quatro a seis anos). Iam fazer um passeio na pracinha em frente. -“Quem vai levar a sacolinha pra mim?” Era uma sacola vazia, dessas de supermercado. Logo, veio à minha mente a idéia de que iriam recolher materiais jogados na praça, como a gente costuma fazer nos mutirões ecológicos na praia. Fui logo pensando: “hum... consciência ecológica! Bom...”
Curiosa que estava com aquela procissão de crianças fofinhas, espreitei pela janela, pra ver como sairiam pelo portão da frente. Com aquela calma legitimamente mineira - ela é de Minas, tinha que ser, né? - tia Léia perguntava: - “Quem vai dar a mão pra quem?” E as meninas se deram as mãos e os meninos se deram as mãos (rsrsrs). Estabelecidos os clubes, -“Nem preciso dizer como vamos fazer para atravessar a rua, né?” - “É!!!” – “Nem preciso dizer como é que nós vamos nos comportar na praça, né?” – “É!!!”. E lá se foram, bem bonitinhos.
Lá vem Cauã de novo, acompanhado da tia Cris. - “A mamãe já vai!” - “Ah.... não quero.” Tia Cris propôs uma brincadeira de Lobo. Ele ainda estava pra decidir se ia lá pra dentro brincar de lobo, quando o portão se abre e lá vem de volta a procissão. – “Ó, Cauã! Venha ver os feijões que nós apanhamos pra comermos na nossa salada!”, disse a tia Léia. Pra minha surpresa, lá estava a sacolinha de supermercado completamente abarrotada, não de lixo plástico, mas de feijões, naquele formato de vagem. Pronto! Uma magia se estabeleceu. Cauã foi metendo a mãozinha lá dentro. O rosto iluminado, - “Ó, mamãe! O feijão!!” E lá se foi com tia Léia e sua procissão, sem titubiar. –“Tchau, mamãe!”
Gente! Tia Léia e as crianças cataram os feijões em alguma trepadeira lá da praça!
Quando voltei pra buscar Cauã, a grande notícia é que ele havia passado horas retirando os feijõezinhos da vagem e acompanhado o ritual de cozinhar. E depois, claro, devorou um bocado na tal salada, que a tia Léia havia comentado.
Semblante iluminado, lá fomos nós "pra casinha", com aquela sensação de ter estado, não em uma escola, mas em uma casa de avó, numa dessas cidades aí do interior de Minas. Ah! E diga-se de passagem, a cozinha fica instalada logo ali no quintal.
Lá é assim. Não por acaso, esse lugar super especial que encontramos, graças à Rita, prima do Renato, se chama “A Arte de Ser”. Não é demais????
Beijos de mãe e pai muito emocionados com a escolinha que encontraram pra Cauã ser bem feliz.

domingo, 5 de dezembro de 2010

XÔ MAU HUMOR!



Hoje eu tive que trabalhar, depois de ter curtido um dia delicioso e intenso com o filhote ontem. Daí, que pouco antes do almoço, uma banalidade profissional me irritou, e fiquei mau-humorada, mas não percebi de cara.

Tínhamos combinado uma pausa no almoço, em que eu, Dani e Caio iríamos almoçar na praça, em meio a um super festival de chorinho que acontece todo ano aqui em São Carlos. Quando desci para sairmos, percebi o mau-humor me cutucando, e me irritei: mau-humor profissional no domingo em família não combina, mas não estava conseguindo controlar.

Até que olhei pra coisa fofa do meu filhote. E ele fez alguma brincadeirinha ainda mais fofa comigo. E aí pedi um abraço forte, e ele veio, me abraçou e me encheu de beijo. E fomos pra praça, e eu fiquei admirando meu pequeno curtindo aquele som maravilhoso como se não houvesse amanhã. E meu dia mudou de cor.

Pois é, coisas da maternidade. Antes, pra dissipar um mau-humor profissional, nada como um happy-hour, uma cervejinha, um beijo na boca. Agora, nada como um sorriso maroto, um abraço apertado e umas traquinagens de um molequinho. E viva a delícia das fases! (e que bom que sempre e sempre e sempre haverá pequenos gestos para nos livrar dos maus-humores...)

Que venham os árduos últimos dias de trabalho do ano.......... munição de beijinhos e abracinhos não me faltará.