sexta-feira, 29 de julho de 2011

A PRIMEIRA VIAGEM E OS DIÁLOGOS INTERNOS


Nessas férias, fizemos nossa primeira viagem a 4. A primeira viagem do Nuno! (sem contar a primeira ida pra casa da vó, que mora numa cidade bem pertinho daqui). Com Caio, fizemos nossa primeira viagem pra valer quando ele estava perto de completar 4 meses, quando fomos pra Bonito - MS (quase 14 hs de viagem!! mas foi uma delícia e já voltamos muitas vezes). Mas Nuno ainda não tinha nem 2 meses...

Mesmo assim, me enchi de coragem e topei irmos pra praia! Afinal, Caio estava de férias, marido conseguiu tirar uns dias também e, se ficássemos por aqui, sei bem que ele não iria se desvencilhar do trabalho (vida de autônomo, minha gente...).

De cara, adorei a ideia: seria bom passear, respirar novos ares, curtir um passeio em família. Além do mais, iríamos pro Guarujá, e não pra Ilha Grande (infelizmente... hehe), ou seja, teríamos infra à disposição. Mas depois, caí na real: praia com um bebê de menos de 2 meses? praia com uma pança mole dessas? e se fizer frio? e se chover? nós 4 sozinhos num apartamentozinho? E assim começaram meus diálogos internos, já antes de sairmos de São Carlos.

Decidida pela viagem, a primeira providência: comprar um maiô (porque biquíni não tô podendo....)! Rá! Segunda providência: listar TU-DO que eu poderia precisar na viagem com um bebê, pra não ficar na mão por lá. Terceira providência: pesquisar sobre passeios alternativos no Guarujá pra fazer com um menininho de 3 anos caso não desse pra pegar praia (afinal, estamos no inverno...). 

Demos sorte. O tempo ajudou e conseguimos pegar praia todos os dias. No primeiro dia, eu me senti um tanto estranha: estando lá, pé na areia, o diálogo interno só aumentou... De um lado, a "mãe descolada", se achando o máximo por ter conseguido içar âncora e viajar com um bebê a tiracolo. De outro, a "mãe noiada", se achando uma alucinada de levar um bebê tão pequeno pra praia, cheia de areia, de germes, com sol, com vento... Achava que todos estavam me olhando e comentando: "aquela doida, com um bebezinho desses na praia!" Rá!


Os dias foram passando e os diálogos internos prosseguiam. "Ai, que delícia estar na praia, amamentando meu filhote", pensava a mãe descolada. "Nossa, como vou dar de mamar com esse maiô molhado e o peito salgado?", atravessava a mãe noiada. "Hum, que brisa gostosa pra passear e levar o Caio pra andar de motoca", pensava uma. "Ai, será que não tá frio demais pra sair com um bebezico desses", cutucava a outra. 

 
só ele correu, viu, gente! que eu não queria assustar os banhistas...

Mas, no fim, a mãe descolada venceu. Os dias foram ótimos, todos nos divertimos muito, Caio pirou no mar, na areia, vendo a lua cheia, passeando de noite na beira da praia... Eu e Dani conseguimos relaxar mesmo com os dois pequenos... E Nuno ficou totalmente sossegado, nos acompanhando em tudo, e até teve sua primeira noite inteirinha de sono (a única, mas tá valendo!). Sucesso total. A "mãe descolada" até convenceu o maridão de que nos saímos muito bem em nossa primeira viagem como pais de dois (e ainda mais com um bebezinho): a logística funcionou perfeitamente, não faltou nada, não tivemos imprevistos e só aproveitamos. 

todo dia, depois da praia, a soneca no sofá...

Foi tudo tão bom, que resolvi prolongar as férias do Caio. Ele falava assim: "minhas férias de viagem vão acabar, mas agora vêm as férias de casa, né?" E aqui estamos, curtindo os últimos dias de "férias de casa". Essas também merecem registro e, se der, conto num outro post...

Mas, e vocês, já viajaram com bebê pequeno? Como foi? Dicas??


quarta-feira, 27 de julho de 2011

MINHA MÃE QUE DISSE!


Um dia, conheci a blogosfera materna, e me encantei. Resolvi criar um blog e o meu post de apresentação se chamava justamente "As mães e os blogs". Mal sabia eu, naquele momento, as proporções que este blog e que a blogosfera materia iriam tomar.

Um dos primeiros blogs que conheci e linkei por aqui foi o da Flávia. E, no mesmo dia que a linkei, ela apareceu por aqui também, e nos identificamos muito. Ainda não nos conhecemos pessoalmente, mas já trocamos tanto (recentemente ela até ciceroneou amigos meus em barcelona, quanta honra!), que é como se fossemos amigas de infância.

Através da Flávia, conheci também a Roberta, e o seu blog logo virou um dos preferidos - um dos mais divertidos de todos os tempos (mas ela também fala sério, e muito bem!). E eu adorava namorar a loja virtual dela e ver o filhote praiano defilando os modelitos.

E daí outro dia, mais ou menos um mês depois que o Nuno nasceu, a Flá me escreveu e, entre outras coisas, contou da "sociedade alternativa", como ela chamou, com a Roberta, e me mostrou uma prévia do portal mais bacana da blogosfera materna, que agora já está no ar e é sucesso absoluto: o Minha Mãe que Disse! (que emprestou o nome da loja da Rô, e é perfeito pro que o portal quer ser, né não?)

A ideia não podia ser melhor: sacando o crescimento estratosférico da blogosfera materna, as fofas reuniram tudo em um só lugar, cheio de seções bacanas, convidadas, reblogagens, vídeos, negócios, manifestações... E o que era uma "pracinha", como elas bem definiram, virou um encontrão permanente. E tudo muito bonito, super profissa, as duas abalaram!

Então, se é que alguém nessa blogosfera ainda não conheceu o portal, passa . Tô atrasadinha (mas eu tenho uma boa desculpa, né?), mas é claro que eu estou participando do sorteio de lançamento do Minha Mãe que Disse! E você?


[agora, sempre que dá, dou uma passadinha no MMqD. E o filhote, de férias, até já conhece o blog... sempre que vê as ilustrações lindas na tela, ele pergunta: é o minha mãe que disse, mamãe? Daí que não resisti e filmei o filhote falando isso... um garoto propaganda pra lá de fofo, não? rá!]



sábado, 23 de julho de 2011

INFINITO ENQUANTO DURE

Depois de mais um dia em tripla jornada sozinha com os pequenos, à noite eu estava um bagaço. Tudo me irritava, estava sem paciência, já fazendo tudo no automático. De repente me vi forçando a barra pro Caio comer, toda carrasca, e caí em mim. Disse a ele: ai filho, me desculpa, a mamãe tá muito cansada, e aí ela fica muito chata! 

A resposta do pequeno não poderia ser mais encantadora: Não, mamãe, você não é chata não!  E, pra completar, ele pegou carinhosamente minha mão.

Depois disso, ele parou de dar trabalho pra jantar, continuou comendo de mão dada comigo, ganhou as bolachinhas que tanto queria (fizemos juntos!) e falou: mamãe, tô com sono, vou deitar. (oi?)

E foi mesmo. Eu disse a ele que ia terminar de jantar e depois ia lá no quarto, e quando cheguei ele já estava capotado (de roupa e sem escovar os dentes, mas tá valendo).

Até chorei (pra variar). E lembrei que não dá pra subestimar esses pequenos: ao invés de prosseguir no automático e o caos e o cansaço tornarem-se cada vez maiores, ter sido sincera e mostrado a eles meus sentimentos (mesmo os menos nobres) fez tudo voltar pros eixos... Ele jantou, eu consegui jantar, ele dormiu, Nuno parou de chorar... E eu corri aqui pra registar! (porque vai chegar um tempo, sei que não vai demorar muito, em que vou ouvir muitos "ai mãe, como você é chata!"...)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

BENVINDA, LUNA!


Alegria nunca é demais. E a alegria trazida por bebês, então...

Pois na última quarta, dois meses e cinco dias depois de virar mãe de dois, virei também titia por parte das minhas irmãs (já tenho outros sobrinhos/as filhos dos meus cunhados)!!! Minha irmã do meio deu à luz sua linda menina Luna, que chegou de surpresa em plena lua cheia, mais de um mês antes do previsto, abalando nossas estruturas e reafirmando minha certeza de que a maternidade/paternidade nos conecta definitivamente com o imprevisível da vida!!

A pequena resolveu nascer com 34 semanas e meia de gestação, dando um susto em todos, antecipando dois signos e transformando os planos de seus pais de realizar um parto domiciliar. Após pouco mais de um dia de bolsa rota, um trabalho de parto a jato e natural (assistido por uma médica especial) e a pequena estava nos braços de seus pais... mais um bebê vindo ao lado de cá do mundo sorrindo, recebido de forma digna e aconchegante. A pequena nasceu super bem, grandona, prontinha. Todos médicos que a viram quase não acreditaram que fosse prematura! Uma verdadeira benção, mistérios da vida.

A emoção que senti acompanhando tudo à distância foi tão intensa... a ansiedade ao saber da notícia da bolsa rota prematuramente,  ao acompanhar as angústias da minha irmã sobre qual seria o desfecho do nascimento e as decisões que ela e o marido teriam que tomar ao longo do processo para garantir que essa passagem (da mãe e da filha) acontecesse da melhor maneira possível, a expectativa sobre a indução já marcada e, por fim, a notícia, logo nas primeiras horas da manhã, de que o trabalho de parto havia engrenado antes que ela fosse necessária e que eu já era titia... Tudo isso me invadiu de tal forma, foi tudo tão inesperado, que chorei como uma criança quando soube do nascimento... Caio me olhava e dizia, mamãe, porque você está chorando? E eu: de alegria filho, sua priminha nasceu! E os olhinhos dele brilhavam e sorriam junto comigo. Que delícia. Que vontade louca de estar perto deles...

treinando com os sobrinhos!

Luna, querida, seja muito benvinda na nossa família! Você chegou  abalando, menininha, já vi que vai dar o que falar!!! Vai ser bom demais ter você brincando com meus filhotes, trazendo pra muito perto deles o universo feminino! Caio está doido pra te conhecer, mas ainda insiste que você se chama Maya...

Sil, que alegria ver você trilhando seu caminho rumo à maternidade, buscando o melhor pra você e pra sua filhota! Você foi muito guerreira e muito serena, ADMIRAÇÃO total, lindona!!! Conte comigo pro que precisar nessa nova fase! E parabéns pelo aniversário, que presentão, hein!

Cacá, obrigada por ser tão parceiro da Sil, e bancar com ela todas essas escolhas iniciais. Foi lindo te ver nas primeiras horas cuidando da Luna e ver sua feição transformada em pai pelo skype...

Parabéns pra vocês, e logo mais estaremos aí!!!


terça-feira, 12 de julho de 2011

MÃE DE DOIS: PRIMEIRAS CENAS

:: Cena 1

Mãe morrendo de medo do dia em que teria que ficar com os dois filhotes sozinha. Pai doido pra voltar a treinar capoeira. No meio desse acordo, um frio fenomenal e uma manhã tenebrosa de chuva e... filho mais velho não vai pra escolinha. Filho mais novo ainda não tinha nem um mês, a mãe ainda tava perdidinha!!! Mas até que correu tudo melhor que o esperado, com toques tragicômicos, como não poderia deixar de ser. Se antes ela se achava "polvo", agora então... No fim da manhã, bebê dormindo, mãe vai dar almoço pro mais velho e, é claro, o bebê acorda bem nessa hora. Mãe põe o bebê no peito e, com o braço livre (oi?) ajuda o mais velho a comer. Antes de acabar o prato, o mais velho diz: "Cocô". Com o mesmo braço livre (!) a mãe o ajuda a descer da cadeirinha, ele vai ao banheiro e lá já se vira bem sozinho. "Avisa quando acabar, tá, filho?" A mãe vai colocar o bebê no carrinho e ele, é claro, acorda. Ela percebe que está molhado de xixi e vai trocar. No meio da troca do bebê (é claro), o outro filho grita: "Mãe, acabei!" A mãe, já agitada, devolve um: "já tô indo, só um minutinho", acelera a troca do bebê e o coloca no carrinho. Quando chega no banheiro, se depara com um meninino todo independente, que pegou o lenço umedecido em cima da pia e tentava se limpar sozinho... Acha graça, e o ajuda a finalizar a limpeza, enquanto o bebezico começa a espernear no carrinho (que tem formiga, só pode!). E assim seguiu o dia em que ela realmente debutou como mãe de dois.

:: Cena 2

Primeira noite em que o bebê dá trabalho pra dormir. Dor de barriga, mãe cansada, pai com dor nas costas, bebê volta pra mãe cansada. Mamá, colo, homeopatia, bolsinha quente de ervas e finalmente o pequeno dorme. Mãe respira aliviada, faz a toalete e se aninha nas cobertas quando escuta: "mamãe, mamãe! eu quelo a mamãe!" vindo do outro quarto. O pai, que seria o responsável pela situação, estava tão capotado que ela teve dó, e foi atender o mais velho. Narizinho estava ruim, pingou gotinhas, ele pediu tetê, ela fez, ele quis fazer xixi, ela foi junto. Voltaram pro quarto, ele dormiu e ela, finalmente, também. E o bebê, generoso, só foi acordar no outro dia de manhã (o que significou não mais que 4 ou 5 horas de sono na noite...).

:: Cena 3

Fim de semana cheio, pai trabalhando, mãe sozinha com as crias, vários programas fora de casa. Começou na sexta, que não teve escolinha do mais velho. Pai dando uma força só em pequenos intervalos, como hora do banho ou do almoço. Mãe e filhos passando muito tempo juntos, na alegria e na tristeza (rá!). Rotina tumultuada com os programas e a ausência do pai. Eis então que o bichinho do ciúme apareceu com mais força... Mãe com bebê no colo, menininho se pendurando em cima. Bebê mamando, irmão puxando bracinho, pondo mãozinha na boca ou apertando a cabecinha (tudo muito sutilmente, sacomé, começa com um carinhozinho e vai). Bebê dormindo, molequinho chacoalhando o carrinho ou fazendo qualquer outra coisa pra ele acordar. Mas vamos que vamos. A vontade de ter a mamãe só pra ele veio com tudo, e filho mais velho grudou, queria a mamãe o tempo todo (mesmo porque, só tinha ela mesmo...). Mãe se desdobrando pra dar mamá pra um e brincar com outro, dar banho em um enquanto o outro se balança no bebê conforto, dar comida pra um com outro de bruços na perna soltando pum... Em comparação com o primeiro dia, tá craque. Mas ainda não se acostumou com um molequinho arteiro querendo chamar atenção a todo custo, nem que pra isso seja necessário jogar terra na mamãe enquanto ela está com o bebê... E o fim de semana ainda acabou com aquele doído episódio...

:: Cena 4

Férias do filho mais velho. O bebê agora beira os dois meses. A mãe já tá ficando escolada em ficar sozinha com as crias. Agora ela pode ser vista amamentando o bebê sentada na mureta do parquinho, enquanto brinca de comidinha com o filho mais velho. Ou, ainda, pode ser encontrada jogando bola com o mais velho no quintal de casa com o bebê de bruços no colo, pra aliviar dor de barriga. Nessas ocasiões, diálogos muito interessantes podem ocorrer:
[mãe: filho, agora vou ter que dar mamá pro nuno, tá, daqui a pouco a gente brinca mais! filho: não mamãe, não pode! Porque agora você não é a mamãe, você é jogador... e jogador não pode sair pra dar mamá!]


E estamos só começando, né não?



terça-feira, 5 de julho de 2011

SER MÃE DÓI

Esse fim de semana que passou foi minha prova de fogo no maravilhoso mundo de mãe-de-dois (minha admiração eterna às mães de 3 - a minha!, de 4 - minha sogra!, e daí em diante...). Pretendo registrar esse aprendizado em post em breve, já está no rascunho (rá!).

Mas o fato é que foi um fim de semana agitado, foi meu aniversário, teve festa junina da escolinha do Caio, marido estava organizando evento de cultura popular, eu sozinha com as crias, várias atrações bacanas pra ver... Passamos o fim de semana, de sexta a domingo, fazendo várias coisas fora de casa. A maioria delas na organização em que trabalhamos, a Teia, onde o evento estava acontecendo.

Daí que domingo a programação foi longa, principalmente pro Dani e pro Caio, que foram já de manhã pras atividades. Eu e Nuno chegamos na hora do almoço. Apresentação vai, apresentação vem, criançadas brincando, Caio por vezes grudava em mim e no Nuno, mas a maior parte do tempo seguia brincando loucamente por lá.

Lá pelas tantas, ele encontrou uma bolsinha bonitinha de uma amiga nossa, abriu e achou lá dentro um mini relâmpago macqueen (eu não vi nada disso, a partir de agora conto com os relatos do marido). Pegou e foi brincar escondidinho perto de umas bananeiras. Marido viu, descobriu de quem era a bolsinha (de uma amigona nossa), ela liberou que ele brincasse com o carrinho da filha. Dani foi lá, conversou com Caio, explicou que não podia mexer nas coisas dos outros e tal, e disse que ele podia brincar com o carrinho até que a Manu (ou sua filhinha Lara) pedissem de volta. E ele continuou brincando escondidinho.

Em seguida, Dani me contou o que tinha rolado, eu fui lá, conversei com ele, reforcei o que Dani tinha dito e o chamei pra sair de lá, que ele não precisava ficar escondidinho, que a Lara tinha emprestado o brinquedo pra ele. Ele veio, comeu, brincou, mas continuava se esgueirando pelos cantos, meio que fugindo da hora de devolver o brinquedo. No fim do dia, começou a escurecer, o pessoal dos grupos que se apresentaram começou a ir embora, e eu comecei a ficar mais de olho no Caio, porque vira e mexe ele sumia. Mas Dani tava sempre de olho nele, e relaxei, fui pra um canto mais sossegado dar mamá pro Nuno, descansar e prosear um pouco.

Estava bem relaxada quando Dani entra com o olhar mais desesperado que já vi e me fala: Thaís, eu já tô há uns 10 minutos procurando o Caio e não encontro. Só de escrever sobre isso meu coração já paralisa, da mesma forma como aconteceu no dia: MEU CORAÇÃO PAROU POR UM INSTANTE, tenho certeza. E, em seguida, começou a bater de forma tão, mas tão acelerada, que eu mal conseguia respirar. Levantei e saí feito louca, comecei a chorar imediatamente, e saí desembestada a gritar por ele: Caio, cadê você filho? 

CAIOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO

Fiquei LOUCA DE VERDADE, foi uma sensação indescritível de DESCONTROLE TOTAL. Uma DOR INSANA NO PEITO. Várias pessoas ajudando a procurar, lembro de flashes delas me dizendo: ele entrou ali, eu vi, ele só pode estar escondido ali, não tinha como ele sair sem eu ver... Eu fui até o local, chamei, gritei, e nada... Fui ficando ainda mais desesperada: impossível que ele tenha se escondido, que ele esteja escondido todo esse tempo, e ninguém o encontre, e ele não responda aos chamados... Eu só pensava que alguém tinha levado ele, ou que ele teria entrado atrás de alguma criança nos ônibus dos grupos... Saí correndo pra rua (DETALHE: TUDO ISSO COM NUNO DORMINDO NO SLING), chorando, gritando, não sabia se ia pra uma esquina ou pra outra... Aí me dei conta que Nuno estava comigo, que era insanidade demais sair pela rua, já tinha outras pessoas ali procurando... Voltei e continuei a chorar, passava pelas poucas pessoas que ainda estavam ali (todas amigas e da produção do evento) e dizia: o Caio sumiu, o Caio sumiu....

E, nesse momento, vejo as pessoas acenando pra mim lá de baixo, do lugar onde ele supostamente estaria escondido... Vejo Dani vindo com ele no colo.... Despenco no degrau e começo a chorar compulsivamente... Meu filho estava ali... Ele vem com uma carinha de susto e de arteiro, Dani diz: "Olha o jeito que sua mãe ficou, filho, não faz mais isso!" Ele estava escondido atrás de um armário, ficou ali quietinho só pra não ter que devolver o carrinho......

Chorei, chorei, abracei o Caio, dei mamá pro Nuno, tentei me acalmar e conversar com ele, entender o que tinha acontecido... E ele, com uma carinha de envergonhado, meio sorrindo meio chorando, me abraçou como querendo se esconder de novo e devolveu o carrinho pra amiga meio contrariado... Ficamos ali, abraçadinhos, mas o Nuno estava no sling, tentei ajeitar ele no colo e ele começou a chorar muito também, acho que por ver como eu estava, por ter devolvido o carrinho, por não ter meu colo só pra ele, por não entender direito toda a situação...

Eu já havia aprendido o quanto dói ser mãe. Mas essa FOI A SITUAÇÃO MAIS DIFÍCIL E DOÍDA DE TODA A MINHA VIDA, ter meu filho desaparecido por apenas alguns minutos. Pensei que isso vai me acompanhar por toda a vida, imaginei as mães que têm seus filhos realmente desaparecidos, ou mortos... É, sem dúvida, A MAIOR DOR DE TODAS. 

Eu fiquei literalmente insana. Depois, voltando ao normal, mal conseguia encarar as pessoas que viram aquele meu desvario. Poucas delas tinham filhos, pra entender aquele estado de insanidade em que estive.

Passado o susto, Caio permaneceu manhoso, querendo minha atenção. Brinquei um pouco com ele, dei suco e convoquei o pai a irmos embora. Caio estava visivelmente esgotado, de cansaço físico e emocional. Viemos conversando com ele sobre o ocorrido, tentando entender melhor, e explicando as coisas pra ele. Ele ouviu tudo com atenção, disse que não iria mais fazer aquilo, pediu um carrinho igual ao da amiga e capotou na cadeirinha do carro.

Eu e o pai ainda fomos dar banho e pôr Nuno pra dormir e, depois, conversar um pouco pra colocar as ideias e emoções nos eixos, entender onde poderíamos ter intervido antes de chegar àquela situação, agradecer por não ter sido coisa pior....

O fato é que esse dia me marcou pra sempre, e dor que eu senti e o estado de insanidade em que estive ainda pulsam em mim, como uma espécie de alerta. Ser mãe agora dói ainda mais.