segunda-feira, 26 de setembro de 2011

RELATO DO PARTO DE CAIO - PARTE 3

[continuando...]

As vésperas

Passei a 38ª semana praticamente toda na rua, dirigindo pra lá e pra cá, andando pra baixo e pra cima atrás de tudo que faltava para completar enxoval, quartinho e cia. Na sexta feira (dia 04/04), estava no trânsito quando senti umas contrações um pouco mais doloridas, mas nada que me chamasse muito a atenção (afinal, eu já vinha sentindo contrações há pelo menos umas 3 ou 4 semanas e, desde o descolamento de membranas, elas eram levemente doloridinhas). Ao longo desse dia tive mais algumas pontadas dessas, mas nem tchuns.

Minha irmã e meu cunhado tinham acabado de voltar de uma viagem para Índia, e estariam em Araraquara no sábado (05/04), para encontrar todos e mostrar as fotos. Eu queria muito ir, mas Dani estava fazendo o maior terrorismo, dizendo que eu não deveria ir, pois, caso eu entrasse em TP, o fato de estar lá melaria nossos planos. Ele inclusive decidiu que não ia de jeito nenhum, pra ver se me fazia mudar de ideia.

Fiquei triste e puta com essa atitude dele, e resolvi ligar para a Vânia antes de decidir o que fazer. Lembro perfeitamente do que ela disse: “Seu parto pode demorar ainda até mais quatro semanas. Prepare-se para isso, pois se você ficar achando que o bebê pode nascer a qualquer momento, você vai ficar muito ansiosa. Vai tranquila!” Na hora liguei para o meu pai e ele topou vir me buscar e me trazer de volta à noite. Na viagem de ida, senti umas contrações bem fortinhas, mas fiquei na minha. Chegando na casa dos meus pais, mais uma contração e fui direto pro banheiro, levar um papo com o bebê: “filhote, pelo amor de Deus, não vai resolver nascer hoje, espera a mamãe voltar pra São Carlos!” Rá!

Parece que ele me ouviu, e o resto do tempo fiquei super bem, sem contrações. Pude curtir a festinha, conversar com pessoas queridas, curtir minhas irmãs, ver as fotos. Uma grande amiga da família, Tia Sandra, me disse algo que nunca esqueci: “Thaís, você vai saber quando chegar o dia, a gente acorda se sentindo tão estranha...”

Na volta para casa, mais algumas contrações daquelas. Mas cheguei em casa sã e salva, e fui direto dormir.            

A chegada - a experiência mais incrível de nossas vidas

No domingo, dia 06 de abril, eu acordei me sentindo estranha... Mas faltavam ainda dez dias para a data prevista para o parto, então nem associei aquilo com o que tinha ouvido da Tia Sandra no dia anterior. Achei que era mais um dos “surtos” emotivos que tive ao longo de toda a gravidez, e não dei muita bola. Na verdade, eu estava com “faniquito” de arrumação, comecei a arrumar a casa inteira, que estava uma zona, resolvi lavar TODAS as roupinhas do Caio de uma vez, e enquanto eu fazia tudo isso, resmungava para o Dani que a nossa casa estava um horror, que dizem que um bebê só vem ao mundo quando o ninho está pronto, e o nosso ninho estava uma bagunça, que o Caio poderia nascer a qualquer momento, e olha só como ia estar a casa, imagina se ele resolvesse nascer hoje, não ia ter condição nenhuma, e bláblábláblá....... E, além de arrumar e reclamar, eu também chorava entre uma coisa e outra!

O Dani não acreditava, ele não estava entendendo nada: no início, tentou me acalmar, aos poucos foi perdendo a paciência e, de repente, explodiu: “mas o que tá acontecendo com você, tá parecendo uma criancinha, não tô te entendendo!” E eu chorava mais ainda, e dizia pra ele que alguns psicólogos diziam que as mulheres se infantilizam no final da gravidez, como uma reação ao medo da transformação em mães, e bláblábláblá..... e mais chororô. Uma coisa.

No fim desse louco dia, minha irmã (a que tinha voltado da Índia) passou aqui na volta de Araraquara para São Paulo, para ver o quartinho do bebê e conversar mais conosco, já que no dia anterior quase não tínhamos conversado. Aí resolvi contar para ela nossa decisão pelo parto domiciliar, senti que ela me apoiaria, e eu precisava muito falar sobre isso com alguém de confiança, foi muito difícil guardar essa decisão só para nós. Ela disse que queria participar do parto, que poderia fotografar, que a gente avisasse ela quando sentíssemos que seria o dia que ela viria de São Paulo para cá. Ficamos de conversar (pois não queríamos muita gente em casa no dia do parto, e já tínhamos conversado sobre a possibilidade da Rosa, prima do Dani, que estava fazendo curso de doula, acompanhar e registrar o parto). Umas 19:30hs ela foi embora, tive mais uma explosão de choro, eu e Dani conversamos profundamente, eu me acalmei e resolvemos fazer nosso plano de parto.

Estávamos sentados no chão da sala, lendo vários planos de parto e identificando aqueles que poderiam nos auxiliar a escrever o nosso, quando comecei a sentir umas contrações diferentes. Eram umas 21:30hs. Naquela intensidade que havia sido o meu dia, eu não havia sentido nenhuma contração. Mas agora que eu tinha parado, relaxado, elas vinham, e vinham fortes, mais fortes que todas que eu já tinha sentido até ali. E vinham com mais frequência, mais perto umas das outras... Nos olhamos, apreensivos e com um sorriso nervoso, mas sem afobação, e decidimos marcar o intervalo das contrações. Eu falava e Dani marcava. Os intervalos não eram muito regulares, o que nos tranquilizou um pouco: ora vinham de 15 em 15, de 7 em 7, de 10 em 10... Ficamos mais um pouco lendo os relatos, mas logo caímos na real: talvez o parto acontecesse logo, não ia adiantar nada fazer um plano de parto àquela altura!!

Dani sugeriu que fôssemos descansar, porque se o trabalho de parto engrenasse, o dia seguinte poderia ser longo (imaginávamos um trabalho de parto de, no mínimo, 12 horas, de acordo com os relatos e experiências que conhecíamos). Ele foi deitar por volta de umas 23hs e eu fiquei na sala lendo, estava meio ansiosa, não ia conseguir dormir... Estava lendo justamente o livro “Nascer Sorrindo”, do Leboyer, e as contrações começaram a ficar mais próximas... Resolvi deitar e descansar, Dani estava certo, eu precisava estar bem disposta caso o parto realmente fosse acontecer no dia seguinte. Me troquei, deitei na cama, de lado, não conseguia ficar, de costas, também não... resolvi ler mais um pouco, na cama mesmo.

As contrações foram se intensificando, comecei a marcar o tempo silenciosamente, pra não acordar o Dani, e percebi que elas já estavam regulares, de 7 em 7 minutos... “Dani, você tá acordado? Eu tô  achando que vai ser hoje mesmo, as contrações estão mais regulares...” E, ele: “então apaga a luz, vamos descansar, deita aqui”... Obedeci e, na primeira virada que dei para me ajeitar na cama, veio uma contração bem intensa, senti um movimento bem forte do bebê, e uma água escorreu nas minhas pernas: “Dani, acho que a bolsa estourou, agora não tem mais volta!” Eram 00:30hs. Rimos, eu me levantei e fui ao banheiro, pingando líquido amniótico pela casa inteira! Lá ainda escorreu mais um pouco de líquido, me limpei, me troquei e decidimos ligar para a doula, Vânia.

Ela atendeu super rápido, parecia que estava esperando nossa ligação. Não tínhamos certeza se já era hora dela vir, mas depois de fazer umas perguntas, ela mesma concluiu que era hora de vir, me lembro exatamente de suas palavras: “se vocês estão tranquilos, daqui uns 40 min no máximo estou aí. E vamos trabalhar!”

Depois disso, minha lembrança é toda feita de flashes, não tenho muita noção do tempo que as coisas levaram para acontecer, nem da sequência exata entre elas... Vou relatar conforme as coisas me vêm à lembrança, e espero contar com a ajuda do maridão para completar esse relato...

Lembro que troquei de roupa umas duas vezes antes da Vânia chegar, por conta do líquido amniótico que não parava de escorrer, e também porque queria encontrar uma roupa na qual me sentisse confortável, e estava um pouco frio. Fiquei andando pela casa, me movimentando, sem pensar em nada, apenas procurando encontrar posições nas quais eu me sentisse confortável. Sentei na bola (que a Vânia já tinha me emprestado há algum tempo), e fiquei rebolando bastante, tentei realizar algumas posições da yoga, mas somente a posição do gato (apoiada de quatro no chão, movimentando o quadril em vários sentidos) me aliviava um pouco: a coisa começava a ficar poderosa, já não havia muito mais o que fazer para amenizar as fortes contrações que ficavam cada vez mais próximas.

A Vânia chegou mais ou menos nessa fase, eu estava na sala, sentada na bola, conversamos um pouco sobre como eu estava, e logo mais uma forte contração na qual saiu grande quantidade de líquido amniótico. Fui novamente me trocar, Dani ficou limpando a sala, e Vânia foi “se instalando” na casa, trouxe um cd bem bacana de músicas instrumentais (que depois eu vim saber que tinham como tema a “Água”) que colocamos para tocar no escritório, começou a me fazer umas massagens na lombar... 

contração
a única foto do início da  fase ativa do TP...
Lembrei da máquina fotográfica, Dani tirou uma foto e a bateria acabou: não acreditei! Essa era apenas mais uma das coisas que estavam despreparadas, já que não tínhamos imaginado que nosso meninão resolveria nascer mais de uma semana antes da data prevista... a máquina descarregada, quase não tínhamos comida em casa (eu ia fazer supermercado no dia seguinte, tinha planejado que queria canja e sorvete para o dia do parto! Acabou ficando para o dia seguinte!), as roupinhas do bebê TODAS molhadas... Mas fomos nos virando: botamos a máquina para carregar, Dani me preparou um chá com torradas e mel para me dar mais energia. Tentei comer entre as contrações, mas as ondas ficavam cada vez mais fortes, e eu mal conseguia mastigar.

Enquanto eu tentava comer, decidimos, com Vânia, que já era hora de ligar para a Jamile. Eu andava pela cozinha, Dani me apoiava e massageava durante as contrações e Vânia ligava para ela. Primeira tentativa, no celular, ninguém atendeu. Nova tentativa no celular, e nada. Decidimos tentar na casa, pois era de madrugada, o celular poderia estar desligado... Nada. Comecei a ficar um pouco aflita, pois as contrações apertavam, mas elas me absorviam tanto, e Vânia me passou tanta segurança, que abstrai. Deixei nas mãos dela e do Dani essa preocupação, e continuei me movimentando pela casa, andando e rebolando nos intervalos, e parando, me apoiando, e por vezes me acocorando durante as contrações. Enfim, depois de uma idéia de gênio da Vânia, conseguimos nos comunicar com Jamile: a Vânia ligou na maternidade cheia de lábia para tentar conseguir o número do celular do marido da Jamile, que é médico, e as atendentes não deram, é claro. Mas pouco depois o telefone de casa tocou, elas tinham ligado para ele e Jamile logo imaginou que éramos nós: ufa, senti um alívio incrível ao saber que Jamile estava a caminho, as contrações já estavam bastante incômodas, e eu queria entrar na água... Não daria tempo da Jamile montar a banheira, mas para mim, naquele momento, o chuveiro estava ótimo!!!

Perguntei para a Vânia se já podia entrar (porque sabia que, entrando na água no momento errado, o TP poderia estacionar) e ela liberou. Lembro também de ter perguntado se ela achava que até a hora do almoço o bebê já teria nascido, e ela disse, confiante: Antes de nascer o dia já vai ter bebê nessa casa! Eu e Dani nos olhamos estarrecidos e felizes, animados com a possibilidade de logo ter nosso bebê nos braços. Foi um estímulo e tanto, dado na hora certa, e totalmente verdadeiro! Por essas e outras a doula foi tão tão tão importante no nosso parto.

Que delícia foi entrar no chuveiro, pedi para o Dani entrar comigo, ele e Vânia prepararam tudo no banheiro, levaram o som, reduziram as luzes, trouxeram a bola, e ele ficou comigo dentro do box, me dando todo o apoio físico e emocional que eu tanto precisava. Relaxei muito no chuveiro, com o apoio do Dani e as massagens da Vânia, embora as contrações só aumentassem de intensidade e reduzissem os intervalos... Mas era exatamente como eu tinha lido em tantos relatos, a natureza é tão sábia que os intervalos tinham a função perfeita de me reestabelecer e me relaxar para a próxima contração, que vinha sempre mais forte que a anterior... Eu relaxava muito, muito mesmo entre uma contração e outra. (Na realidade, intuitivamente acho que eu sabia que teria meu filho debaixo do chuveiro: durante toda a gravidez foi o lugar onde eu mais conseguia relaxar, onde eu mais conversava com o “meninão” - como eu costumava chamar o Caio, já que ele não tinha nome ainda... -, onde mais eu me conectava comigo mesma e com ele, onde mais eu ficava projetando como seria o momento do parto...)

mãos de fada
água e massagem da doula, substitutos da anestesia
A partir de agora, me lembro menos ainda, eu já estava pra lá de Bagdá, acho que estava na Partolândia, como costumavam brincar nas listas de discussão... A Jamile chegou, acho que a Vânia que a recebeu, me lembro dela ter conversado comigo do seu jeito sempre doce, perguntou como eu estava me sentindo, e já foi preparando tudo no banheiro para iniciar sua atuação, e colocou a banqueta de cócoras dentro do box para o caso de eu querer usá-la. Ela logo auscultou o bebê, lembro que nessa hora fiquei um pouco tensa, pois ela ficou um tempo auscultando sem comentar nada, mas estava tudo ótimo. Ela também achou necessário fazer um exame de toque, para sabermos como estava evoluindo a dilatação, e, delicadamente, perguntou se eu me incomodaria de irmos até o quarto, para que ela pudesse me examinar deitada... Mas eu não podia nem pensar em sair do banheiro, muito menos em deitar, e ela, perfeita no seu papel de me apoiar e evitar me incomodar ao máximo, se desdobrou para fazer o toque comigo sentada na banqueta de cócoras (foi o único, em todo o TP). Ela não precisou a dilatação, apenas disse que estava bem perto, que ela havia tocado a cabeça do bebê.

Depois disso, ela manteve-se absolutamente discreta, fazendo seu trabalho nos bastidores: preparando tudo para receber nosso filhote no banheiro, percebendo que todas as roupinhas e touquinhas do caio estavam molhadas e se organizando com a Vânia para secá-las com o ferro, preparando o quarto para nos receber após o parto... A Vânia se dividia entre ajudá-la, me massagear, trazer comida e, sem eu nem perceber, tirar fotos e filmar ao menos a reta final do parto, quando a bateria da máquina já tinha carregado um pouco (se não fosse ela não teríamos nenhuma imagem desse dia tão especial!). Enquanto isso, as contrações vinham como ondas que me inundavam, que me tiravam de órbita, e em seguida um relaxamento absoluto. Lembro de ter me focado muito na minha respiração, como tinha aprendido ao longo das práticas de yoga, o que me ajudou muito a suportar as avalanches de dor e também a relaxar entre elas. Em dois momentos me senti um pouco fraca, e com fome, e Vânia e Dani se revezaram para me atender com sucos e frutas, que eu mal conseguia comer (os líquidos caíam bem melhor). 

doula paciente parteira porreta
doula e parteira se revezando nos cuidados comigo
Uma das coisas de que me lembro bem é de ter gritado bastante! Lembro que eu comecei a gritar, minhas cachorras começaram a uivar, e de repente todos os cachorros do bairro estavam latindo e uivando... foi um momento cômico, nem eu me aguentei e caí na risada. Mas logo voltei pra partolândia, já estava em um ponto em que as dores atingiram um pico incrível, eu me pendurava no pescoço do Dani para me apoiar e aguentar as fortes ondas, as contrações cada vez mais próximas umas das outras. Nesse momento, até a água, que até então tinha sido meu alívio, começou a incomodar: eu sentia as gotas como que pinicando minha lombar, e pedi para desligarem o chuveiro. 

apoio
Dani me apoiou física e emocionalmente, o tempo todo
parir junto

De repente, a vontade incrível de fazer força: lembro que perguntei se eu já podia fazer, e a resposta de Jamile foi: se você está com vontade, pode fazer. Foi muito bom ter autonomia total nessa hora, sem ninguém pra me dizer o que fazer (tipo: “faz força, fica assim, assado”...) - eu perguntava o que tinha dúvida, e a Jamile ia me orientando. Em algum momento, já na reta final do expulsivo, ela sugeriu que eu sentasse na banqueta de cócoras, pois eu já estava bem cansada (e Dani com as costas arrebentadas! Rá!). Foi incrível ver como o meu corpo sabia o que tinha que ser feito, sem pieguice: a vontade de fazer força veio, e já era hora de nascer. Jamile perguntou se eu queria ver a cabeça saindo, preferi não ver (depois me arrependi um pouco), mas toquei e foi uma sensação indescritível, misto de emoção e aflição. A percepção de que em muito pouco tempo meu bebê teria completado a passagem para o lado de cá da barriga me encheu de força pra seguir ajudando-o, apesar daquela sensação de que algo estava me partindo ao meio! 
    
Depois da descida do bebê, essa sensação passou, restou uma queimação (o tal círculo de fogo, imagino, tão comentado nos relatos de parto) e, em algumas contrações meu bebê nasceu: na primeira, a cabeça. Depois de algumas, o corpinho! Eu mal podia acreditar... Jamile o amparou, colocou uma touquinha e uma mantinha aquecida em torno dele e o colocou no meu colo imediatamente. Eu realmente não conseguia acreditar que ele já estava ali... fiquei meio embasbacada... mas, ao contrário do que imaginava, eu não chorei: fiquei ali, grudadinha com ele, sentindo aquele cheiro delicioso que jamais esquecerei. Dani nos olhava completamente emocionado, rindo e chorando ao mesmo tempo.  

sem palavras...
nossos primeiros instantes juntos
Tentei colocar ele no seio, mas ele não quis; Jamile e Vânia disseram que era normal, que no tempo dele ele iria mamar. Elas me ajudaram a levantar da banqueta, me enrolaram numa toalha, e eu segui com ele no colo, ainda ligados pelo cordão umbilical, até meu quarto. Jamile e Vânia já tinham preparado tudo, forrado a cama, separado a roupinha, organizado o material que iriam precisar. Deitei na cama com ele sobre meu peito e logo ele começou a mamar, como se sempre tivesse feito aquilo, sem brincadeira. Dani cortou o cordão umbilical depois que parou de pulsar. Mamou um pouco, depois parou, nos olhamos e eu disse: “Filho, você acredita que você já nasceu? A mamãe não tá acreditando ainda!”. Ficamos ali deitadinhos, Dani a nos olhar, Jamile e Vânia saíram um pouco para nos deixar curtir sozinhos aquele momento tão especial. Nos emocionamos demais!

Até esse momento, ainda não tínhamos decidido o nome, estávamos entre Téo e Caio (a história da decisão, aqui). Quando Jamile voltou, para acompanhar a expulsão da placenta e verificar a laceração no períneo, Dani pegou o bebê para que eu pudesse me concentrar na finalização do processo. A expulsão da placenta foi uma parte bem desagradável, já que eu não tinha me preparado para aquilo, não sabia que eu continuaria a sentir contrações, que teria que fazer força para expulsá-la... Eu relaxei tanto depois do parto, que a placenta simplesmente não saía... Ficamos cerca de 1 hora nessa etapa, Dani ia e vinha com o bebê, eu tentava fazer força, Jamile me massageava, fez acupuntura, até que pedi um apoio para os pés (eu estava deitada, talvez, se estivesse de pé, fosse mais fácil), fiz força e ela saiu inteira, ainda bem! Não pensamos em fazer nada com ela, e foi descartada. Em seguida, Jamile suturou a laceração, o que também foi bem chatinho, e novamente ficamos só eu, Dani e Caio, agora já com nome.

pai babão
papai apaixonado
amamentação já! 1
amamentação na primeira meia hora, com ajuda da doula e da parteira


parir em casa 2
primeiros cuidados em nossa cama...
 Enquanto ficamos nós três curtindo, Jamile e Vânia foram para a cozinha e prepararam um delicioso caldinho de feijão (a única coisa que conseguiram fazer com o que tinha em casa, pois estávamos desprovidos, o supermercado seria feito no dia seguinte...), que comi na cama mesmo, como se não houvesse amanhã! Foi perfeito. Enquanto eu comia, Dani e Vânia ajudavam Jamile a pesar e medir o bebê, e o vestiram. Apenas quando tudo estava feito, limpo e tranquilo, é que elas foram embora, às 7 da manhã!!! Nessa hora, nossa ajudante estava chegando, e quase caiu para trás ao saber que nosso bebê já tinha nascido, e em casa. Deitamos os três na nossa cama, e dormimos deliciosamente até quase 11 da manhã, quando levantamos e começamos a ligar para avisar familiares e amigos do nascimento de Caio. Nada como parir em nossa própria casa, do nosso jeito, com nossas coisas, e receber as visitas nesse clima delicioso! 

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Caio nasceu às 4:18 do dia 07 de abril de 2008, pesando 2.820kg, medindo 49cm e recebeu apgar 10/10. Não recebeu nenhuma medicação e não sofreu nenhum procedimento invasivo. Esteve junto a mim ou ao pai durante todo o tempo desde o primeiro minuto de sua vida. Nasceu "sorrindo", como acredito que todo nascimento deveria acontecer.

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Agradeço a todos os envolvidos direta ou indiretamente para que nosso parto, o nascimento do Caio, nosso nascimento enquanto pais pudessem ocorrer da forma como acreditamos e desejamos! Muito obrigada, mesmo! E, especialmente ao Caio, por ter nos proporcionado a maior experiência de nossas vidas.

INTERROMPEMOS NOSSA PROGRAMAÇÃO...

... para registrar que meu bebezico já tem dentes!!!!!!!!!!!!!!

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Alguém pode parar o tempo, pelamordedeus?

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

RELATO DO PARTO DE CAIO - PARTE 2

[continuando...]

A reta final e a decisão pelo parto domiciliar

Na volta da viagem a Salvador, já entrando no terceiro trimestre, começamos a pensar com mais detalhes sobre como queríamos - e poderíamos - fazer o parto. Apesar do parto domiciliar já me passar pela cabeça, como disse, o parto hospitalar ainda era a primeira opção, tanto por medo do marido, quanto pela questão financeira e, principalmente, pelo fato de todos os profissionais que eu sabia que atendiam esse tipo de parto no Estado serem da cidade de São Paulo (ou seja, teriam que viajar cerca de 3hs até aqui).

Resolvemos fazer uma visita à maternidade e à casa de saúde, os dois locais onde se realizam partos na cidade. A visita à maternidade foi um pesadelo: o ambiente hospitalar branco e frio, uma enfermeira despreparada e um discurso pronto de apresentação do local para quem já está com a cesárea agendada. A todo tempo precisávamos interromper e perguntar: “mas, e se for parto normal? Nós queremos fazer parto normal!!” Muitas vezes ficamos sem resposta, ou apenas com um vago: “se você conseguir normal, é um pouco diferente, mas não muito”. E só. Saímos de lá emputecidos, chocados diante daquela apresentação de uma verdadeira “linha de produção” de cesáreas eletivas.

A visita à casa de saúde foi um pouco melhor (ou menos pior), já que o local era pouco procurado, por não ter alguns equipamentos (como o cardiotoco) e não ter a UTI neonatal, e o ambiente era um pouco mais acolhedor, com menos cara de hospital (porque, além do pavor que sinto de hospital, por associá-lo diretamente a doença, falta de saúde, procedimentos invasivos, funcionários burocratizados, em geral o ambiente hospitalar é extremamente inóspito, e eu, inclusive por ser arquiteta, acho que os espaços interferem diretamente nas práticas e relações sociais: assim, se o espaço era melhor, se eu pudesse escolher entre os dois ambientes, ficaria com a casa de saúde).

Só que, como mencionei antes, a Dra. Carla daquela época (porque hoje ela é outra médica, muito mais incrível: que o diga seu lindo blog, Parir é Natural) não dispensava o cardiotoco, e a casa de saúde não tinha o equipamento. Buscamos nos informar também sobre hospitais da região – Araraquara, Rio Claro e mesmo Ribeirão. Sobre esta última cidade, ficamos sabendo que a situação era pior que aqui; em Araraquara, a Gota de Leite, maternidade que desenvolvia um projeto minimamente “humanizado”, havia sido fechada. Mas, através de uma amiga grávida soubemos que o hospital da Unimed em Rio Claro tinha um quarto próximo a um PPP, inclusive com uma cama que permitia partos na vertical. Sondamos a possibilidade de termos nosso filho lá, atendidos pela Dra. Carla, mas isso não era possível devido a burocracias da Unimed. Ou seja, o cerco estava se fechando, o terceiro trimestre avançava e eu ainda não sabia onde parir.

Nesse meio tempo, um casal de amigos teve um parto domiciliar em Campinas e o maravilhamento deles quando fomos visitá-los, o desejo de falar do parto, de compartilhar o que tinham vivenciado conosco nos tocou profundamente. Era muito diferente de tudo que havíamos acompanhado nos partos de amigos até então, nunca ninguém tinha nos falado da experiência do parto daquela forma. Depois, tivemos a oportunidade de assistir ao vídeo do parto desse casal, e ficamos encantados. Era daquela forma que queríamos que nosso filho nascesse, com certeza, e aquilo já não parecia tão distante e absurdo, não era coisa de filme gringo, tinha acontecido com “gente como a gente”.

Além disso, eu, viciada que estava em relatos de parto, comecei a buscar mais e mais relatos de partos domiciliares (sempre eram os que mais me emocionavam!), até que encontrei um que foi decisivo na nossa escolha: o relato da médica GO Cátia Chuba, de seu VBAC domiciliar. Nesse relato ela enfatizava muito o processo de tomada de decisão dela e, principalmente, do marido: foi a gota d´água para que Dani embarcasse na ideia comigo, e começássemos a pensar mais seriamente na possibilidade de ter nosso bebê em casa.

Assim, a reta final foi se aproximando e o desejo de ter nosso filho em casa foi crescendo. Mas ainda tínhamos dois problemas para resolver: com quem fazer o parto, já que havíamos sondado a Dra Carla e ela disse que não toparia fazer em casa (hoje em dia ela faz!), e como viabilizar recursos para isso, já que nossa grana estava bem curta e as notícias dos custos do parto domiciliar daquele casal de amigos estava totalmente fora do nosso alcance (eles fizeram com GO e neonato, além da doula). A Vânia foi fundamental nesse momento: ela nos encorajou, dizendo que com uma parteira o custo seria menor e que certamente seria possível negociar valores e condições de pagamento, nos passando contatos e nos informando também sobre a Jamile, enfermeira obstetra da cidade que, ao que tudo indicava, começaria a fazer partos domiciliares na região.

Fiz um primeiro contato com a Dra. Betina, médica que tinha realizado o parto daquele casal de amigos, e ela foi super receptiva, mas teríamos que fazer algumas consultas em SP e, com a barriga que eu estava, me desanimei um pouco. Também fiz contato com a pediatra Ana Paula Caldas, pra saber sobre o parto domiciliar dela e obter o contato da parteira Vilma Nishi, e ela também me encorajou muito. Por fim, entrei em contato com Vilma, que também foi muito atenciosa, mas disse que estava com muitos partos no mesmo período do meu, e não gostaria de arriscar. Mas aí ela me disse que estava sabendo de uma parteira daqui, que estava decidida a fazer partos domiciliares, a Jamile! Falamos com Vânia, que confirmou a notícia, dizendo inclusive que Jamile já estava com um PD programado em Ribeirão Preto. Foi a melhor notícia do dia!

Assim, nossos contatos com Jamile começaram na segunda quinzena de fevereiro. Apesar dela ainda não ter realizado nenhum parto domiciliar até então (o primeiro estava previsto para pouco antes do meu), ela tinha uma vasta experiência em acompanhamento de partos normais (tinha sido enfermeira-chefe da maternidade), nós tivemos muita empatia com ela logo de cara, os valores cabiam no nosso bolso (e ela foi super maleável conosco) e, o melhor, ela era de São Carlos, poderíamos nos encontrar com tranquilidade até a data do parto. Alguns encontros depois e estávamos definitivamente decididos pelo Parto Domiciliar.

Essa decisão só se reforçou quando ocorreu o segundo episódio que poderia ter me tirado do caminho do parto que eu desejava. Eu estava com a defesa do mestrado marcada para 26 de março (quando eu completaria 37 semanas!), e teria uma consulta com Dra. Carla no dia 28. Entretanto, uma paciente havia parido e, com isso, um horário havia liberado no dia 25 de manhã, e minha consulta foi reagendada. Mal sabia eu o que me esperava para aquele dia!

Durante o exame de rotina, Dra. Carla fez um exame de toque e, sem me consultar, realizou um descolamento de membranas, para “incentivar” o trabalho de parto, dando início à dilatação. Na hora fiquei meio passada, não entendi o que tinha acontecido, mas depois, conversando com Dani e com Vânia, fiquei muito brava, pois, além de ser uma intervenção desnecessária, comecei a sentir contrações diferentes das que vinha tendo até então, um pouco mais doloridas, e eu estava às vésperas da minha defesa de mestrado! Além disso, achei um absurdo ela ter feito isso sem me consultar, sem nem sequer perguntar se eu queria, sem nem sequer me informar que ia fazer. Simplesmente foi lá, e fez.

Em seguida, ao auscultar os batimentos do bebê, ela percebeu alguma alteração e ficou um pouco apreensiva. Como eu estava às voltas com a apresentação para a defesa, e fui para a consulta com o estômago um pouco vazio (era perto da hora do almoço), ela me pediu para comer algo e ir até a maternidade para realizar uma cardiotocografia, para termos certeza de que tudo estava bem. Fiquei muito angustiada, em primeiro lugar pelo bebê e, em segundo, pois diversas amigas que pretendiam ter parto normal acabaram em cesáreas justamente após esse bendito exame. “Sofrimento fetal”, o diagnóstico fatal.

Eu e Dani saímos tensos do consultório, passamos numa lanchonete pra comer algo e seguimos pra maternidade. Fui encaminhada para um quarto, e uma enfermeira me conectou ao cardiotoco. Três pessoas diferentes (2 enfermeiras e um médico) vieram monitorar o aparelho, e cada uma delas falava uma coisa sobre os resultados. Após um tempo, uma das enfermeiras veio e deu aquela terrível buzinada na minha barriga. Depois de um tempo, o médico veio e, não confiando no exame da enfermeira, deu mais uma buzinada e, depois, outra ainda. Meu bebê, coitado, imagine o susto que não levou... 3 buzinadas de uma vez!!!

Mas o pior ainda estava por vir: o médico olhou o exame, disse que o bebê tinha tido uma leve alteração nos batimentos, mas nada significativo. Fiquei bem aliviada. Só que a enfermeira que veio me liberar e entrar em contato com a Dra. Carla, já tinha uma opinião diferente, de que as coisas não estavam tão bem. Ela me disse que tinha falado com a Dra., e que era pra eu ficar internada pra fazer um ultrassom. Entrei em pânico: me internar naquele hospital, sem falar diretamente com minha médica, com 37 semanas de gravidez, às vésperas da minha defesa? Olhei para o Dani, e nem precisei dizer nada: ele, até que elegantemente para os seus padrões (rá!), disse à enfermeira que não iríamos internar, que iríamos sair, almoçar, falar com nossa médica e, se fosse o caso, voltaríamos após o almoço (até porque ninguém merece almoço de hospital!!).

Dani foi fundamental nesse momento, me acalmou demais. Eu liguei para a doula, que também foi perfeita, ao me dizer: “Thaís, o que você está sentindo? O bebê está mexendo? Você está se sentindo bem? Você sente que o bebê está bem? Vai almoçar, se acalme, e tente falar com a Jamile, ela sim pode fazer uma avaliação profissional da situação”. Foi exatamente o que fiz. Almoçamos num lugar legal, me acalmei, liguei pra Jamile, que foi incrível: se dispôs a ir até minha casa olhar o resultado do exame, para me dar um parecer mais concreto. A essa altura a preparação da apresentação para a defesa do mestrado já tinha ido pro saco, e eu já começava a ter a dimensão da transformação que a maternidade traria para minha vida. Primeiro o bem estar do meu filho, depois todo o resto.

Logo depois do almoço Jamile foi até minha casa, me examinou, analisou o resultado do exame e me tranquilizou, dizendo que o cardiotoco é um equipamento muito controverso, que dá muito falso positivo. E, mais: feito da forma que foi, com 3 buzinadas consecutivas, o resultado se tornava menos confiável ainda. Ela interpretou o pedido de internação da Dra. Carla como uma tentativa de averiguar rapidamente a situação, através de um ultrassom, já que, se eu fosse realizar fora da maternidade, dificilmente conseguiria agendar para o mesmo dia, a menos que a Dra Carla conversasse em alguma clínica.

Ela estava certa: quando finalmente consegui falar com a Dra. Carla, ela confirmou que a ideia era essa, que sem o pedido de internação eu não conseguiria realizar a ultra. Perguntei se ela não poderia interceder em alguma clínica e ela disse que não, mas que ela considerava imprescindível que eu realizasse um ultrassom naquele dia, fosse na clínica ou na maternidade. Liguei na maternidade pra saber se eu ainda conseguiria fazer lá, caso me internasse, e soube que eu teria que passar a noite lá, para fazer a ultra no dia seguinte. Nas clínicas, nenhum horário.

E mais uma vez Jamile entrou em cena: disse que, apesar de considerar que estava tudo bem, eu deveria fazer o ultrassom para poder ir tranquila para a defesa. Ela ligou pessoalmente numa clínica, intercedendo por mim, e acabou conseguindo a consulta para o fim daquele dia. Bom, pra encurtar a história, já que esse relato tá parecendo um livro, desencanei da apresentação pra defesa (decidi fazer na cara e na coragem, sem powerpoint e o escambau), fiz a ultra quase nove horas da noite e, CLARO, estava tudo ÓTIMO comigo e com o bebê. Tudo na mais santa paz. UFA, de novo.

Mestrado defendido com louvor, contrações e piadinhas da banca (que, thanks god, era toda composta de mulheres e todas mães!), e no fim da semana fizemos aquela que seria a última consulta com a Dra. Carla. Logo de cara coloquei minhas questões quanto àquela intervenção e ela, super atenciosa como sempre, me ouviu atentamente, disse que nunca havia ocorrido a ela perguntar à paciente antes, já que ela considerava aquilo uma “intervenção de rotina” para a parturiente que desejava parto normal, pois “aceleraria” o TP, e se desculpou ao final. Além disso, nessa consulta ela me perguntou se eu queria que fizesse um novo toque, para verificar a dilatação, eu disse que não, e ela respeitou.

Também conversamos sobre a confusão do cardiotoco e, ao ver o exame (que até então ela não tinha visto, só ouvido falar pela enfermeira da maternidade) ela chegou à mesma conclusão que a Jamile, com um adendo de que eu tinha “dado azar” de pegar uma equipe ruim na maternidade, porque existiriam outros profissionais melhores lá, e ela tinha ficado desconfiada do resultado também por conta disso (já pensou parir lá e dar esse “azar”? Nem morta). Mas, novamente, me fazendo rever todos os meus conceitos sobre a suposta onipotência médica, ela me pediu desculpas, disse que estava numa semana atribulada, e que tinha havido uma falha em nossa comunicação, que ela poderia ter deixado as coisas mais claras para mim, de modo que eu não me assustasse com o pedido de internação, e mesmo pudesse optar por ir fazer a ultra em outro lugar. Achei essa atitude dela fantástica.        
                                                                                                         
Nessa mesma consulta, ela ainda ponderou, dizendo que nossas expectativas em relação ao parto eram altas, e que ela sabia das limitações da maternidade daqui (e que todo esse ocorrido era apenas uma amostra da situação). Disse também que ela, como médica, nessas condições, não conseguiria nos dar o parto que tanto desejávamos, e sugeriu que devíamos fazer mesmo com a Jamile, que ela confiava nela de olhos fechados, que certamente não teríamos problema. Mas, pra fechar com chave de ouro, ainda se colocou à disposição para ficar na retaguarda, caso precisássemos ir para a maternidade. Fiquei muito feliz com esse desfecho, e tive certeza de que tinha escolhido a médica certa, apesar dos percalços que tivemos no caminho.

Depois dessa história toda, eu já estava entrando na 38ª semana, me encontrando e/ou conversando por telefone frequentemente com Jamile e com Vânia, continuando minhas práticas de yoga e hidroginástica, e finalizando todos os preparativos para a chegada do bebê. Nessa reta final, fizemos - eu, Dani e Vânia - uma oficina com Katrina, minha professora de yoga, para conhecer e experimentar posições de alívio para o TP, e isso foi bem legal para irmos “entrando no clima” (em especial para Dani sacar a importância do seu papel na hora do TP) e também para nos sintonizarmos ainda mais com a doula.

Desde que havíamos tomado a decisão, vínhamos tentando conversar sobre parto domiciliar com pessoas de nossas famílias e com amigos, mas a receptividade sempre era muito ruim, e acabamos decidindo não contar a ninguém sobre nossa escolha: somente quem sabia, além dos envolvidos diretamente, eram nossa GO, minha homeopata (que já havia me receitado gotinhas PPP – rá! -  que foram fundamentais!!), a Rosa (minha amiga e prima do Dani) e a Ana, a amiga que tinha tido o PD em Campinas. Se, por um lado, isso era um pouco angustiante, por outro, não queríamos interferências indesejadas, palpites e energia negativa sobre nossa decisão.

A partir de então, passei a ter aquela sensação de que o trabalho de parto poderia se iniciar a qualquer momento, mas nem tive tempo de ficar ansiosa com isso...

RELATO DO PARTO DE CAIO - PARTE I


[Valeu meninas, pelo estímulo no post anterior. A ideia não era fazer um suspense, mas apenas introduzir uma sequência de posts que talvez não sejam dos mais atraentes... Aproveitando a deixa, esclareço que esse relato foi escrito ao longo desses anos, boa parte no primeiro ano do nascimento do Caio, e outra boa parte agora. Pode conter visões contraditórias, por isso, mas tá valendo. Mas chega de preâmbulos, vamos à primeira parte do relato: ] 

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Não me lembro bem quando “descobri” o parto normal. Cesáreas sempre fizeram parte da minha vida. Desde pequena via, a cada verão na praia, minha mãe se preocupando em esconder a cicatriz de meu nascimento e de minhas duas irmãs. Quando minhas primeiras amigas engravidaram, o tema do parto normal tornou-se recorrente para mim, pois era a maneira que quase todas pretendiam ter seus filhos. Todas, sem exceção, tiveram seus filhos através de cesáreas. Alguns anos depois, pouco antes de eu engravidar, duas amigas mais próximas tiveram seus filhos por parto normal: era a primeira vez que acompanhava mais de perto nascimentos que não fossem por cesáreas, e um deles havia sido na França... Então engravidei: e desde o início eu sabia que queria e teria um parto normal. Mas não sabia o caminho que teria que percorrer para conquistá-lo da forma como desejava...

A descoberta da gravidez e do vasto universo do parto humanizado

2007 foi um ano especial. Ano em que completei 30 anos, em que eu e Dani passamos a conversar mais seriamente sobre ter um filho. Eu prorroguei a ideia por um tempo, pois estava fazendo mestrado e meu prazo se esgotava em março de 2008. Fizemos uma linda viagem pela América Latina em maio, e a vontade começou a se tornar mais concreta: este ano engravidaríamos, mas não poderia nascer antes do mestrado... Tempo vai, tempo vem, e tudo acontece no seu devido tempo: em setembro me descubro grávida... e eu achando que estava com problemas no fígado, pois havia tomado uma cervejinha e passado mal... Poucos dias antes de descobrir eu havia ido ao ginecologista, porque estava com dores nas mamas, e ele me pediu uma mamografia... não deu nem tempo de fazer, logo descobri que as tais dores eram um bebê a caminho!!! (belo médico esse...)

Pois bem, descoberta a gravidez, alegria total, fomos, eu e Dani, nos consultar com o tal médico, afinal, ele era meu médico há tantos anos... A única coisa que combinamos de conversar com ele: dizer que pretendíamos ter parto normal, pois eu já sabia que ele não era dos mais “adeptos”. Na consulta, além da objetividade médica que impõe uma cortina de gelo entre o médico e seu paciente, algumas gracinhas pra dar um tom de bacana e uma resposta: “o tipo de parto só dá pra decidir no final da gravidez, na hora h, não adianta você ficar se preocupando com isso agora”... Dani olhou para mim e não precisamos falar mais nada. Estava decidido, procuraríamos outros médicos.

Através de Rosa, uma grande amiga (prima de Dani) que não estava grávida, mas envolvida com círculos de mulheres, “tendas vermelhas” e coisa e tal, eu já havia tomado contato com o site amigasdoparto.org e através dele fui rapidamente descobrindo o universo do “parto humanizado”, as doulas e etc, que até então eu só tinha ouvido falar através de uma ou duas amigas que haviam pretendido um parto humanizado e acabaram tendo cesáreas.  Mas esse universo me parecia tão distante, concentrado em capitais como São Paulo, Rio e BH... Se já me parecia quase impossível que eu tivesse um parto normal em São Carlos (dado o histórico de cesáreas de amigas e conhecidas), que dirá humanizado... Doulas por aqui? Nunca tinha ouvido falar.

Mas como o “universo conspira a nosso favor”, através daquele primeiro site cheguei ao amigasdoparto.com.br e de lá para os sites do Gama, do Doulas do Brasil e da Parto do Princípio foi um pulo. E então, uma surpresa incrível: este site indicava um grupo de apoio em São Carlos, coordenado pela psicóloga Vânia Bezerra (que na época ainda não tinha esse blog que eu adoro)!! Nem acreditei...

Em setembro mesmo comecei a fazer contato com ela e, paralelamente, “mergulhei” no mundo virtual do parto humanizado, entrando nas listas partonosso e abcdoparto. Descobri termos como tricotomia, enema, episiotomia, ocitocina, cardiotoco, seus significados e o que representavam em um parto. Descobri os relatos de parto, planos de parto e as inúmeras variações do parto normal, do mais medicalizado ao mais natural. Descobri que era possível ter um parto em casa, algo que eu nem sonhava. Essa ideia me tocou desde o início, mas me parecia loucura demais para um primeiro parto. Além disso, Dani, filho e irmão de médicos, de cara achou bastante estranha a ideia.

[Aqui, uma pausa. Nesse momento, cerca de um mês após ter descoberto a gravidez, enviei à lista partonosso um email intitulado “os maridos e o pd” que gerou um bom debate, e me cutucou para não desistir de cara da ideia. Reproduzo abaixo o email e a resposta da Ana Cris – que foi uma das que mais me cutucou. Quem estiver sem saco, pula essa parte! Rá!]

Vendo essa mensagem [mensagem enviada por outra mulher sobre parto domiciliar] percebi que não é só o meu marido que encana com o parto domiciliar... parece que acontece com mais frequência que eu pensava... Eu estou apenas na 14 semana de gestação, quero MUITO ter um parto normal, encontrei uma médica muito boa na minha cidade (São carlos), a maternidade da Santa Casa parece que vai ser reformada em novembro com instalação de banheiras para parto na água, mas eu também tenho pensado bastante no PD, ainda mais depois de descobrir um caso aqui na minha cidade, algo bem raro, eu acho... Mas ao mesmo tempo a maioria dos relatos de parto domiciliar que li sempre são no segundo ou terceiro parto, ou ainda depois de uma cesária... Me sinto também um pouco insegura de investir em parto domiciliar na primeira gravidez...
Podemos trocar umas idéias sobre isso??
bjocas
thaís

Thais, porque é que você imagina que tem tantos casos de parto normal depois de cesárea no domicílio? Afinal essas mulheres são ainda mais "perigosas" do que uma primigesta. Elas não só não pariram anteriormente, como tiveram uma cesariana e portanto têm o risco de ruptura uterina.
Porque será que justamente essas mulheres são as que acabam fugindo do hospital e indo parir em casa?
Bjs
Ana Cris

[Despausa]

Enquanto isso, eu também buscava informações sobre os obstetras da cidade, para iniciar o acompanhamento. Através da Vânia descobri a Dra. Carla, que segundo ela era uma das que mais faziam partos normais em São Carlos. Marcamos uma consulta com ela e com mais dois outros médicos da cidade, também conhecidos por realizarem alguns partos normais. Logo na primeira consulta com ela, o centro da conversa foi o parto normal, as perspectivas na cidade, as opiniões dela sobre o assunto. De cara ela nos falou sobre seu projeto de implantar um quarto PPP na maternidade, que provavelmente estaria pronto na época do meu parto! Saí maravilhada e convencida que tinha encontrado a médica que eu tanto procurava. Acabei cancelando as consultas que tinha marcado com outros médicos, pois preferia ser acompanhada por uma mulher, e isso se repetiu ao longo de toda a gravidez, quando fui cada vez mais me cercando de cuidados femininos...

Como meu ciclo menstrual estava bem desregulado antes de engravidar, e não fazíamos ideia de quando nosso filhote havia sido concebido, Dra. Carla pediu um primeiro ultrassom, para calcular melhor a idade gestacional. Pela data da última menstruação, eu estaria grávida de cerca de 7 semanas, não veríamos nada na ultra, apenas os batimentos do coração. Entretanto, ao começar o exame, um susto, e uma grande emoção: já podíamos ver o bebê!!! Nossa, que incrível foi esse momento, eu e Dani parecíamos duas crianças, tamanha nossa alegria, nosso abestalhamento... Foi inesquecível. Na verdade eu estava mais grávida do que pensava, com cerca de 11 semanas... Demoramos a descobrir a gravidez porque eu cheguei a menstruar já grávida, e tudo o que eu sentia nesse início eram dores no seio, sono, emotividade aflorada e muita vontade de fazer xixi, “sintomas” que, como marinheiros de primeira viagem, não tinham para nós ligação entre si e, muito menos, com gravidez...

Na verdade, fomos percebendo cada uma dessas características aos poucos, e foi o Dani que intuiu minha gravidez: “você está tão manhosa, tão chorona... tô achando que você está grávida... vamos fazer o teste?” E eu: “não, tem que esperar atrasar a menstruação pelo menos uma semana para fazer o teste, e como meu ciclo está todo desregulado, temos que esperar mais um pouco”. Mas, nesse momento, eu já sabia que estava grávida. Ele tinha matado a charada. Era uma sexta-feira. À noite, ele foi para a capoeira e eu fiquei sozinha em casa, e não aguentei: “acho que tem algum teste que dá pra fazer antes de uma semana de atraso...” Fui pra farmácia, e comprei o teste mais baratinho, que teoricamente já daria resultado com apenas um dia de atraso da menstruação. Voltei pra casa, fiquei em dúvida se fazia o teste antes do Dani chegar, mas resolvi fazer: duas listrinhas cor de rosa, não acredito, é verdade!!! Tô grávida mesmo, será que dá pra confiar nesses testes?? Mal eu acabei de fazer o teste, e Dani chegou, olhou minha cara que misturava dúvida, espanto e felicidade, já ficou desconfiado, e não conteve a emoção quando eu mostrei o teste positivo... Me abraçava, e eu ainda não estava acreditando, fomos à farmácia e compramos outro, do mais caro (rá!) - foi uma sensação tão engraçada, chegamos até a comentar no dia, nós dois indo juntos, de mãos dadas, até a farmácia, comprar um teste para confirmar o que os dois já tinham certeza, cheios de uma alegria tão leve... - e, batata, positivo!!!! Comemoramos, embasbacados, mas nesse dia não contamos a ninguém: queríamos a confirmação definitiva. No dia seguinte, logo cedo, fomos fazer o exame de sangue, e aí sim nos “liberamos” para gritar, chorar, pular, e contar pra todo mundo: estamos grávidos!!!!!!!!!!!!!

A gravidez: uma espera muito ativa e bem acompanhada

Trabalhei muuuuuito durante a gravidez, já que, além do mestrado, estava envolvida em vários projetos profissionais. No último trimestre, desacelerei o ritmo dos projetos para me concentrar em finalizar o mestrado a tempo (meu prazo era março, e o bebê estava previsto para abril, imaginem a tensão!). Fiz uma bela viagem para Salvador com Dani e mais um casal de amigos no início de janeiro, aproveitei pra relaxar muito, pois sabia que em seguida seriam dias e dias de bunda na cadeira pra terminar de escrever a dissertação. Lá percebi o quanto a água me fazia bem, e na volta entrei na hidroginástica. As aulas de hidro, as práticas de yoga e os banhos eram meu momento maior de conexão com o bebê. No resto do tempo, a corrida pra dar conta de tudo, já que, entregue a dissertação, teríamos cerca de um mês e meio (se o bebê nascesse na DPP) pra transformar o escritório em quarto de bebê e acabar todos os preparativos para recebê-lo. Sinceramente, olhando hoje não sei como dei conta!

Apesar dessa loucura toda, minha gravidez correu muito tranquila do início ao fim, meu corpo correspondendo às minhas expectativas e eu me dedicando muito para mantê-lo ativo, para que as transformações nele fossem sendo vivenciadas etapa a etapa, tentando controlar a ansiedade, as inseguranças e os medos que permeiam o imaginário das grávidas. A prática da yoga foi fundamental nesse sentido, bem como a leitura do livro Parto Ativo, recomendado pela minha doula, o acompanhamento quase diário no livro A Bíblia da Gravidez, que ganhei de minha cunhada e a participação (mais como ouvinte) nas listas de discussão.

A única coisa que não correspondia em nada às minhas expectativas eram minhas emoções. Afe! Ao longo de toda a gestação meu grande desafio era conciliar todas as transformações e descobertas da gravidez com meu trabalho, meu mestrado, minha vida conjugal. Por inúmeras vezes me via perdida entre tudo isso, sem foco, com vontade de parar tudo e só curtir a gravidez, mas era impossível. Dani quase surtava com minhas alterações de humor, crises de choro e pitis inesperados. Mas o fato de termos uma doula ajudou muito nesse sentido: com ela eu conversava, desabafava, tirava minhas dúvidas.

Durante a gravidez eu e Dani nos encontrávamos com ela para conversar e, na maioria das vezes, assistir a filmes sobre parto, fundamentais para que pudéssemos formar nossa ideia de parto, pensar sobre o que queríamos para o nascimento do nosso filho, questionar o padrão que já conhecíamos tão bem. Assistimos com ela os filmes Nascendo no Brasil, BirthDay, O Sagrado, Birth as we know it, entre outros... Uma enxurrada de novas informações e realidades de parto que foram fundamentais em nossas escolhas. Hoje sei que foi a Vânia, através da apresentação do filme Birthday, que fez brotar em mim a semente do parto domiciliar, quase como uma picada da mosca azul. Mas marido ainda era muito reticente. Fui deixando a história pra lá.

As conversas com nossa médica também eram ótimas para nos tranquilizar e, ao contrário do que faz a maioria dos médicos, ela nos acolhia muito bem em nossos questionamentos sobre parto, sempre franca e objetiva. Entretanto, apesar de já estar com um pezinho na humanização, Dra. Carla ainda não tinha mergulhado de cabeça, e nossos desejos começaram a se chocar com seus limites, como ela mesma nos disse em uma consulta. Em nossos questionamentos sobre as intervenções, ela sempre deixou muito claro que dispensava o enema e a tricotomia, mas fazia episio, considerava o cardiotoco um equipamento indispensável – o que eliminava a possibilidade de parirmos na casa de saúde, um ambiente mais acolhedor - e só fazia partos na posição deitada, várias limitações para o parto ocorrer como eu gostaria. Além disso, com o passar dos meses ficou evidente que o projeto de implantação do quarto PPP na maternidade não aconteceria a tempo para o meu parto, o que me desanimou bastante.

Vale dizer que, apesar de ter tido um atendimento que considero diferenciado pro que havia na cidade naquele período, dois episódios poderiam ter posto à prova minha vontade de ter o parto normal. Um deles ocorreu logo nas primeiras consultas, quando, ao medir minha pressão, Dra. Carla constatou que ela estava alta e, somando isso à informação que eu já havia passado a ela de que minha mãe tinha pressão alta, e que tinha descoberto durante o período em que esteve grávida de mim (a indicação da primeira cesárea dela foi essa), ela ficou bastante apreensiva, e me deixou também. Registrou na minha carteira de pré-natal: “hipertensão crônica”, me pediu que passasse uma semana indo uma ou duas vezes por dia, em horários variados, medir minha pressão na maternidade ou na unimed e me receitou um remédio para pressão. Imaginem meu pânico. Mas fiz a medição direitinho (um saco) e agendei uma consulta com minha homeopata, pois não iria tomar nenhum remédio sem antes falar com ela, que me tranquilizou dizendo que eu não tinha histórico de pressão alta (ela já me acompanhava há quase três anos), que poderia ter sido um episódio isolado. Descobri também que muitas grávidas tinham a “síndrome do jaleco branco” e achei que poderia ter sido o meu caso naquele dia. Enfim, todas as medições indicaram pressão normal, não tomei o remédio e, após mais algumas consultas, Dra. Carla riscou o diagnóstico de minha carteira. Ufa.


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

RELATOS DE PARTO: SENTA QUE LÁ VEM HISTÓRIA!

A blogosfera materna é cíclica: em alguns momentos um assunto está em alta, depois some, depois reaparece. Alguém faz um post instigante, outras resolvem abordar o mesmo tema, e as experiências vão se somando, se multiplicando, engrandecendo os pontos de vista. Eu adoro isso.

Recentemente, o tema "parto" esteve em pauta em vários blogs: a Nine fez um super revival do seu processo, a Mari postou o relato de parto do Lucas e alguns adendos, a Anne resolveu cutucar suas feridas, a outra Mari decidiu expôr suas experiências, a Lia realizou seu PD e fez um post super explicativo sobre este tipo de parto, a Dani fez um bem bolado de suas opiniões sobre parto, e por aí vai.

Nesse meio tempo, eu resolvi retomar o relato inacabado do parto do Caio, seja porque o movimento cíclico me pegou; seja porque a Lia me deu um puxão de orelha; seja porque a Nine me disse que gostaria de lê-lo antes de parir o segundinho; seja porque eu comecei a fazer o relato do parto do Nuno, mas a culpa me impedia de avançar por não ter finalizado o do Caio; seja porque eu me prometi váááárias vezes que iria terminar, e sempre procrastinei; seja porque perdi o timing de escrevê-lo antes de minha irmã parir, mas agora tenho algumas pessoas queridas grávidas no entorno... enfim, meti a cara e terminei o bendito.

O bichinho ficou enooorme. Vocês já sabem, quando pego pra escrever, a coisa vai, sou prolixa. Mas não é só isso. Meu primeiro parto não foi algo trivial, que aconteceu porque tinha que acontecer, ou que eu já sabia como seria desde o início. Foi um longo processo, uma dura caminhada (dura mesmo, foram várias batalhas, internas e externas!), e o relato registrou bem isso. Não foi fácil ter o parto que eu desejava (infelizmente, pois assim deveria ser). Mas valeu a pena.

De modos que o relato acaba sendo, em primeiro lugar, um registro para nós mesmos, os envolvidos, nos lembrarmos sempre dessa experiência tão incrível que vivenciamos. Em segundo lugar, um retorno daquilo tudo que recebi lendo tantos e tantos relatos net afora: eu sentia que tinha essa dívida, de compartilhar com outras pessoas a minha experiência, pois talvez ela possa ser decisiva na escolha de alguém, como tantos relatos foram na minha. Por fim, vão se transformar em posts desse blog: por isso, talvez fiquem longos demais, estranhos, chatos de ler. Mas espero que encontrem uma ou outra leitora com paciência para acompanhar a jornada até o fim.

Então, senta, que lá vem história. Amanhã ou depois posto a primeira parte da saga.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A VOLTA


Você sente que seu filho curte a escolinha quando, depois de 10 dias fora, grudadinho com papai, mamãe, irmão e vovó, ele acorda na primeira manhã em casa e, feliz e contente, segue pra lá sem nem olhar pra trás. E, pra completar, volta dizendo que o dia "foi delícia, mamãe!".

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[E, pra me animar nessa volta virtual, nada melhor do que ganhar o meu primeiro sorteio na blogosfera!!! uhuuuuuu!!!]