domingo, 23 de novembro de 2008

A MATERNIDADE E A PATERNIDADE 1



Desde que o Caio nasceu, uma reflexão que me rondava durante a gravidez virou quase uma certeza: como é importante o equilíbrio masculino/feminino para o bebê (e para a mãe)! Falo, aqui, a partir da minha experiência, convivendo com um pai super presente e participativo como o Dani.

As visões e vivências femininas e masculinas da maternidade/paternidade são muito diferentes. Isso fica a cada dia mais evidente para mim, e não é fácil lidar com essa diferença.

Como mãe, me vejo muito preocupada em acertar, muito atenta aos mínimos detalhes e quase que "obcecada" por construir uma rotina com o Caio. E muitas vezes me sentindo culpada por achar que não estou fazendo o melhor, porque tive que levá-lo para uma reunião de trabalho quando ele deveria estar em casa, ou porque estava na rua na hora em que ele devia tirar uma soneca...

Já o pai... sua maior preocupação é curtir o filhote, sem muitas rédeas, sem ficar "aprisionado" a uma rotina... Fazer as coisas quando acha que é o melhor momento, quando está a fim, sem se apegar muito a horários e sequências. Se passou da hora de comer, tudo bem, come mais tarde. O filhote dormiu na hora de tomar banho, paciência, fica sem banho hoje.

Sem dúvida, é um jeito muito mais leve de encarar esse momento. Entretanto, isoladamente, ele não funciona. Por outro lado, o risco de virar um stress minha tentativa de construir uma rotina é grande. Sem contar que, como bem disse a Denise Fraga num ótimo texto na revista Crescer, corro o risco de adquirir um "calo de mãe" e me tornar autoritária em todas as esferas da vida.

Vira e mexe o maridão alerta: "Você está acelerando..." É a senha para me dizer que estou passando do ponto, que estou me deixando levar demais pela rotina e perdendo a oportunidade de curtir mais cada situação, sem que tudo esteja absolutamente programado e encadeado. Em outros momentos, é minha vez de puxar a orelha e alertar para a necessidade de um passeio gostoso em família, para o sono do pequeno, ou para a hora de comer.

Nem sempre esse equilíbrio funciona. Muitas vezes, a balança pende para um dos lados. Em várias delas, o tal "calo de mãe" (mesmo que de mãe recente!!) aparece, e eu preciso mesmo parar, tirar o peso das costas e deixar as coisas fluirem a seu tempo. E nessas horas agradeço por ter ao meu lado um excelente companheiro de gangorra, que me ajuda a seguir mais leve nos altos e baixos da jornada.

Imagem: http://www.gettyimages.com.br/

AQUELE QUE TRAZ ALEGRIA



Dia desses, na lista de mães que participo, começamos a conversar sobre a escolha do nome dos nossos filhotes. Foi muito bom lembrar do modo como decidimos que nosso pequeno se chamaria Caio, uma das decisões mais difíceis que já tive que tomar. Decidir o nome de alguém, que o definirá por toda a vida... uma responsabilidade e tanto. Mas o caminho que eu e Dani adotamos para tomar a decisão acabou rendendo uma boa história, além de ter sido a escolha mais perfeita, totalmente adequada à personalidade de nosso filho.

Desde muito tempo antes de engravidar, eu sempre pensava muito em nomes de menina. Talvez por ter crescido em meio a muitas mulheres, sempre me imaginava mãe de menina. Descobrir que estava esperando um menino foi uma surpresa boa, uma novidade, e eu não consegui imediatamente começar a pensar em nomes.

Quando eu e Dani começamos a conversar, eram poucos os nomes com os quais os dois se identificavam. Na verdade, estranhamente, nem conseguíamos conversar muito sobre o assunto, parecia que precisávamos ver a carinha dele para decidir... Nesse processo, tínhamos em comum o gosto por dois nomes: Téo e Caio. E esses dois foram indo a gravidez toda, nós simplesmente não conseguíamos decidir. Todos perguntando, aquela pressão, e nada de decidirmos. Até no chá de bebê saiu no convite: "chá do bebê"...

E assim foi até o dia do parto... nosso bebê nasceu em casa, mamou logo depois que o pai cortou o cordão umbilical, e ficou grudadinho comigo, até iniciar-se o processo de expulsão da placenta. Nesse momento, Dani pegou o Caio (que ainda não tinha nome) para que ele não ficasse ali durante esse processo (pois fiquei bastante incomodada... minha placenta demorou quase 50 min para sair... e ainda tive que dar uns pontinhos na laceração...). Finalizada essa etapa, Dani voltou com ele para o quarto, e ficamos só nós três, deitadinhos em nossa cama, em silêncio, embriagados pela emoção... Então, olhei para o Dani e falei: "agora temos que escolher o nome..." E ele, com uma risada marota, apontou para o filhote e disse: "ele já escolheu..." Enquanto haviam ficado a sós, Dani conversou com o pequeno, pronunciou os dois nomes, e, ao falar Caio, ele se manifestou de alguma forma... Estava escolhido, então!! Não tivemos mais dúvida nesse momento. E hoje temos certeza de que foi o nome mais acertado pra ele - Caio significa feliz, contente, aquele que traz alegria - e o nosso pequeno é tudo isso mesmo!

Então foi assim... um nome escolhido com muito cuidado, muito amor, que irá acompanhar nosso filhote por toda a vida e, de quebra, ainda com essa história bacana...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

LÁ VÊM OS DENTES


... temos dentinhos a caminho! Já é possível sentir as pontinhas dos dentes quando passamos o dedo na gengiva do meninão... isso explica muita coisa...

domingo, 16 de novembro de 2008

QUANDO RELAXAR É A MELHOR SOLUÇÃO



Caio ainda não curtiu a idéia de descobrir novos sabores: só quer saber de peito e pronto. Água, vá lá. De vez em quando um chazinho de ameixa, que o intestino está preso desde que saiu da amamentação exclusiva. Mas as frutas, sucos e papas... hummmm... está lento o processo.

Essa semana achei que ia engatar uma primeira: depois de dois dias experimentando com mais gosto frutas e papinhas salgadas, na quarta feira ele comeu todo o mamão amassadinho que coloquei no prato, abriu um bocão pra comer a papa no almoço e ainda tomou um pouco do suco de pêra à tarde. E pra completar, fraldona lotada no fim da tarde. Terminei o dia feliz, feliz - incrível o poder que eles têm de mexer com nossas emoções.

Mas, no dia seguinte... começou a sequência "birra com a colher". Olhava a colher - de qualquer coisa, não importava o cheiro, a cor, o sabor ou a textura - e virava a cara, fechava bem a boca, não queria mesmo. E, em paralelo, começou a dormir pior à noite, a acordar mais que o normal, a querer mamar muuuuuito de noite... E eu ansiosa, me sentindo a pior das mães - ô culpa maldita que nos acompanha! -, pensando o que eu estaria fazendo de errado, inconformada.

E assim foi até hoje, quando resolvi relaxar. Segui o conselho da minha - sábia - mãe e dei um tempo nas comidas de colher. Acordamos hoje bem tranquilos, dei "mamá" a hora que ele quis, tirou a sonequinha da manhã, e quando acordou ofereci - despretensiosamente - o chá de ameixa (já que ele há três dias não me brinda com um dos grandes prazeres maternos, a fralda suja de cocô!) e... ele aceitou! Ficou brincando com o copinho, e foi que foi (com a ajuda mais que especial do tio Rafa)! Continuamos nesse clima relax, sem forçar a barra com comidas, mamando à vontade e, à tarde, depois de mais uma sonequinha conjunta com a mamãe, ofereci meio como quem não quer nada um suquinho de laranja lima com mamão... e ele tomou quase tudo (dessa vez com a super participação da tia Flá)!!!

Fim do dia alegre pra mamãe de novo, depois de três dias assim meio frustrada... E a certeza de que esses danadinhos estão antenados em tudo, sentem nossas ansiedades, se ligam muito nas pressões e adoram quando a gente relaxa e deixa a vida fluir no tempo deles...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

ESPECIAL PARA O PAPAI




... para dar água na boca do papai que está longe, imagens do pequeno que começa a descobrir o mundo com suas próprias pernas ...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O SEU OLHAR*



O seu olhar lá fora
O seu olhar no céu
O seu olhar demora
O seu olhar no meu

O seu olhar
seu olhar melhora
Melhora o meu

Onde a brasa mora
E devora o breu
Como a chuva molha
O que se escondeu

O seu olhar
seu olhar melhora
Melhora o meu

O seu olhar agora
O seu olhar nasceu
O seu olhar me olha
O seu olhar é seu

O seu olhar
seu olhar melhora
Melhora o meu

... nada como olhinhos negros e brilhantes que nos despem a alma para tornar tudo assim tão leve e ao mesmo tempo tão profundo ...

* música: Paulo Tatit/Arnaldo Antunes

AS MÃES E OS BLOGS

Resolvi criar um blog. E aqui está.
Nunca tinha acompanhado blogs, até virar mãe. Então descobri todo um universo de mães blogueiras, mamíferas internautas que compartilham reflexões e experiências. E me inspirei. São tantas, e tão intensas as transformações vividas a partir da gestação e do nascimento de um filho, que inevitavelmente começam a transbordar: senti necessidade de expressar tudo isso em palavras, e achei que um blog seria um bom lugar para isso. Quem sabe uma possibilidade de, também, compartilhar as minhas reflexões e experiências, acertos e erros de uma mãe de primeira...

[sem contar que será uma forma bacana de vovôs, vovós, tios, tias e amigos distantes acompanharem um pouco das novidades da nossa familinha!]

terça-feira, 11 de novembro de 2008

TEM DIAS QUE EU CHORO*


Sempre fui uma pessoa sensível, em muitos momentos à flor da pele mesmo, para o bem e para o mal (como por exemplo na TPM). Mas a maternidade revirou minha sensibilidade de cabeça pra baixo. E não falo aqui só das alterações hormonais, etc. e tal, que meu marido adora invocar nos meus momentos mais críticos (!), mas de um aguçamento, uma depuração diária dessa sensibilidade, a partir do contato com meu filhote, hoje com seis meses.

O período da minha gestação foi repleto de emoções as mais diversas, chorei e ri com intensidades nunca antes experimentadas. Obviamente detonadas pelas alterações hormonais, a vivência dessas emoções foi muito além delas, e fizeram desse período um dos mais prazerosos desses meus trinta e um anos.

Assim, no meio desse turbilhão, ficava imaginando como seria no dia do parto, me via chorando copiosamente após o nascimento do meu pequeno. Mas isso não aconteceu: após a avalanche de sensações físicas, mentais, espirituais vividas durante o parto mais-que-perfeito que tive, a partir do momento em que meu filho nasceu a plenitude foi tamanha que eu não chorei. Uma serenidade tomou conta de mim, só conseguia sorrir e mirá-lo sem parar. Não derrubei uma lágrima. Ali senti o quanto a maternidade mexeria com minha sensibilidade, mais do que eu poderia imaginar, muito mais do que o que eu já tinha vivenciado durante a gravidez.

Meu filhote nasceu numa segunda-feira de madrugada, meus pais e sogros vieram nos ver após o almoço e, no fim do dia, quando todos se foram e eu me vi sozinha com ele em meus braços, amamentando-o como se sempre tivesse feito aquilo, pela primeira vez eu chorei. Olhava para aquele ser tão pequenino e chorava, lembrava dos momentos intensos vividos durante o parto e chorava, sentia um amor maior que tudo me invadir e chorava, chorava, chorava e sorria incontrolavelmente. Nunca tinha me imaginado capaz de uma emoção tão intensa, tão avassaladora. Aquilo me tomava o fôlego de uma tal forma, experimentava uma sensação de felicidade tão grande, que era como se eu estivesse dopada.

Essa sensação me invadia quase todos os dias durante o primeiro mês de vida do meu filho. Bastava termos nosso momento a sós, olho no olho, pele com pele, e eu chorava e sorria sem parar novamente. Ao contrário da depressão pós-parto, tão comentada, eu tive um surto de felicidade pós-parto (esse sim deve ser difundido!), um encantamento que fazia com que as dificuldades naturais desses primeiros momentos da maternidade parecessem pequenas. Por várias vezes, racionalizando essa sensibilidade contraditória, em que choros e risos se confundiam, lembrava das brincadeiras nas listas de discussão sobre a bendita ocitocina, e imaginava que minha produção devia estar nas alturas...

Aos poucos, fui me acostumando com essa nova sensibilidade que despertou quando a mãe dentro de mim nasceu. Olhares, toques, embalos, carícias, cuidados, brincadeiras, cantigas foram canalizando toda essa emoção, e eu já não choro tanto... Mas vira e mexe me pego olhando para aquela coisinha, lembrando de tudo que passamos juntos ao longo dos nove meses de gestação, do nosso trabalho conjunto para que ele viesse ao lado de cá do mundo, vejo aqueles olhinhos me encarando, aquelas mãozinhas me acariciando... e choro... choro mesmo, como criança... sinto a mesma emoção me invadir, com a mesma intensidade.

Meu marido acha graça. Ele é parte de toda essa emoção, ele sim chorou no momento do nascimento, mas não consegue imaginar o que seja essa sensibilidade tão intensificada. Mas vejo um sorriso bonito no seu rosto quando me flagra num desses dias a chorar. E quando isso acontece, lembramos do quanto nos empenhamos para trazer nosso filho ao mundo da forma mais humanizada possível, do quanto nos unimos para transformar em realidade um ideal de nascimento que fomos construindo juntos ao longo dos nove meses de gestação, e compactuamos na certeza de que toda essa sensibilidade aflorada de modo tão intenso e tão feliz tem relação direta com nossas escolhas, conquistas e vivências em relação à gestação e ao parto. E que essas mesmas escolhas, conquistas e vivências direcionaram irremediavelmente nosso modo de ver, pensar, sentir, vivenciar a maternidade – e a paternidade – como um todo, ainda que tenha dias que eu chore, e ele ria...

* texto publicado no blog Mamíferas, em outubro de 2008, como "mamífera convidada".